se a gente deixa de comprar as brigas da geração que veio depois do boom, o vargas llosa se torna um autor muito próximo de nós.

há suspense em seus livros, cenas de perseguição, uso de artifícios que vêm do cinema e de outras artes técnicas, mas também uma clara herança de joyce e outros autores modernos.

havia nele uma obsessão com a estrutura que chegava a afastar alguns leitores célebres (piglia o detestava, o achava muito artificial). creio que é nessa combinação entre o perfeccionismo da arquitetura do romance e o apreço ao popular que está o coração de sua obra.

esse humor absurdo deles é o mais legal

a série fica mais fraquinha quando tenta emocionar e ir pro drama fácil, e muito mais forte quando vai pro humor e pro escracho.

- a própria reintegração, talvez por ter ficado no meio do caminho, não serviu pra nada de muito complexo na construção da trama, exceto como mote pra recapitular o passado de genma

- irving desaparecendo da série (tornando desnecessário todo o rolê dele com o burt);
- virada da ms. cobel e aproximação com a devon (única utilidade foi dizer ao mark que a genma tava viva e explicar o que era o refinamento de dados). cobel é a pior personagem da série.

coisas que não fizeram sentido pra mim nessa segunda temporada (spoilers) envolvem quase sempre o arco dos personagens, muito abruptos ou mal escritos:

mas se bem que pegar o noll por uma via meio carretinha de narratologia e de análise da estrutura da obra (pensando como as mudanças e modulações acontecem, as rimas, os espaços pro aleatório...) dá um caldo

pense o noll junto com teoria da música, com o que se produziu nas vanguardas e pós-vanguardas musicais etc

leiam "a guerra de mil anos"...

tem chefe ali que pra mim é só design ruim, como o monstro do pântano. o último chefe tbm é um troço meio repetitivo (além de ser uma repetição exagerada da segunda fase do king of puppets). pra mim lies of p é o indicativo de que o soulslike tá começando a se esgotar.

terminei o jogo mais pra me testar e sacar se eu era capaz de vencer os desafios propostos, mas eles eram meio ridículos. no entendimento do mundo gamer, parece, soulslike equivale a dificuldade ou capacidade de se esquivar ou dar parry

vira menos uma questão de inteligência e estratégia e mais um teste repetitivo e mecânico de reflexos. tá mais pra aguentar uma carga de peso muito acima do seu limite do que uma partida de xadrez ou go.

mas os chefes são um teste de força e paciência que vai ficando cada vez mais irritante e menos criativo. é como aquele metaleiro que acha que uma música boa tem que ter solos mega complicados, com muitas notas. tem uma coisa meio machinho na dificuldade que o jogo propõe em alguns chefes,