Nvidia acalma temores de bolha no mercado de IA com previsão otimista sobre vendas, e ações sobem
A Nvidia apresentou uma projeção de receita surpreendentemente forte e rejeitou a ideia de que o setor de inteligência artificial esteja em uma bolha, aliviando as preocupações que haviam se espalhado pelo setor de tecnologia.
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A empresa mais valiosa do mundo espera vendas de cerca de US$ 65 bilhões no trimestre de janeiro a março, aproximadamente US$ 3 bilhões a mais do que os analistas previam. A Nvidia também afirmou que o boom de receita de meio trilhão de dólares previsto para os próximos trimestres pode ser ainda maior do que o antecipado.
A perspectiva indica que a demanda pelos aceleradores de inteligência artificial da Nvidia — os chips potentes e caros usados para desenvolver modelos de IA — continua robusta. Nas últimas semanas, a Nvidia vinha enfrentando temores crescentes de que os gastos desenfreados com esse tipo de equipamento não seriam sustentáveis.
—Tem havido muita conversa sobre uma bolha de IA — disse o CEO Jensen Huang em uma teleconferência com analistas. — Do nosso ponto de vista, vemos algo muito diferente.
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O tom otimista fez as ações subirem cerca de 5,4% nas negociações de pré-abertura nesta quinta-feira, antes da abertura dos mercados em Nova York. Os papéis já haviam avançado 39% neste ano até o fechamento anterior, deixando o valor de mercado da empresa em US$ 4,5 trilhões.
Às vésperas do resultado da Nvidia, alertas sobre possível bolha de IA aumentaram após analistas indicarem que preços do setor podem cair.
Os resultados da Nvidia se tornaram um termômetro da saúde da indústria de IA, e a notícia impulsionou uma variedade de ações relacionadas. A CoreWeave, fornecedora de computação para IA, subiu mais de 9% nas negociações estendidas. Sua concorrente Nebius Group avançou mais de 8%. Os índices de Coreia do Sul, Taiwan e Japão também registraram ganhos, impulsionados por fornecedores da Nvidia, como Taiwan Semiconductor Manufacturing (TSM) e Tokyo Electron.
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"Os mercados estão reagindo de forma muito positiva à notícia de que não há perda de fôlego no momentum da IA", afirmou Brian Mulberry, gerente sênior de portfólio de clientes da Zacks Investment Management, em nota.
Sua empresa é acionista da Nvidia.
“A demanda pelas soluções de hardware da Nvidia continua forte”, disse ele.
O CEO da Nvidia havia dito no mês passado que a empresa tem mais de US$ 500 bilhões em receita a caminho nos próximos trimestres. Os proprietários de grandes data centers continuarão investindo em novos equipamentos porque os investimentos em IA começaram a dar retorno, afirmou.
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A diretora financeira, Colette Kress, foi além na quarta-feira, indicando que a Nvidia provavelmente superará a meta de US$ 500 bilhões.
— Há definitivamente uma oportunidade para alcançarmos mais do que os US$ 500 bilhões que anunciamos — disse ela na teleconferência. — Esse número vai crescer.
O papel crescente da IA ajudará a manter a demanda pelos produtos da Nvidia, afirmou Huang. A tecnologia está ajudando a acelerar trabalhos de computação existentes, como buscas. E está prestes a chegar ao mundo físico na forma de robôs e outros dispositivos.
Os resultados do terceiro trimestre da Nvidia também superaram as estimativas dos analistas. A receita subiu 62%, para US$ 57 bilhões no período encerrado em 26 de outubro. O lucro foi de US$ 1,30 por ação. Os analistas previam vendas de US$ 55,2 bilhões e ganhos de US$ 1,26 por ação.
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A principal unidade de data centers da Nvidia registrou receita de US$ 51,2 bilhões no trimestre, em comparação com uma estimativa média de US$ 49,3 bilhões. Os chips usados em PCs de jogos — antes a principal fonte de receita da empresa — geraram vendas de US$ 4,3 bilhões, ante uma estimativa média de US$ 4,4 bilhões.
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A previsão para o trimestre mais recente reflete uma trajetória impressionante para a empresa. As vendas serão mais de dez vezes maiores do que eram no mesmo período há apenas três anos. E a Nvidia está a caminho de gerar mais lucro líquido anual do que duas rivais de longa data — Intel e Advanced Micro Devices (AMD) — registrarão em vendas.
Mas a expansão da Nvidia enfrentou desafios. As restrições dos EUA ao envio de chips avançados para a China praticamente excluíram a Nvidia de um enorme mercado para seus produtos.
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Huang pressionou Washington para reverter essas regras — argumentando que elas são contraproducentes em relação às preocupações de segurança nacional que pretendem atender. Mas, mesmo após alguma flexibilização dos elementos mais rigorosos, a Nvidia atualmente não projeta nenhuma venda de aceleradores de IA na China.
— Nossa previsão para a China é zero — disse Huang em entrevista à Bloomberg Television. —Adoraríamos ter a oportunidade de voltar a atuar no mercado chinês com produtos excelentes.
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Alguns investidores também expressaram preocupações sobre a estrutura dos megacontratos que a Nvidia firmou com clientes. As transações envolvem investimentos em startups como OpenAI e Anthropic, levantando a questão de se esses acordos estão criando uma demanda artificial por computadores.
No início desta semana, Nvidia e sua cliente Microsoft disseram que se comprometeram a investir até US$ 15 bilhões na Anthropic. A startup também prometeu comprar US$ 30 bilhões em capacidade de computação do serviço de nuvem Azure, da Microsoft, e trabalhará com engenheiros da Nvidia no ajuste fino de chips e modelos de IA.
Na teleconferência, Huang foi questionado sobre os acordos com a OpenAI e a Anthropic. Ele disse que o investimento da Nvidia na OpenAI, que ainda não foi concluído, trará um bom retorno. Apoiar a Anthropic, por sua vez, ajudará a construir laços com uma empresa que não tem sido grande usuária da tecnologia da Nvidia, afirmou.
Algumas rivais da Nvidia ficaram mais otimistas quanto à possibilidade de finalmente desafiar o domínio da empresa em aceleradores de IA. No início deste mês, a AMD previu um crescimento acelerado para sua área de chips de IA e destacou as perspectivas de seus futuros produtos.
AMD, Broadcom e Qualcomm anunciaram colaborações com grandes usuários dos chips da Nvidia. E os operadores de data centers estão cada vez mais buscando usar projetos próprios — um esforço que os tornaria menos dependentes do fornecimento da Nvidia.
Huang disse na quarta-feira que a pressão competitiva continua baixa. Mais clientes estão procurando a Nvidia depois de testar alternativas do que nunca, afirmou. A complexidade dos sistemas de computação de IA colocou a Nvidia em uma posição forte, disse Huang.
O CEO também está empenhado em disseminar o uso de IA por mais partes da economia mundial. Ele iniciou uma turnê global para convencer órgãos governamentais e empresas a adotar sua tecnologia.
Fundada em 1993, a Nvidia foi pioneira no mercado de chips gráficos usados para criar imagens realistas em jogos eletrônicos. A AMD é sua única grande rival remanescente nesse setor.
A Nvidia construiu seu domínio em IA adaptando essa mesma arquitetura de chips para processar enormes quantidades de dados — ajudando pesquisadores a criar softwares que começaram a rivalizar e a se assemelhar às capacidades humanas.
A empresa, sediada em Santa Clara, Califórnia, ainda detém mais de 90% do mercado de chips aceleradores de IA. Ela acrescentou outros produtos ao portfólio para reforçar sua liderança, incluindo soluções de rede, software e outros serviços.
— Os negócios estão muito fortes — disse Huang na entrevista. — Fizemos um bom trabalho planejando para um ano muito forte.
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