Sérgio Rodrigues
@todoprosa.bsky.social
Escritor, autor de “O drible” e “A vida futura”. Lançando "Escrever é humano".
Quem não aguenta mais “tudo o que está aí” — com bastante razão, diga-se — é a vítima preferencial da pornografia política, cujo trabalho, claro, é manter intocado “tudo o que está aí”.
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November 6, 2025 at 1:16 PM
Quem não aguenta mais “tudo o que está aí” — com bastante razão, diga-se — é a vítima preferencial da pornografia política, cujo trabalho, claro, é manter intocado “tudo o que está aí”.
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Fixada naquela injustiça social originária, a esquerda tem imensa dificuldade de sequer enunciar o problema, enquanto a direita, sempre dobrando a aposta na exclusão e no extermínio com fins eleitoreiros, está condenada a agravá-lo. Duvida? Pergunte à Clarice Lispector.
October 30, 2025 at 1:43 PM
Fixada naquela injustiça social originária, a esquerda tem imensa dificuldade de sequer enunciar o problema, enquanto a direita, sempre dobrando a aposta na exclusão e no extermínio com fins eleitoreiros, está condenada a agravá-lo. Duvida? Pergunte à Clarice Lispector.
A cedilha foi inventada no espanhol, mas veio a desaparecer da língua de Carlos Alcaraz. Foi substituída pela última letra do nome do jovem tenista, o que faz sentido: tudo indica que tinha começado sua carreira como um zê pequenino metido debaixo do cê.
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October 16, 2025 at 12:01 PM
A cedilha foi inventada no espanhol, mas veio a desaparecer da língua de Carlos Alcaraz. Foi substituída pela última letra do nome do jovem tenista, o que faz sentido: tudo indica que tinha começado sua carreira como um zê pequenino metido debaixo do cê.
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No carrossel das redes sociais, os algoritmos são programados para induzir nos seres humanos uma larica incontrolável por fezes ultraprocessadas com sabor artificial de tutti-frutti, bacon etc.
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October 9, 2025 at 3:55 PM
No carrossel das redes sociais, os algoritmos são programados para induzir nos seres humanos uma larica incontrolável por fezes ultraprocessadas com sabor artificial de tutti-frutti, bacon etc.
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Hoje, na capa do grande Pensar, suplemento literário do Estado de Minas e um dos últimos bastiões midiáticos da aldeia gaulesa das letras, minha entrevista sobre “Escrever é humano”. (Terça agora estarei em BH pra conversar com a professora Heloisa Starling na livraria Jenipapo.)
September 27, 2025 at 2:38 PM
Hoje, na capa do grande Pensar, suplemento literário do Estado de Minas e um dos últimos bastiões midiáticos da aldeia gaulesa das letras, minha entrevista sobre “Escrever é humano”. (Terça agora estarei em BH pra conversar com a professora Heloisa Starling na livraria Jenipapo.)
Sem restaurar algum tipo de pacto racional entre discurso e realidade, será impossível cumprir aquela que é sem dúvida a grande missão da nossa geração: derrotar essa nova e agressiva cepa de fascismo.
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September 25, 2025 at 2:22 PM
Sem restaurar algum tipo de pacto racional entre discurso e realidade, será impossível cumprir aquela que é sem dúvida a grande missão da nossa geração: derrotar essa nova e agressiva cepa de fascismo.
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Filha das redes sociais e sua reengenharia de subjetividade e sociabilidade, a era da pós-verdade pariu um mundo em que a Terra é plana, Tylenol provoca autismo, a crise climática é uma farsa, Trump é estadista, Bolsonaro nunca tentou um golpe e brasileiros patriotas se curvam à bandeira dos EUA.
September 24, 2025 at 10:35 PM
Filha das redes sociais e sua reengenharia de subjetividade e sociabilidade, a era da pós-verdade pariu um mundo em que a Terra é plana, Tylenol provoca autismo, a crise climática é uma farsa, Trump é estadista, Bolsonaro nunca tentou um golpe e brasileiros patriotas se curvam à bandeira dos EUA.
Depois que a Câmara dos Deputados se assumiu majoritariamente como organização criminosa, votando a aprovação da PEC da Blindagem – também conhecida como PEC da Impunidade –, podemos recorrer ao Houaiss e sua lista de coletivos de bandidos.
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September 18, 2025 at 1:18 PM
Depois que a Câmara dos Deputados se assumiu majoritariamente como organização criminosa, votando a aprovação da PEC da Blindagem – também conhecida como PEC da Impunidade –, podemos recorrer ao Houaiss e sua lista de coletivos de bandidos.
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No julgamento de Bolsonaro e sua gangue, temos a oportunidade rara de despertar consciências para o valor de uma cabeça lustrosa, com sua linguagem pelada, em comparação com o dumping de juridiquices pilosas de uma peruca.
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September 11, 2025 at 12:08 AM
No julgamento de Bolsonaro e sua gangue, temos a oportunidade rara de despertar consciências para o valor de uma cabeça lustrosa, com sua linguagem pelada, em comparação com o dumping de juridiquices pilosas de uma peruca.
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LFV forjou com a língua culto-coloquial brasileira um veículo literário perfeito para o espírito crítico e a graça, um lirismo envergonhado vazando nas frestas de um ceticismo humanista. Inteligência textual em altíssimo nível. No sábado, chorei a morte do maior escritor brasileiro vivo.
September 4, 2025 at 2:32 PM
LFV forjou com a língua culto-coloquial brasileira um veículo literário perfeito para o espírito crítico e a graça, um lirismo envergonhado vazando nas frestas de um ceticismo humanista. Inteligência textual em altíssimo nível. No sábado, chorei a morte do maior escritor brasileiro vivo.
Com a IA generativa, é provável que a quase totalidade da espécie já não escreva mais nada em breve. Escrever é trabalhoso, quem fará isso se não for obrigado?
Quem quiser, é claro. Nem uma pessoa a mais.
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Quem quiser, é claro. Nem uma pessoa a mais.
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August 28, 2025 at 4:36 PM
Com a IA generativa, é provável que a quase totalidade da espécie já não escreva mais nada em breve. Escrever é trabalhoso, quem fará isso se não for obrigado?
Quem quiser, é claro. Nem uma pessoa a mais.
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Quem quiser, é claro. Nem uma pessoa a mais.
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No Globo, resenha de página inteira de “Escrever é humano”, assinada por Ubiratan Brasil. O lançamento carioca do livro é hoje, às 16h, na livraria Janela do Jardim Botânico.
August 23, 2025 at 12:23 PM
No Globo, resenha de página inteira de “Escrever é humano”, assinada por Ubiratan Brasil. O lançamento carioca do livro é hoje, às 16h, na livraria Janela do Jardim Botânico.
Literatura na primeira página da Folha, bem no dia (grande dia) em que a direita surta, se xinga, ateia fogo às vestes e se desmoraliza de vez? Temos.
August 21, 2025 at 11:29 AM
Literatura na primeira página da Folha, bem no dia (grande dia) em que a direita surta, se xinga, ateia fogo às vestes e se desmoraliza de vez? Temos.
Não é por esoterismo, frescura ou doença mental que escritores são eternos insatisfeitos. Em seu trabalho a linguagem é drama, palco, cenário, elenco, plateia, bilheteria, a rua onde se situa o teatro, a cidade em volta da rua, o país em volta da cidade e por aí vai.
Um disparate. Arte.
Um disparate. Arte.
August 21, 2025 at 11:27 AM
Não é por esoterismo, frescura ou doença mental que escritores são eternos insatisfeitos. Em seu trabalho a linguagem é drama, palco, cenário, elenco, plateia, bilheteria, a rua onde se situa o teatro, a cidade em volta da rua, o país em volta da cidade e por aí vai.
Um disparate. Arte.
Um disparate. Arte.
Não é difícil encontrar na língua e na linguagem sintomas de que esse tipo de transtorno dismórfico-temporal aspira a ser a única universalidade possível num mundo em que as big techs têm mais poder do que tinha a Igreja Católica na Idade Média.
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August 14, 2025 at 6:07 PM
Não é difícil encontrar na língua e na linguagem sintomas de que esse tipo de transtorno dismórfico-temporal aspira a ser a única universalidade possível num mundo em que as big techs têm mais poder do que tinha a Igreja Católica na Idade Média.
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Em seu excelente artigo sobre “Escrever é humano” na edição da Veja que está chegando às bancas, o redator-chefe da revista, Fábio Altman, consegue ser menos otimista do que eu ao imaginar o tempo em que algum “usuário de algoritmos”, folheando o livro, “mal entenda que escrever um dia foi humano”.
August 8, 2025 at 5:56 PM
Em seu excelente artigo sobre “Escrever é humano” na edição da Veja que está chegando às bancas, o redator-chefe da revista, Fábio Altman, consegue ser menos otimista do que eu ao imaginar o tempo em que algum “usuário de algoritmos”, folheando o livro, “mal entenda que escrever um dia foi humano”.
A coluna de Michel Laub no Valor é uma ótima resenha de meu livro “Escrever é humano” (Companhia das Letras), mas não fica nisso. Como o Michel, também pretendo continuar “lendo meus livrinhos, escrevendo meus textinhos, e espero haver um número suficiente de pessoas para continuar essa conversa”.
August 8, 2025 at 5:11 PM
A coluna de Michel Laub no Valor é uma ótima resenha de meu livro “Escrever é humano” (Companhia das Letras), mas não fica nisso. Como o Michel, também pretendo continuar “lendo meus livrinhos, escrevendo meus textinhos, e espero haver um número suficiente de pessoas para continuar essa conversa”.
Gente que se diz defensora da “tradição” oferece de bandeja a soberania nacional a uma superpotência nuclear estrangeira. Pior: a uma superpotência nuclear estrangeira governada por um autocrata infantiloide e desequilibrado. O nome disso é trairagem.
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August 7, 2025 at 11:35 AM
Gente que se diz defensora da “tradição” oferece de bandeja a soberania nacional a uma superpotência nuclear estrangeira. Pior: a uma superpotência nuclear estrangeira governada por um autocrata infantiloide e desequilibrado. O nome disso é trairagem.
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A imitação da arte feita pela IA não é arte, mas deve bastar para as exigências estéticas da humanidade em nossos tempos pré-apocalípticos. Os poucos que ficarem fiéis à arte orgânica terão que procurar produtos com o selo "AI free" num canto do mercado.
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July 30, 2025 at 10:56 PM
A imitação da arte feita pela IA não é arte, mas deve bastar para as exigências estéticas da humanidade em nossos tempos pré-apocalípticos. Os poucos que ficarem fiéis à arte orgânica terão que procurar produtos com o selo "AI free" num canto do mercado.
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No podcast Ilustríssima Conversa, falo do meu novo livro, “Escrever é humano” (Companhia das Letras), e dos desafios que nossa espécie enfrenta na escrita e na arte em geral, num mundo dominado por robôs. A entrevista em texto está disponível na Ilustríssima online, e amanhã no papel. Links abaixo.
July 26, 2025 at 2:41 PM
No podcast Ilustríssima Conversa, falo do meu novo livro, “Escrever é humano” (Companhia das Letras), e dos desafios que nossa espécie enfrenta na escrita e na arte em geral, num mundo dominado por robôs. A entrevista em texto está disponível na Ilustríssima online, e amanhã no papel. Links abaixo.
Para quem estiver em Paraty na semana que vem.
July 25, 2025 at 4:37 PM
Para quem estiver em Paraty na semana que vem.
Suprema humilhação foi eleger o Jair, ser governado pelo Jair, perder entes queridos na pandemia que o Jair agravou, ver aquela cara e ouvir aquela voz maquinando dia e noite seu projeto de poder, e saber que esse foi um mal que o país se autoinfligiu.
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July 23, 2025 at 9:53 PM
Suprema humilhação foi eleger o Jair, ser governado pelo Jair, perder entes queridos na pandemia que o Jair agravou, ver aquela cara e ouvir aquela voz maquinando dia e noite seu projeto de poder, e saber que esse foi um mal que o país se autoinfligiu.
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A coluna é de 6 de novembro de 2024. Tem gente que só está entendendo agora.
July 20, 2025 at 3:09 AM
A coluna é de 6 de novembro de 2024. Tem gente que só está entendendo agora.
Às vezes confinadas a um bairro, a uma rua, essas palavras podem também não durar mais que um verão. E daí? Quem precisa de duração, se é a fugacidade radical que as faz serem madeleines tão perfeitas, cavando túneis súbitos para reservatórios de memória?
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July 16, 2025 at 10:40 PM
Às vezes confinadas a um bairro, a uma rua, essas palavras podem também não durar mais que um verão. E daí? Quem precisa de duração, se é a fugacidade radical que as faz serem madeleines tão perfeitas, cavando túneis súbitos para reservatórios de memória?
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O argumento de que o governo Lula inventou a luta política entre ricos e pobres não resiste a uma dose de etimologia. Dois milênios antes do debate atual sobre justiça tributária, a palavra latina "tributum" já queria dizer aquilo que só pés-rapados pagavam.
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July 9, 2025 at 10:13 PM
O argumento de que o governo Lula inventou a luta política entre ricos e pobres não resiste a uma dose de etimologia. Dois milênios antes do debate atual sobre justiça tributária, a palavra latina "tributum" já queria dizer aquilo que só pés-rapados pagavam.
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