Número 2 de Haddad diz que situação dos Correios pode virar 'problema maior' para contas públicas em 2026
O secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Dario Durigan, admitiu nesta segunda-feira que a situação dos Correios pode virar um problema ainda maior para as contas públicas em 2026. O secretário, número 2 de Fernando Haddad, afirmou que está bastante incomodado, porque os problemas são graves e estruturais. Segundo ele, podem ser necessárias compensações maiores do Orçamento para cobrir o déficit das estatais em relação a já realizada este ano.
A empresa registrou prejuízo de R$ 4,3 bilhões no primeiro semestre e tem tido um fluxo negativo de caixa de R$ 750 milhões por mês. Além disso, a projeção para o resultado primário da empresa passou de déficit de R$ 2,4 bilhões para rombo de R$ 5,8 bilhões.
Principalmente pelo impacto da reprogramação dos Correios, a projeção de déficit das estatais para fins da meta fiscal passou de R$ 5,5 bilhões no relatório divulgado em setembro para R$ 9,2 bilhões, acima da meta para esse conjunto de empresas, que é de rombo R$ 6,2 bilhões em 2025.
— Temos essa previsão para 2025, a empresa de fato tem problemas graves e estruturais e isso possivelmente pode trazer um impacto fiscal ainda maior para 2026.
Segundo o secretário, no ano que vem, será necessário atuar, do ponto de vista das outras empresas estatais, usar os resultados das outras empresas, e usar o orçamento fiscal e da seguridade social para usar na ajuda aos Correios.
— Existe um risco que esse valor seja maior do que o necessário para esse ano — disse, ponderando que não tem os números fechados.
Durigan disse também que neste momento não está sendo discutido um aporte direto nos Correios, mas um empréstimo com aval da União, se a empresa apresentar um bom plano de reestruturação.
O secretário afirmou que pediu ao presidente dos Correios, Emmanoel Rondon, que apresente um bom plano de reestruturação da empresa. Segundo ele, deve ser um plano "ousado" e ao mesmo tempo muito cuidadoso para que a gente tenha uma operação sendo desenhada que se pague e possa melhorar a situação da estatal.
— É um ponto que tem me incomodado. É um resultado muito ruim, que de fato causa o impacto negativo neste relatório, não fosse os Correios, poderíamos estar em um cenário um pouco melhor, mas temos que lidar com a situação que nos chega — disse Durigan.