Cidade das Sombras é um dos meus filmes preferidos dos anos 90. Já até gravei sobre no @Cinealerta. E, caramba, há 10 anos! 😮
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O que eu adoro nessas remasterizações bem feitas é a oportunidade que criam para que o filme seja redescoberto e conferido numa qualidade inimaginável na época de seu lançamento original e que, na melhor das hipóteses, só foi possível nas exibições nas melhores salas de cinema.

Um adendo: esse programa tem alguns anos e sobre o recurso do Prime comentado, que traz uma faixa de áudio com diálogos realçados, ele já está em pleno funcionamento no serviço de streaming da Amazon.

No geral, é uma curiosidade e só. A fotografia em 2.39:1 da trilogia é bem marcante, com um belo trabalho do Bill Pope e o fullscreen não contribui muito pra experiência. Porém, assistindo cenas das versões open matte, me ocorreu uma ideia, que logo compartilharei por aqui.

Revolutions tem mais cenas em que o fullscreen tá mais pra pan e scan nas cenas que envolvem CGI, mas ainda assim, tem momentos interessantes. A luta na entrada da boate do Merovíngio ganha uma escala diferente com o quadro ampliado.

O mesmo vale pra longa perseguição na auto-estrada, que não vou colocar na íntegra, mas dá pra notar nesse trecho como fica a dinâmica dos takes quase fullframe.

O que é um pouco surpreendente e incomum é o quanto dos takes que envolvem CGI também incluem bastante informação verticalmente, como na cena envolvendo os gêmeos.

Muitos momentos dos dois filmes são praticamente fullframe, em que na versão fullscreen se perde pouco dos lados com muita informação aparecendo no topo e na parte de baixo. A maioria é espaço negativo que nada acrescenta, a não ser um vislumbre a mais do design de produção.

Episódio 9? O que é isso? 🤔

Em Inteligência Artificial eu destaco as cenas mais intimistas, que revelam mais do gestual do elenco.

Eu penso que essas versões também oferecem um bom estudo de composição e do que pesa na escolha dos enquadramentos.

Ver mais das mãos do Sam Robards faz diferença?

Continuando no Spielberg, Inteligência Artificial também foi rodado em Super 35, mas enquadrado na razão de aspecto 1.85:1. Nesse, o fullscreen é praticamente fullframe, menos nas cenas que envolvem muito CGI, que eram renderizadas no enquadramento que o filme seria lançado.

Minority Report só existe em fullscreen no DVD, mas pode ser encontrado em open matte no streaming do Mercado Livre, de graça.

Reforçando, não é a composição concebida pelo Spielberg e pelo Janusz Kamiński, mas cria uma experiência singular para o filme.

Na comparação, as duas versões trazem uma percepção bem diferente nesses momentos, não?

Mas, às vezes, havia um ou outro resultado interessante. Em Minority Report eu gosto particularmente das cenas envolvendo a interface interativa dos computadores usados pelo personagem do Tom Cruise. O enquadramento mais vertical do fullscreen gerou uma noção curiosa de escala.

O Super 35 resultava na imagem fullframe, permitindo enquadrar da forma concebida, enquanto a adaptação para o fullscreen abria o quadro original, sem a necessidade de muitos cortes, embora longe de ser a visão original da cinematografia, criando composições nem sempre adequadas.

Minority Report foi rodado levando em conta a razão de aspecto 2.39:1. Se fosse em 35mm teria sido vítima do pan&scan para a criação da versão em tela cheia, que era o zoom no quadro, com movimentos de câmera artificiais pra adaptar algumas cenas.