PM é absolvido pela morte do campeão mundial de jiu-jítsu Leandro Lo após três dias de julgamento em SP
Após três dias de julgamento, o policial militar Henrique Velozo foi absolvido nesta sexta-feira, em São Paulo, pela morte do campeão mundial de jiu-jítsu Leandro Lo, 33 anos. O crime ocorreu em 7 de agosto de 2022, dentro do Clube Sírio, em Indianópolis, Zona Sul da capital, durante um show. O PM atirou na cabeça do lutador, que chegou a ser socorrido, mas morreu no hospital.
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Velozo se apresentou à Corregedoria após o episódio e estava preso desde então no presídio militar Romão Gomes. Os jurados acolheram a tese de legítima defesa, sustentada pela defesa do policial. O alvará de soltura já foi expedido, e ele deve deixar a unidade prisional nos próximos dias.
— A Justiça prevaleceu e o arbítrio foi afastado — afirmou Cláudio Dalledone Jr., advogado do PM.
A mãe de Leandro, Fátima Lo, afirmou que irá recorrer:
— Não houve justiça — disse, segundo o g1.
O promotor João Carlos Calsavara, responsável pela denúncia, classificou o júri como “complicado, com nulidades” e disse acreditar que a decisão será anulada.
Em setembro de 2022, a Justiça aceitou a denúncia do Ministério Público contra Henrique Velozo, que passou a responder por homicídio triplamente qualificado. As qualificadoras atribuídas foram:
• motivo torpe;
• emprego de meio cruel (veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio que pudesse representar perigo comum);
• traição ou emboscada.
Em maio de 2023, ocorreu a primeira audiência de instrução. Na ocasião, o PM foi ouvido pela primeira vez e, segundo o advogado de defesa, “explicou todos os pontos que lhe diziam respeito e que motivaram a ação defensiva”.
Adiamentos e confusões antes do júri
O julgamento estava inicialmente marcado para maio de 2025, mas foi adiado pela Justiça sob alegação de cerceamento de defesa.
Remarcado para agosto, o júri foi novamente suspenso — dessa vez após um bate-boca entre promotores e advogados no plenário.
Somente agora, em novembro, o caso foi efetivamente levado ao Tribunal do Júri.
Como foi o júri
O primeiro dia de julgamento terminou por volta das 22h de quarta-feira (12), com duas testemunhas de acusação ouvidas. A Promotoria esperava uma pena de ao menos 20 anos, considerando as três qualificadoras.
Ao todo, nove testemunhas — tanto de acusação quanto de defesa — prestaram depoimento, além do próprio réu. Os debates entre MPs, assistentes de acusação e defesa se estenderam até esta sexta-feira, quando Velozo foi ouvido no plenário.
Dos sete jurados — cinco mulheres e dois homens — ao menos quatro votaram pela absolvição, o suficiente para livrar o policial da condenação. A sentença foi proferida pela juíza Fernanda Jacomini, da 1ª Vara do Júri.
Reintegração à PM
Em outubro deste ano, a Justiça comum anulou a decisão administrativa do governo paulista que havia demitido o policial após o crime. Com isso, Henrique Velozo foi reincorporado à Polícia Militar e voltou a receber o salário, superior a R$ 14 mil mensais.