Brasileiro que levava ajuda humanitária a Gaza foi ao funeral de líder do Hezbollah e falou em evento pró-Palestina no Irã
Thiago Ávila estava a bordo do barco Madleen com a sueca Greta Thunberg e outros ativistas de diferentes países; grupo foi apordado por autoridades israelenses O brasileiro Thiago Ávila, a bordo do barco Madleen, que tenta chegar à Faixa de Gaza com ajuda humanitária, tem um histórico de ativismo pela causa Palestina, já tendo visitado a região no passado. Ele também já esteve no Irã, onde participou de um evento sobre Gaza, e no Líbano, onde compareceu à cerimônia fúnebre do líder do Hezbollah, Hassam Nasrallah.
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Avila recebeu uma homenagem da Embaixada do Irã no Brasil pelo seu "trabalho de comunicação e solidariedade com a causa Palestina", como ele próprio descreveu em uma publicação nas redes. Em junho de 2024, o ativista foi convidado por membros da missão diplomática iraniana no Brasil para participar do evento International Summit on Gaza, batizado de "Os Oprimidos, mas Resilientes", em Teerã. Também estiveram presentes no evento o presidente do parlamento iraniano, Mohammad Bagher Ghalibaf, e o então ministro das Relações Exteriores, Baqeri Kani.
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O brasileiro cobriu para seus seguidores nas redes a cerimônia fúnebre de Hassan Nasrallah, líder do Hezbollah morto em 2024 durante um ataque israelense ao Líbano. Segundo uma publicação no Instagram, Ávila viajou ao país "para documentar as violações cometidas por Israel e cobrir junto a outros jornalistas e influenciadores o funeral de Sayedd Hassan Nasrallah".
— Quando estudamos a história das revoluções, da luta anticolonial e da luta anti-imperialista, vemos algumas figuras que se destacam, que brilham. E Sayyid Hassan Nasrallah era uma dessas pessoas — disse Ávila ao canal Arab-I na ocasião.
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O GLOBO tentou contatar Tiago Ávila sobre essas agendas, mas não obteve retorno até a publicação desta reportagem. O espaço segue aberto para futuras manifestações.
'Punição coletiva'
O Madleen, que partiu de Catania, na região da Sicília, neste fim de semana, buscava romper simbolicamente o bloqueio imposto por Israel ao território palestino e denunciar o que os organizadores classificam como uma “punição coletiva” à população de Gaza. O nome do navio homenageia Madleen, a primeira e única pescadora da região em 2014, como símbolo da resistência do povo palestino.
Thiago de Ávila e Silva Oliveira tem 38 anos e nasceu na cidade de Brasília, em 1986. Ativista, ele já foi candidato a deputado federal pelo PSOL, em 2022.
Nos últimos dias, Thiago tem usado as redes sociais para publicar sobre a expedição humanitária, que acontece um mês após outra embarcação com destino a Faixa de Gaza ter pegado fogo e emitido um sinal de socorro, supostamente depois de ter sido atingida por drones na costa de Malta. O brasileiro também estava a bordo.
O brasiliense tem mais de 350 mil seguidores em seu perfil no Instagramb e usa a página para divulgar vídeos explicativos e ações humanitárias.
Além de Thiago e da ativista sueca Greta Thunberg, também estão na embarcação que partiu da Sicília para Gaza no último fim de semana a deputada francesa do parlamento europeu Rima Hassan e representantes de Alemanha, Turquia, Espanha e Holanda. Entre os itens transportados estão fórmula infantil, alimentos como farinha e arroz, fraldas, produtos de higiene para mulheres, kits de dessalinização, suprimentos médicos e próteses infantis.
O barco foi capturado na noite de domingo e chegou ao porto israelense de Ashdod nesta segunda-feira. Na véspera, a organização da flotilha, que planejava levar ajuda humanitária ao enclave palestino, disse que os ativistas foram"sequestrados por forças israelenses".
A chegada do Madleen a Israel foi confirmada pelos advogados dos ativistas, que devem ser levados a uma unidade de detenção e serem ouvidos por um juiz, antes da provável extradição. Pessoas que trabalharam em processos semelhantes afirmam que, normalmente, as autoridades israelenses não abrem processos criminais contra os capturados, e preferem uma deportação rápida, em até 48 horas, além do veto à entrada em Israel e nos Territórios Ocupados por ao menos 10 anos.
Ação pacífica
A Coalizão da Flotilha da Liberdade (FFC, na sigla em inglês), responsável pela ação, ressalta que os objetivos são inteiramente pacíficos. Os voluntários passaram por treinamentos de não violência e não portam armas.
— Estou a bordo do Madleen porque o silêncio não é neutralidade, é cumplicidade. O povo palestino em Gaza está sendo faminto e massacrado, e o mundo assiste. Este navio não está apenas levando ajuda, está levando uma exigência: fim do bloqueio. Fim do genocídio — declarou Rima Hassan à FFC.