Ibovespa renova recorde histórico e já dispara mais de 17% no ano
O Ibovespa renovou seu recorde histórico nesta sexta-feira e encerrou em alta de 0,26%, aos 141.422 pontos. Em um ano em que os investidores de todo o mundo direcionam as atenções para outros mercados para além do americano, o índice brasileiro se destaca: somente em agosto, acumulou ganhos de 6,28%, enquanto em 2025 já dispara 17,57%. O dólar comercial subiu 0,29%, a R$ 5,421, mas terminou o mês com perdas de 3,19% e 12,26% no ano.
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Nos últimos três dias, os investidores da Bolsa brasileira têm alimentado seu desejo por investimentos menos seguros, como a renda fixa, e que podem trazer mais rentabilidade, apesar do risco maior, como a renda variável. Para Gustavo Trotta, especialista e sócio da Valor Investimentos, a perspectiva de um corte de juro nos EUA (o que tende a melhorar o apetite do investidor estrangeiro e fomentar a projeção por uma redução no Brasil) na reunião do Federal Reserve (Fed, banco central americano) trouxe fôlego para o mercado brasileiro.
No ano, explica Matheus Spiess, analista da Empiricus, a derrocada do dólar tem feito os agentes globais rotacionarem seus investimentos para outros mercados, em especial, os emergentes — como é o caso do Brasil —, desconcentrando parcialmente o capital das Bolsas americanas. Nesta quinta-feira, o Ibovespa subiu apesar da derrocada dos índices americanos, que encerraram em queda. O Dow Jones cedeu 0,20%, o S&P 500 perdeu 0,64% e o Nasdaq recuou 1,15%.
— A fraqueza relativa do dólar em nível internacional beneficiou outras moedas ao redor do mundo inteiro, inclusive o real. E não só a moeda em si, mas os ativos de outras regiões. E houve uma diversificação mais ampla dos investidores globais, uma rotação setorial, uma rotação regional em nível internacional de recursos — afirma Spiess.
Ele sinaliza ainda que os ruídos políticos e comerciais produzidos pelo governo de Donald Trump nos Estados Unidos têm afastado parte dos operadores do mercado americano e reforçado esta diversificação.
O debate eleitoral também já está entrando no radar dos investidores, afirma Luís Otávio Leal, economista-chefe da G5 Partners. Na última quinta-feira, uma pesquisa do Instituto AtlasIntel mostrou o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, à frente do presidente Luis Inácio Lula da Silva em um eventual segundo turno nas eleições presidenciais de 2026. A pesquisa foi suficiente para levar o Ibovespa a subir mais de 1%. Parte dos banqueiros, agentes do mercado e empresários não escondem a preferência por Tarcísio, como mostrou o colunista Lauro Jardim, na expectativa de que o governador seja mais favorável ao mercado e à pauta de responsabilidade fiscal.