A partir desta quinta-feira (dia 20), a carteira de 344 mil usuários da Unimed Ferj passa a ser operada pela Unimed do Brasil. A mudança, determinada na semana passada pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), é uma tentativa de resolver a crise da operadora. A Unimed Ferj que acumula dívidas, e os usuários têm visto a rede credenciada sr reduzida desde o ano passado, quando a Ferj assumiu os clientes da Unimed-Rio, que por sua vez atravessa uma longa turbulência financeira de mais de uma década. O acordo não prevê a migração da carteira, mas um compartilhamento de risco. Ainda não foi definido se a Unimed do Brasil, gestora da marca Unimed em nível nacional, vai assumir na prática a operação da carteira da Ferj ou se entregará a administração a outra Unimed do sistema. O que muda? O que já foi informado é que a Unimed do Brasil vai ficar com 93% da receita das mensalidades dos usuários. A partir de outubro de 2026, esse percentual cai para 90%. Com essa parcela majoritária, a operadora deverá administrar a assistência aos consumidores. Isso inclui, por exemplo: A relação com os prestadores, como hospitais e laboratórios credenciados O repasse dos pagamentos dos médicos cooperados, ligados ainda à Unimed-Rio (leia mais abaixo) O pagamento de reembolsos, entre outros Os 7% restantes (10% a partir de outubro de 2026) da receita das mensalidades continuarão sendo recebidos pela Unimed Ferj, que deverá usar os valores para o pagamento de dívidas contraídas até o dia 30 de novembro. Como está a rede credenciada? Segundo a Associação de Hospitais do Estado do Rio (Aherj), a dívida da Unimed Ferj com unidades de saúde passa dos R$ 2 bilhões. Por isso, a rede credenciada da operadora vem reduzindo. Em fevereiro, a Rede D'Or deixou de aceitar pacientes da operadora. Em setembro, o pronto-socorro dos hospitais Pró-Cardíaco (Botafogo), Vitória (Barra), São Lucas (Copacabana) e Santa Lúcia (Botafogo), todos da Rede Américas, também suspenderam a cobertura para beneficiários da chamada rede especial (planos Delta, Plus, Safira e Unipart Especial). No descredenciamento mais recente, 13 hospitais da Rede Casa e do Grupo Prontobaby suspenderam na terça-feira o atendimento a beneficiários da operadora. A decisão, segundo as empresas, ocorre após "sucessivas tentativas de negociação" durante um ano e meio com a Unimed Ferj, que acumula R$ 240 milhões em dívidas com as unidades de atendimento. Rede Casa e Prontobaby não pertencem ao mesmo grupo, mas respondem pela maior parte da rede credenciada da Ferj. Por isso, emitiram comunicado conjunto. Atendimentos adultos e pediátricos Segundo o texto, a suspensão inclui todos os atendimentos adultos e pediátricos de emergência, exames e cirurgias eletivas da Unimed Ferj nos seguintes hospitais: Hospital Casa Premium - Rio Comprido ⁠Hospital Casa Evangélico - Tijuca ⁠Hospital Casa Menssana - Grajaú ⁠Hospital Casa São Bernardo - Barra da Tijuca Hospital Casa de Portugal - Rio Comprido ⁠Hospital Casa Rio Botafogo - Botafogo Hospital Casa Rio Laranjeiras - Laranjeiras ⁠Hospital Casa Santa Cruz - Santa Cruz ⁠Hospital Casa Ilha do Governador - Ilha OftalmoCasa - Barra da Tijuca Prontobaby Hospital da Criança - Tijuca Centro Pediátrico da Lagoa Clínica Pediátrica da Barra Além dos hospitais, a suspensão atinge o braço de homecare adulto e infantil da Prontobaby. Terão mantidos os atendimentos os cerca de 800 pacientes — 450 deles crianças e adolescentes — atualmente internados nas 13 unidades de saúde ou em cuidado domiciliar. Onde ser atendido? Em nota, a Ferj afirmou que está tomando as devidas providências para restabelecer o atendimento aos usuários, e que possui rede própria como referência aos beneficiários: os prontos atendimentos de Copacabana, Barra da Tijuca e Méier. “A lista de hospitais credenciados está disponível no site. Basta consultar o guia médico ( https://www.unimed.coop.br/site/web/riodejaneiro/guia-medico#/) e as tabelas de referência de prestadores parceiros”, diz a nota. Ainda não ficou claro se, com a transição no controle da carteira, algo irá mudar na gestão das unidades próprias da Unimed, incluindo o Hospital da Unimed, na Barra da Tijuca. O hospital, uma das principais unidades de média e alta complexidade disponíveis aos usuários da operadora, é de propriedade da Unimed-Rio, mas foi arrendado pela Ferj. Não está definido ainda se ele passará para o controle da Unimed do Brasil. A carteirinha vai mudar? Segundo a Unimed do Brasil, os usuários continuam registrados na Unimed Ferj e devem seguir utilizando a mesma carteirinha, com inicial 0972. Os canais de atendimento permanecem os mesmos. Como ficam os boletos que vencem no início de dezembro? Segundo a Unimed do Brasil, haverá mudanças nos boletos a partir deste dia 20. A cobrança das mensalidades passará a ser emitida pela empresa Solutions BPO de Serviços. A operadora, porém, não deu orientações em relação às cobranças que vencem a partir desta data, especificando se os usuários devem quitar os boletos já recebidos ou se devem buscar um novo. E os médicos cooperados? A mudança na administração da carteira acontece um ano e meio após o envio dos usuários da então Unimed-Rio para a Unimed Ferj, que antes atuava não como operadora, mas apenas como entidade representativa das Unimeds fluminenses. A primeira migração dos consumidores, em 2024, acordada pela ANS e outras autoridades, se deu após mais de uma década de crise financeira pela Unimed-Rio. O quadro, porém, não melhorou. De lá para cá, os problemas se acumularam. Médicos cooperados relatam atrasos nos pagamentos e passaram a recusar atendimento aos usuários. Os profissionais são vinculados à Unimed-Rio, que paga os honorários a partir dos repasses da Ferj. No entanto, os médicos não vinham recebendo de nenhuma das duas. O total devido aos médicos não é conhecido. Ainda não está claro se algo irá mudar, na prática, para os médicos cooperados com a mudança na administração do plano de saúde da Ferj para a Unimed do Brasil. O que se sabe, pelo comunicado da ANS, é que o pagamento dos profissionais vai passar a funcionar a partir dos repasses da Unimed do Brasil. E que os valores atrasados deverão ser regularizados pela Unimed Ferj.

Negócio do banco de Daniel Vorcaro com a estatal Banco de Brasília deixa mercado em alerta

Movimento é visto como reação ao desgaste com Hugo Motta e Guilherme Derrite, e à crescente irritação do Senado com os recuos e improvisos da Câmara

Governo, oposição e governadores pressionaram; atuação de Derrite isolou o texto e desgastou Motta