Empresário preso muda versão e diz que gari pode ter sido morto em 'guerra de facção' em BH
Preso sob acusação de atirar e matar um gari em Belo Horizonte, em 11 de agosto, o empresário Renê Nogueira Júnior mudou sua versão do caso e afirmou que Laudemir de Souza Fernandes pode ter sido vítima de uma "guerra de facções". Em novos trechos divulgados da entrevista concedida à TV Record, sua primeira desde a ocorrência, o executivo sugeriu que o crime possa ter ligação com a atuação de traficantes no aglomerado Cabana do Pai Tomás, vizinho ao bairro Vista Alegre, onde o gari morreu.
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Renê disse que já havia sido abordado por traficantes armados na região da Cabana do Pai Tomás e disse que logo pensou nessa possibilidade ao saber da morte de Laudemir.
— Ela [a comunidade] é dominada por uma facção [TCP], e ali dentro é realmente muito perigoso. Quando, à primeira vista, eu vi isso [notícia da morte do gari], pensei: 'Isso foi uma guerra de facção' — destacou Renê, que defendeu a realização de uma investigação a respeito
O empresário foi questionado por que estava armado nesse local. Disse que ele "e outras 300 pessoas" estavam e citou que testemunhas podem tê-lo apontado como autor do homicídio por interesses financeiros ou medo de represália dos traficantes. A perícia, porém, apontou que a arma utilizada no crime pertencia à delegacia Ana Paula Balbino, mulher de Renê.
Antes de citar a suposta guerra de facções, Renê havia dito que o caso havia sido um "acidente". Ele disse que decidira atirar para o alto após uma discussão com os garis e que só soube da morte ao ser preso por policiais, horas depois. Mais recentemente, ele disse ter confessado o crime apenas por ter sido ameaçado por agentes que supostamente prometiam acabar com a carreira de sua mulher.
À TV Record, Renê negou ter aberto fogo contra a equipe de coletores de resíduos, mas admitiu ter ocorrido um "incidente" naquele dia. Colegas de Laudemir afirmam que o executivo sacou a arma e disparou depois de reclamar que não conseguiria passar com seu carro pela via em razão da passagem do caminhão de lixo.
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Na entrevista, Renê afirmou ter a consciência tranquila e disse ter sido orientado por advogados a não detalhar o que ocorreu.
— Passei por esse local. Admito que estava armado. O incidente pode ter acontecido. Até onde posso dizer por conta do processo, posso admitir que ocorreu um incidente — destacou o empresário.
A Justiça agora deve decidir se Renê será julgado no Tribunal do Júri. O Ministério Público o denunciou por homicídio triplamente qualificado, ameaça e fraude processual.
Depois de citar o "incidente", Renê negou várias vezes a participação no delito. Na data do crime, ele disse ter afirmado que seu veículo não passaria pelo espaço da rua deixado pela equipe de coleta de lixo e contestou a motivação do disparo apontada pelo Ministério Público, já que Laudemir não teria participado da discussão de trânsito.
O acusado se recusou a pedir desculpas para a família de Laudemir.
— Não posso pedir desculpa porque eu não atirei. Eu estaria confessando uma culpa de uma coisa da qual eu não sou culpado — afirmou ele, que classificou sua prisão como "ilegal" e citou supostas ameaças de delegados.
Questionado se teria ameaçado a motorista do caminhão de lixo antes da morte de Laudemir, o executivo sorriu, de forma irônica. O jornalista Roberto Cabrini perguntou por que ele havia sorrido e se achava o fato engraçado.
— Não, não. É que eu estou com sede — rebateu Renê, que disse sentir "a vida perdida" após o caso.
Renê rebateu críticas por ter passeado com os cachorros e ido à academia, onde foi preso, depois do caso em Vista Alegre. Ele disse que fazia as atividades todos os dias.
Durante a entrevista, o executivo também lamentou não ter recebido visitas da mulher, a delegada da Polícia Civil de Minas Gerais Ana Paula Balbino. O empresário afirmou não saber se ainda está casado. O advogado de Ana Paula disse que ela não foi ver o empresário porque houve uma "ruptura".