Fatia de trabalhadores sindicalizados voltou a crescer em 2024, após chegar à menor taxa da série
O número de trabalhadores associados a sindicatos, que vinha diminuindo desde 2012, chegando ao seu menor contingente de toda a série histórica em 2023, voltou a subir em 2024, alcançando 9,1 milhões de pessoas, o equivalente a 8,9% da população ocupada.
No ano anterior, o percentual era de 8,4% (ou 8,3 milhões de pessoas). Nesse meio tempo, mais 812 mil pessoas se associaram a sindicatos. Já no início da série, em 2012, o número de trabalhadores vinculados a sindicato era de 16,1%.
Os dados de características adicionais do mercado de trabalho fazem parte da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), e foram divulgados nesta quarta-feira pelo IBGE.
Segundo o gerente da pesquisa William Kratochwill, há alguns fatores que explicam a queda brusca da associação sindical na última década, como a falta de investimento entre os jovens e o fato de que talvez as organizações não estejam conseguindo atender às necessidades dos trabalhadores. No entanto, o número chegou a um nível tão baixo, e o país ficou por tanto tempo sem forte organização sindical, que as pessoas podem estar voltando a identificar a necessidade de se reorganizar.
— É uma queda que vem acontecendo há muitos anos, e naturalmente chegou a um número muito baixo, de forma que talvez as pessoas estejam começando a verificar novamente a necessidade de se organizar e de lutar pelos direitos dos trabalhadores. Isso se dá pelo sindicato.
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Ele destaca que a queda na sindicalização já vinha perdendo espaço, mas se intensificou em 2017, logo após a aprovação da Reforma Trabalhista.
— Não foi perguntado na pesquisa se tinha relação, mas nós sabemos que houve a mudança de legislação com relação à contribuição sindical e naturalmente isso pode ter causado essa forte queda.
A taxa de sindicalização é maior entre os homens (9,1% contra 8,7%), embora o percentual tenha crescido em ambos os grupos em 2024. Entre os associados, a maior é de trabalhadores com ensino médio completo (37,5%) e superior completo (37,2%), ao passo em que a sindicalização diminui quando a escolaridade é menor. Ainda assim, todos os níveis de instrução tiveram aumento da cobertura sindical entre 2023 e 2024.
Queda entre sindicalizados da agricultura
Entre os grupos de atividades, a sindicalização segue maior entre indústria, agricultura e administração pública, embora os dois primeiros grupos tenham perdido boa parte da participação sindical desde 2012.
A taxa de sindicalização para trabalhadores de agricultura e pecuária teve queda no último ano, saindo de 15% em 2023 para 14,8%. Em 2012, no início da série histórica, o percentual era de 22,8%.
Já na indústria geral, o percentual subiu no último ano: foi de 10,3% para 11,4%, embora esse número ainda seja quase a metade do registrado em 2012 (21,3%). Mas a maior taxa de sindicalizados continua sendo a da administração pública, que saiu de 14,4% em 2023 para 15,5% no ano passado. Há 12 anos, essa parcela já era a maior entre as atividades, representando 24,5% do total.
Considerando a categoria do emprego no trabalho principal, a taxa de sindicalização é maior entre empregados no setor público (18,9%) e menor entre trabalhadores domésticos (2,6%).
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