Após Bolsonaro virar réu, Zema diz que ex-presidente é 'maior líder da oposição'
Governador de Minas Gerais já havia feito outro aceno ao bolsonarismo nesta semana, quando se posicionou contra os votos pela condenação da cabelereira Débora Rodrigues a 14 anos de prisão O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), fez um novo aceno ao ex-presidente Jair Bolsonaro nesta quinta-feira. Após o ex-mandatário ter se tornado réu na trama golpista, Zema afirmou que ele é a "maior liderança da oposição" e fez votos de que a inelegibildade seja revista.
Com morte de Fuad, Belo Horizonte ficará seis anos sem vice-prefeito
'Grande sonho': Ratinho Júnior assume pretensão de disputar Presidência da República:
"O maior líder da oposição ao governo do PT é Jair Bolsonaro. Espero que a Justiça seja feita e que ele recupere seus direitos políticos", escreveu no X (antigo Twitter).
A manifestação de Zema foi tardia. Ontem, articuladores do governador afirmaram ao GLOBO que ele não iria se posicionar por estar em luto com a morte do prefeito de Belo Horizonte, Fuad Noman (PSD). Os dois tinham uma relação republicana, mas não eram próximos.
Este é o segundo aceno que o governador faz ao bolsonarismo nesta semana. Na segunda-feira, criticou o julgamento de uma das rés dos ataques antidemocráticos de 8 de janeiro.
A gravação trata do julgamento virtual de Débora Rodrigues dos Santos, uma cabeleireira acusada de pichar a frase "Perdeu, Mané" na estátua da Justiça, posicionada em frente à Suprema Corte. Presa há dois anos, Débora estava tendo sua pena analisada em plenário virtual. Os ministros Alexandre de Moraes, relator do caso, e Flávio Dino votaram pela condenação a 14 anos de prisão, mas Luiz Fux pediu vistas e o processo pode ser devolvido em até 90 dias.
Débora foi enquadrada em cinco crimes: abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado, deterioração do patrimônio tombado e associação criminosa armada.
Para defender Débora, Zema comparou sua situação a outros casos, como a condenação do empresário Thiago Brennand a 10 anos e seis meses de prisão por estupro e a soltura do traficante André do Rap em 2019.
— Você acha isso justo? Parece que tem algo de errado com a Justiça do Brasil — declarou o governador.
Débora foi presa pela Polícia Federal em março de 2023, no âmbito da Operação Lesa Pátria. Em novembro do mesmo ano, durante seu julgamento no STF, escreveu uma carta pedindo desculpas a Moraes, lida em audiência de instrução. No texto, afirmou que na época não sabia da importância da estátua, mas que depois conheceu a história da obra e de seu autor, o artista mineiro Alfredo Ceschiatti.
Os posicionamentos de Zema ocorrem em meio a sua tentativa de se viabilizar como representante da direita nas eleições de 2026. Diante da inelegibilidade do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Zema e outros governadores são cogitados como possíveis candidatos ao Palácio do Planalto.
Embora tenha mantido embates com o governo federal, Zema costuma se distanciar das pautas mais radicais do bolsonarismo, apresentando-se como um nome da direita moderada. Desta vez, porém, alinhou-se ao discurso de Bolsonaro e seus aliados.
Uma possível explicação para essa mudança de estratégia está na troca de seu marqueteiro. No início de 2025, Zema substituiu Leandro Groppô, responsável por sua campanha em 2018, por Renato Pereira, profissional com experiência em campanhas de políticos tradicionais, como o ex-governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral. Desde então, Zema tem intensificado as críticas a Lula, em uma tentativa de ampliar sua projeção nacional.