Teoria Estética bot
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Trechos selecionados da Teoria Estética, obra póstuma do filósofo alemão Theodor Adorno.
Tradução própria, by @italolasouza.bsky.social
https://medium.com/@anamnesedagenese
O conceito puro de arte não é o âmbito de um campo assegurado de uma vez por todas, mas antes se estabelece em cada caso como um equilíbrio momentâneo e frágil, que é mais do que apenas uma comparação com o equilíbrio psicológico entre o Eu e o Id.
January 20, 2025 at 2:13 PM
Na relação com a realidade empírica, as obras de arte recordam o teologúmeno segundo o qual, no estado de redenção, tudo seria como é, e ainda assim seria completamente outro. É inconfundível a analogia com a tendência da profanidade de secularizar o domínio sagrado, +
January 19, 2025 at 2:12 PM
A liberdade das obras de arte, de que se vangloria a sua autoconsciência e sem a qual elas não existiriam, é a astúcia da sua própria razão. Todos os seus elementos estão acorrentados àquele sobrevoo que constitui a sua felicidade e que a todo instante se vê ameaçado por uma nova queda.
January 17, 2025 at 3:04 PM
As camadas fundamentais da experiência, que motivam a arte, estão relacionadas com aquelas do mundo objetivo, diante do qual se retrocede. Os antagonismos não resolvidos da realidade retornam nas obras de arte enquanto problemas imanentes à sua forma.
January 16, 2025 at 1:08 PM
Na sua relação com a empiria, as obras de arte salvaguardam, de modo neutralizado, aquilo que uma vez a humanidade experimentou literalmente e de modo não diferenciado na existência, e que foi expulso pelo espírito.
January 15, 2025 at 1:45 PM
A força produtiva estética é igual àquela do trabalho útil e contém em si a mesma teleologia; e aquilo que se pode chamar de relações de produção estética, tudo aquilo onde força produtiva se encontra inserida e na qual ela é ativa, são sedimentos ou marcas desse processo social.
January 14, 2025 at 1:52 PM
Que as obras de arte, enquanto mônadas sem janelas, "representem" o que elas mesmas não são, dificilmente pode ser compreendido de outro modo a não ser pelo fato de que a sua dinâmica própria, sua historicidade imanente enquanto dialética da natureza e da dominação da natureza, +
January 13, 2025 at 1:48 PM
Mesmo a obra de arte mais sublime assume uma posição determinada em relação à realidade empírica, ao mesmo tempo em que rompe o seu feitiço, não de uma vez por todas, mas sempre e novamente de modo concreto, inconscientemente polêmica contra a situação do momento histórico.
January 12, 2025 at 1:53 PM
A comunicação das obras de arte com o exterior, com o mundo diante do qual elas feliz ou infelizmente se fecham, se dá através da não-comunicação; é precisamente nisso que elas se revelam como refratadas. +
January 11, 2025 at 1:48 PM
Se a arte se opõe à empiria através do momento de sua forma - e a mediação entre forma e conteúdo não deve ser apreendida sem a sua diferenciação -, então a mediação deve ser buscada, de modo relativamente geral, na ideia de que a forma estética é conteúdo sedimentado.
January 10, 2025 at 2:09 PM
Enquanto artefatos, produtos do trabalho social, as obras de arte se comunicam com a empiria, que elas rejeitam e de onde retiram seu conteúdo. A arte nega as determinações categoriais impressas na empiria e não obstante oculta na sua própria substância um existente empírico.
January 9, 2025 at 2:07 PM
As obras de arte são vivas enquanto falam de uma maneira que é negada aos objetos naturais e aos sujeitos que as produziram. Falam em virtude da comunicação de tudo que há de individual nelas. Assim entram em contraste com a dispersão do que simplesmente existe.
January 8, 2025 at 5:36 PM
Enquanto que a linha de demarcação entre a arte e a empiria não deve ser apagada nem mesmo pela heroização do artista, as obras de arte possuem no entanto uma vida sui generis. Não é meramente o seu destino exterior.
January 7, 2025 at 2:04 PM
Somente em virtude da separação da realidade empírica, que permite à arte modelar a relação entre todo e as partes de acordo com as suas necessidades, é que a obra de arte se torna um ser à segunda potência.
January 6, 2025 at 1:49 PM
Por si, toda obra de arte quer ter a identidade consigo mesma, que na realidade empírica é violentamente imposta a todos os objetos enquanto identidade com o sujeito, e assim é negligenciada. A identidade estética deve auxiliar o não-idêntico, que é oprimido na realidade pela compulsão à identidade.
January 5, 2025 at 1:41 PM
A arte e as obras de arte são debilitadas, uma vez que não são apenas dependentes do heterônomo, mas também porque até na formação da sua autonomia, que ratifica a posição de um espírito cindido e baseado na divisão do trabalho, elas não são somente arte, mas também algo estranho algo oposto a ela.
January 4, 2025 at 12:54 PM
A estética hoje não possui nenhum poder para definir se ela se converterá no necrológio da arte; mas ela também não deve atuar como um orador fúnebre; em geral, ela não deve constatar o fim, se regozijar com o passado e nem, independentemente do título, aliar-se à barbárie, +
January 3, 2025 at 1:32 PM
A perspectiva hegeliana de uma possível morte da arte está em conformidade com o seu vir a ser. Que ele tenha pensado a arte como transitória e ao mesmo tempo a tenha incluído no espírito absoluto é algo que está em harmonia com o caráter duplo do seu sistema, +
January 2, 2025 at 2:28 PM
Para uma estética reorientada, é axiomática a percepção elaborada por Nietzsche contra a filosofia tradicional, a de que até mesmo aquilo que vem a ser pode se identificar como verdade. O ponto de vista tradicional deve ser invertido: verdadeiro é unicamente aquilo que vem a ser.
December 31, 2024 at 1:08 PM
A arte só é interpretável pela sua lei de movimento, não por meio de invariantes. Ela se determina em relação com aquilo que ela não é. O que há de especificamente artístico nela deve ser derivado do seu outro: dele provém o conteúdo; +
December 30, 2024 at 12:47 PM
A tentativa de subsumir ontologicamente a gênese histórica da arte em um motivo supremo se perderia necessariamente em tantos disparates que a teoria sairia de mãos vazias, ficando apenas com a percepção de que as artes não se deixam classificar em nenhuma identidade ininterrupta da arte.
December 28, 2024 at 12:47 PM
A arte tem seu conceito em uma constelação de momentos que se modificam historicamente; ela se fecha à definição. Sua essência não é deduzível de sua origem, como se a primeira fosse uma fundação na qual tudo o que se segue fosse construído e desmoronasse logo que fosse abalado.
December 27, 2024 at 1:32 PM
Diante daquilo em que a realidade se converteu, a essência afirmativa da arte, que lhe é inevitável, tornou-se insuportável. A arte deve se voltar contra aquilo que constitui o seu próprio conceito, tornando-se assim incerta até sua fibra mais íntima.
December 26, 2024 at 12:43 PM
Através da sua inevitável renúncia à teologia, da reivindicação inabalada pela verdade da redenção, uma secularização sem a qual a arte nunca teria se desenvolvido, a arte se condena a fornecer ao existente e ao vigente uma consolação, +
December 25, 2024 at 1:09 PM
As obras de arte retiram-se do mundo empírico e trazem à tona um outro com uma essência própria, oposto ao primeiro como se ele também fosse um existente. Assim, elas tendem a priori para a afirmação, por mais trágicas que se comportem.
December 24, 2024 at 2:10 PM