Sheinbaum responsabiliza oposição e ‘grupo violento’ por confrontos em marcha da Geração Z que deixou mais de 100 feridos
A presidente do México, Claudia Sheinbaum, afirmou nesta segunda-feira que por trás da marcha antigovernamental realizada no sábado estavam políticos da oposição, grupos violentos e até uma campanha articulada no exterior. A declaração marca a primeira reação pública da mandatária após confrontos em frente ao Palácio Nacional terem deixado mais de 100 feridos, tornando-se um dos episódios mais tensos de seu primeiro ano de governo.
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— A grande maioria dos que marcharam no sábado não eram jovens da Geração Z (aqueles com menos de 28 anos). Vimos rostos muito conhecidos da chamada Marea Rosa — disse Sheinbaum durante sua rotineira entrevista coletiva matinal, em referência a um movimento de oposição que organizou protestos durante o governo de Andrés Manuel López Obrador (2018–2024), seu antecessor e correligionário. — Vimos contas internacionais montando essa narrativa de que os jovens são reprimidos no México.
As declarações retomam críticas que Sheinbaum já havia sugerido na última quinta-feira, quando qualificou os chamados para a marcha como “pagos”, insinuando influência externa na mobilização.
A manifestação antigovernamental, convocada por representantes da Geração Z, reuniu milhares de pessoas na Cidade do México em protesto contra a violência e a política de segurança da líder mexicana. Durante o ato, confrontos entre policiais e manifestantes deixaram mais de 100 feridos, a maioria agentes de segurança.
Apesar de ter sido convocado como um ato pacífico e com forte presença de jovens, o protesto ganhou força ao reunir pessoas de várias idades. A manifestação refletiu a comoção nacional provocada pelo assassinato de Carlos Manzo, prefeito de Urupan, morto a tiros em 2 de novembro. Crítico da política de segurança nacional e conhecido por perseguir criminosos pessoalmente, Manzo virou símbolo de indignação. Nas ruas, muitos participantes usavam chapéus semelhantes aos que o político popularizou.
No início da tarde, um grupo tentou escalar e derrubar as barreiras metálicas que protegiam o Palácio Nacional. Policiais e militares reagiram com gás lacrimogêneo, pó de pólvora e extintores de incêndio, enquanto manifestantes lançaram fogos de artifício contra os agentes. Quando uma brecha foi aberta na cerca, policiais passaram a atirar pedras para conter o grupo. Diversos feridos receberam atendimento no local, e minutos depois reforços das forças de segurança dispersaram a multidão, esvaziando a área em torno do palácio.
No poder desde 1º de outubro de 2024, Sheinbaum mantém índices de aprovação superiores a 70% em seu primeiro ano de governo, mas enfrenta críticas à sua política de segurança, após assassinatos de grande repercussão, sobretudo no estado de Michoacán. (Com AFP)