Ex-aliada de Trump declara renúncia após divergências sobre divulgação de arquivos do caso Epstein
A deputada republicana Marjorie Taylor Greene, da Geórgia, ex-aliada do presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou nesta sexta-feira sua renúncia ao cargo na Câmara dos Deputados após divergências entre os dois relacionados à divulgação dos arquivos do processo contra o bilionário e ex-amigo de Trump Jeffrey Epstein — que cometeu suicídio na cadeia em 2019, quando era acusado de abuso sexual de menores e de chefiar uma rede de tráfico de pessoas — e à postura do governo Trump em relação às questões internas do país e ao cenário internacional.
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"Renunciarei ao cargo em 5 de janeiro de 2026", declarou Greene em um comunicado divulgado pela BBC. "Defender mulheres americanas que foram estupradas aos 14 anos, traficadas e exploradas por homens ricos e poderosos não deveria me fazer ser chamada de traidora e ameaçada pelo presidente dos Estados Unidos, por quem lutei".
Há uma semana, Trump anunciou, em uma publicação nas redes sociais, que estava retirando seu apoio à deputada republicana que antes era conhecida como uma de suas apoiadoras mais fervorosas, acusando-a de se voltar contra ele e de se fixar em críticas. Greene respondeu aos ataques, afirmando em uma publicação nas redes sociais que não "adora nem serve a Donald Trump", sugerindo que continuaria a pressionar pela divulgação dos arquivos do caso Epstein.
Numa longa publicação no Truth Social, Trump escreveu: "Estou retirando meu apoio e endosso à 'Deputada' Marjorie Taylor Greene". "Ela já disse a muitas pessoas que está chateada porque eu não retorno mais suas ligações, mas com 219 congressistas, 53 senadores, 24 membros do gabinete, quase 200 países e uma vida normal para levar, não posso receber ligações diárias de uma lunática estridente".
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A ruptura ocorreu após meses em que Greene expressou crescente ceticismo em relação à atenção cada vez maior do presidente a conflitos estrangeiros e alertou que questões internas, como o custo de vida nos Estados Unidos, o aumento dos custos da saúde e as oportunidades econômicas para a próxima geração, estão sendo deixadas de lado pela administração de Trump.
Nos últimos meses, Greene demonstrou uma mudança visível e pública em relação ao seu alinhamento antes inabalável com Trump. Seu afastamento do presidente sinalizou uma disposição para discordar em uma série de questões, o que frequentemente a coloca em desacordo tanto com Trump quanto com seus colegas republicanos em Washington.
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No início deste ano, ela se tornou a primeira parlamentar republicana a classificar a crise humanitária em Gaza como genocídio e desafiou a posição de seu partido em uma série de questões de política externa. Ela criticou a liderança republicana e a Casa Branca por não tomarem decisões políticas imediatas para lidar com o aumento do custo de vida para milhões de americanos, apesar de terem feito disso um ponto central da campanha de 2024 do partido.
Mais recentemente, ela atraiu a ira dos republicanos ao ser uma das únicas quatro deputadas do partido que se juntaram a todos os democratas na assinatura de uma petição para forçar uma votação sobre a divulgação completa dos arquivos do Departamento de Justiça relacionados a Epstein. Ela chamou a oposição do presidente à divulgação de "um grande erro de cálculo" e disse que "estaria ao lado das mulheres e acho que elas merecem ser aquelas por quem estamos lutando".
(Com AFP e New York Times)