Liquidação do Master preserva Will Bank, que desperta interesse de investidores
A decisão do Banco Central de decretar a liquidação extrajudicial do Banco Master e de outras instituições do conglomerado financeiro deixou de fora o banco digital Will Bank, considerado um dos melhores ativos do grupo controlado por Daniel Vorcaro. O braço digital do conglomerado do Master desperta o interesse de diversos grupos de investidores, dentre eles o fundo árabe Mubadala, em negociações que contam com a ajuda da Mastercard, bandeira dos cartões do Will.
Além do Banco Master, o BC decretou a liquidação da Master Corretora de Câmbio, Títulos e Valores Mobiliários e o regime de administração especial temporária (RAET) do Banco Master Múltiplo. Com a liquidação, Vorcaro teve os bens bloqueados, assim como outros controladores e ex-administradores das instituições do grupo afetadas pelas decisões do BC.
A decisão do BC ocorreu de forma concomitante à deflagração pela Polícia Federal da Operação da Compliance Zero, que levou Vorcaro à prisão. A PF investiga possíveis crimes de gestão fraudulenta, gestão temerária, formação de organização criminosa e outras infrações.
As investigações começaram em 2024, após um pedido do Ministério Público Federal para investigar a possível fabricação de carteiras de crédito que apresentavam inconsistências. Esses títulos, de acordo com a PF, teriam sido vendidos a outro banco e, após fiscalização do Banco Central, substituídos por outros ativos sem avaliação técnica adequada. Pessoas a par do assunto dizem que o banco comprador é o BRB, que fez uma oferta pelo Master em março, rejeitada pelo BC em setembro.
Segundo interlocutores, o BC percebeu irregularidades na operação já no início deste ano, antes do anúncio da intenção de compra da instituição de Vorcaro pelo banco estatal. Na época, o regulador do sistema financeiro informou ao MPF para investigar a suspeita de fraude. O BC também determinou ao BRB que revertesse a operação, para repor o balanço.
O regime de liquidação é uma forma de encerrar as atividades de uma instituição com graves problemas financeiros, operacionais ou de gestão de forma ordenada, visando a estabilidade do sistema financeiro nacional. Segundo o BC, esse regime é adotado quando ocorre situação de insolvência irrecuperável ou quando são cometidas graves infrações às normas que regulam sua atividade, entre outras hipóteses legais. Já no RAET, as atividades da instituição são mantidas.