EUA planejam exigir de turistas, incluindo os isentos de visto, histórico das redes sociais dos últimos cinco anos
Os Estados Unidos estão planejando exigir que turistas forneçam seu histórico de redes sociais dos últimos cinco anos para entrar no país, segundo um comunicado do Departamento de Segurança Interna (DHS, na sigla em inglês) divulgado nesta quarta-feira. A nova condição deve afetar pessoas de dezenas de países que têm direito a visitar os EUA por 90 dias sem visto, desde que tenham preenchido o formulário do Sistema Eletrônico de Autorização de Viagem.
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A Alfândega e Proteção de Fronteiras dos EUA, portanto, vai adicionar as mídias sociais como um elemento de dados obrigatório no processo de triagem de turistas que entram no país pelo Programa de Isenção de Vistos. Além das redes sociais, segundo a rede britânica BBC, o planejamento do DHS ainda propõe a obtenção dos números de telefone e endereços de e-mail utilizados pelo estrangeiro nos últimos cinco e 10 anos, respectivamente, e mais informações sobre seus familiares.
Na semana passada, o Departamento de Estado anunciou que ampliaria os requisitos de revisão de mídias sociais para vistos H-1B destinados a trabalhadores altamente qualificados, recomendando que os candidatos e seus dependentes "ajustassem as configurações de privacidade de todos os seus perfis em mídias sociais para 'público'". Em junho, o departamento já havia ordenado uma revisão da presença nas mídias sociais de candidatos a visto de estudante.
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O texto cita uma ordem executiva assinada pelo presidente americano, Donald Trump, de janeiro, intitulada "Protegendo os Estados Unidos de terroristas estrangeiros e outras ameaças à segurança nacional e à segurança pública". Os agentes, ainda de acordo com a BBC, receberam instruções para identificar aqueles "que defendem, auxiliam ou apoiam terroristas estrangeiros designados e outras ameaças à segurança nacional; ou que perpetram assédio ou violência antissemita ilegais".
O plano é o mais recente de uma séria de medidas do governo Trump para dificultar a entrada de estrangeiros nos EUA, principalmente imigrantes. Neste mês, após o tiroteio contra dois membros da Guarda Nacional em Washington, o presidente americano sugeriu expandir a proibição de entrada no país para estrangeiros de, pelo menos, 30 países.
Na ocasião, as autoridades identificaram o suspeito como um cidadão afegão que trabalhou com as forças americanas e a CIA no Afeganistão antes de chegar aos Estados Unidos em 2021. Trump e seus aliados aproveitaram o caso, culpando o governo Biden por permitir a entrada do suspeito no país e pressionando por restrições mais rígidas à imigração.
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Em uma publicação nas redes sociais após o tiroteio, Trump afirmou que tomaria medidas para suspender "permanentemente" a imigração de "todos os países do Terceiro Mundo".
Segundo o Serviço de Cidadania e Imigração dos EUA, os EUA também vão lançar uma "revisão abrangente" das aprovações concedidas a pessoas dessas nações que entraram no país a partir do início do mandato de Joe Biden, em 2021.
Os Estados Unidos estão caminhando para uma queda acentuada no número de visitantes estrangeiros e nos gastos com turismo este ano. Dados de maio indicaram que o país deverá perder US$ 12,5 bilhões (cerca de R$ 66 bilhões, na cotação atual) em receitas com viagens em 2025, com os gastos dos visitantes estimados em menos de US$ 169 bilhões (R$ 900 bilhões) até o final do ano.
O país também deverá registrar sua primeira queda no número de turistas estrangeiros em cerca de cinco anos, com aproximadamente 67,9 milhões de visitas previstas para este ano, contra 72,4 milhões em 2024, segundo a Associação de Viagens dos EUA.
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A queda foi atribuída às restrições de viagem persistentes da era da Covid, a um dólar forte e a uma mudança na visão das pessoas sobre os EUA devido à retórica e à política "America First" (EUA em primeira lugar) do governo Trump.
Os EUA, por outro lado, esperam um grande fluxo de turistas estrangeiros no próximo ano, já que sediarão a Copa do Mundo de futebol masculino juntamente com o Canadá e o México, e também os Jogos Olímpicos de 2028 em Los Angeles.
(Com Bloomberg)