‘Ratos’ e 'comida azeda': governo de SP contesta má-higiene em presídio de Vorcaro e diz que fez dedetização em novembro
O banqueiro Daniel Vorcaro está preso desde segunda-feira (24) no Centro de Detenção Provisória (CDP) II de Guarulhos, na região metropolitana de São Paulo. Como mostrou O GLOBO, uma inspeção feita pela Defensoria Pública em junho apontou problemas de higiene e relatos de alimentos estragados no presídio. Nesta quarta-feira (26), a Secretaria de Administração Penitenciária (SAP) afirmou que os problemas apontados foram apurados e considerados "improcedentes".
Integrantes do Núcleo Especializado de Situação Carcerária estiveram na unidade prisional em junho. Durante a visita, detentos relataram que no local são servidos alimentos azedos, "especialmente o feijão e o leite. Raramente são servidos salada e suco e, a quantidade, no geral, não é suficiente", diz o relatório. Os custodiados narraram também problemas com os produtos de higiene, e uma falta de sabonetes, além de infestações de ratos e percevejos.
Nesta quarta, a SAP respondeu que a Polícia Penal do Estado de São Paulo apurou as denúncias. Segundo a pasta, os serviços de manutenção, saúde, alimentação e fornecimento de itens básicos "seguem o planejamento previsto e são monitorados regularmente pelas equipes responsáveis".
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A SAP informou também que a última "desinsetização e desratização" no presídio foi realizada na semana passada, em 19 de novembro, "conforme cronograma de manutenção preventiva do estabelecimento prisional".
A defesa de Vorcaro tenta um habeas corpus para o banqueiro, preso em operação feita no âmbito da Operação Compliance Zero, da Polícia Federal, que investiga indícios de operações financeiras fraudulentas entre o Master e o Banco de Brasília (BRB).
A unidade em questão tem capacidade para 841 presos, segundo dados da SAP. A ala para detentos comuns tem capacidade para 553 presos, sendo que 459 estão custodiados no local, segundo dados de terça-feira (25). Outra ala, destinada para os devedores de pensão alimentícia, está superlotada, com 329 presos e capacidade para 288 detentos.
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O local conta com oito pavilhões. Cada pavilhão tem oito celas, com capacidade para 12 presos. Eles se dividem da seguinte forma, segundo o relatório:
Pavilhão 1: destinado a ex-integrantes de forças de segurança
Pavilhão 2: destinado a presos midiáticos e formados em Direito
Pavilhão 3: destinado a familiares de integrantes de forças de segurança
Pavilhão 4: destinado a autores de feminicídio que tenham se destacado na mídia
Pavilhões 5 a 7: destinado a presos civis
Pavilhão 8: tratado como espécie de "seguro comum", para presos que não estão vinculados ao PCC, a chamada "oposição"
A unidade conta ainda com outros espaços, como a área de inclusão, destinada a presos recém chegados, com três celas, com capacidade para 27 pessoas cada, a área disciplinar, de trabalho e para presos em trânsito.
O cardápio da unidade segue um padrão em que o café da manhã, servido às 6h, conta com leite, café, margarina e pão. No almoço, às 11h, e jantar, às 16h, são servidos arroz, feijão, uma porção de legume ou vegetal, uma proteína, e uma fruta. Um lanche noturno também é ofertado, sendo bolacha ou pão.
Os presos da unidade devem seguir o padrão de corte de cabelo e barba exigido pelo regimento interno da Secretaria de Administração Penitenciária, o que inclui a raspagem no pente número dois nas laterais da cabeça e número quatro na parte superior. Barba e bigode devem ser raspados.