O presidente Donald Trump estimou em 50% as chances de firmar um acordo comercial com a União Europeia para reduzir as tarifas sobre importações, mesmo com diplomatas do bloco comercial europeu expressando otimismo nos últimos dias de que um acordo pode estar próximo. — Eu diria que temos 50% de chance, talvez menos, mas 50% de chance de fazer um acordo com a UE — disse Trump a repórteres nesta sexta-feira, antes de partir para uma viagem de golfe à Escócia. No entanto, em um sinal de como as negociações comerciais podem mudar rapidamente, Trump afirmou em seguida que os negociadores dos Estados Unidos e da UE estavam trabalhando “de forma próxima” para fechar um acordo e previu que um entendimento poderia se concretizar. — Acho que a UE tem uma boa chance de conseguir fechar um acordo — acrescentou Trump. No início deste mês, Trump enviou uma carta dizendo que a UE enfrentaria uma tarifa de 30% sobre a maioria dos bens caso não se chegue a um acordo até 1º de agosto, além de tarifas específicas por setor. O republicano já impôs um imposto alfandegário de 25% sobre carros e autopeças, e o aço e o alumínio foram tarifados com o dobro dessa alíquota. Ele também ameaçou aplicar novas tarifas sobre produtos farmacêuticos e semicondutores já no próximo mês, além de ter anunciado recentemente uma tarifa de 50% sobre o cobre. Negociadores europeus estão otimistas de que podem chegar a um acordo que estabeleça uma tarifa-base de 15% para a maioria das exportações, com a expectativa de que essa alíquota cubra também categorias como automóveis, atualmente sujeitos a tarifas específicas por setor. Eles também esperam definir uma cota de tarifas reduzidas para alguns produtos de aço e alumínio. A UE pode ainda conseguir exceções limitadas ligadas aos setores de aviação, alguns dispositivos médicos e medicamentos genéricos, diversas bebidas destiladas e equipamentos de manufatura. Cartas tarifárias Trump disse que também esperava emitir cerca de 200 cartas adicionais, unilateralmente estabelecendo níveis tarifários para outros parceiros comerciais nos próximos dias, afirmando que considerava a maioria das tarifas praticamente definida neste momento. O presidente americano também minimizou a ideia de que o Reino Unido conseguiria trocar a eliminação do imposto sobre serviços digitais por novas reduções nas tarifas sobre aço e alumínio. — Se eu fizer isso para um, tenho que fazer para todos — disse Trump. O presidente também destacou pelo menos um aliado — o Canadá — como improvável de conseguir um novo acordo antes do prazo final. — Realmente não tivemos muita sorte com o Canadá. Acho que o Canadá será um caso em que eles simplesmente pagarão tarifas, sem muita negociação. Trump ameaçou impor uma tarifa de 35% sobre produtos canadenses — acima da atual de 25% —, mas assessores disseram que não esperam que isso se aplique às importações realizadas dentro do acordo comercial entre EUA, México e Canadá firmado durante o primeiro mandato do presidente. Sobre outro importante parceiro comercial, a China, Trump demonstrou confiança de que as próximas negociações comerciais em Estocolmo poderão trazer avanços. EUA e China têm os “contornos de um acordo”, afirmou Trump. O presidente dos EUA também elogiou a Austrália após o anúncio feito na quinta-feira de que o país removeria as restrições à importação de carne bovina americana. — A Austrália foi ótima. Ontem eles abriram o mercado de carne pela primeira vez na história — acrescentou Trump, indicando que considerava isso um esforço para avançar nas negociações comerciais. — Pedimos que eles fizessem isso, e de repente recebemos a notícia de que fariam. Então, obviamente, eles estão querendo avançar — declarou.