Vídeo: absolvido, PM que atirou em Leandro Lo pede perdão à família do lutador de jiu-jitsu
O policial militar que matou com um tiro o lutador de jiu-jitsu Leandro Lo pediu perdão aos familiares da vítima, em vídeo divulgado nesta segunda-feira (17). O tenente Henrique Velozo foi absolvido da acusação de homicídio na semana passada, após os jurados entenderem que ele agiu em legítima defesa. A família do lutador deve recorrer da decisão.
O vídeo foi enviado ao GLOBO pelos advogados de Velozo. Nele, o PM relembra o tempo que passou preso esperando pelo julgamento do caso, e diz que teria agido para preservar a própria vida.
— Estive durante 3 anos e 3 meses encarcerado [...] Eu preciso fazer um pedido de perdão, um pedido de perdão aos familiares, a mãe, ao pai, a irmã, aos amigos, e a todas as pessoas que amavam Leandro Lo (...) Mas também gostaria de esclarecer que nesse dia eu fui colocado em um limite, um limite que eu não gostaria de estar, onde eu tive infelizmente que sujar a minha mão para poder preservar a minha vida — afirma Velozo.
Veja o vídeo:
Policial que matou Leandro Lo diz que agiu em legítima defesa e pede perdão
Diferentes versões
Na acusação do Ministério Público (MP), o policial teria se aproximado da mesa onde estavam Leandro e amigos e o provocado, tendo pegado uma garrafa de uísque que o grupo consumia. Depois, Leandro Lo teria aplicado um golpe de jiu-jitsu conhecido como baiana contra o policial, de modo a imobilizá-lo no chão para contê-lo após ele segurar a garrafa de bebida. O lutador teria liberado o policial e esse teria voltado posteriormente e atirado contra a cabeça de Lo. O PM teria ainda chutado o lutador depois do tiro.
Os advogados Renan Canto e Cláudio Delladone, que representam o policial, contestaram a acusação do MP. Tanto eles quanto o próprio tenente contaram outra versão para o júri, que acabou acolhendo a narrativa da defesa.
Eles afirmam que Velozo teria sido confrontado pelo grupo enquanto assistia ao show de pagode. O policial teria tentado apaziguar a situação, convidando o grupo para que eles bebessem juntos, e por isso teria segurado a garrafa de uísque. Eles afirmam ainda que o PM foi empurrado por um dos amigos de Leandro e, na sequência, veio o golpe aplicado pelo lutador, que derrubou o policial no chão
Leandro teria liberado o PM do golpe e então Velozo afirma que se levantou, se identificou como policial e sacou a arma. Ele afirma que o lutador teria avançado novamente contra ele, para tentar derrubá-lo mais uma vez, e que um dos amigos teria tentado tomar a arma do PM, e esse seria o momento que o tiro foi disparado.
— A versão das testemunhas, amigos do Leandro, foram contraditórias e mentirosas. A todo momento eles quiseram defender os golpes aplicados pelo Leandro — afirma o advogado Renan Canto.
Os advogados da família do lutador contestam a versão narrada para o juri.
— A versão dele (do policial) foi construída pela defesa. Quando ele foi indiciado, permaneceu em silencio. Eles esperou todas as testemunhas falarem várias vezes para aí em juízo apresentar a versão dele. Se ele é um oficial da PM que agiu em legítima defesa, porque demorou 8 meses para apresentar a versão? Nossa versão é a das testemunhas. A sociedade entendeu que foi legítima defesa, vamos recorrer — diz o advogado da família de Leandro Lo, Adriano Vanni.
O julgamento começou em 12 de novembro. Foram ouvidas três testemunhas da acusação e uma da defesa — além do próprio acusado. A expectativa do Ministério Público era de uma pena de ao menos 20 anos, com base nas três qualificadoras. Mas, na votação final, pelo menos quatro dos sete jurados (cinco mulheres e dois homens) acolheram a tese da defesa de legítima defesa.
A sentença foi proferida pela juíza Fernanda Jacomini, da 1ª Vara do Júri. A família reagiu com indignação, enquanto o Ministério Público afirmou ver “nulidades” no processo e disse acreditar em anulação da decisão.