E também se escorando como um super-herói do grande medo vermelho. Jânio e Collor pela Guerra Fria e Bolsonaro pelo antipetismo voraz.

Com vários prontos pra lucrar em cima e desaparecerem em questão de milésimos na hora da pomada.

Mas parando de jogar nomes ao léu, o perfil direitista tende a ser aquela velha máxima do Janio, Collor, Jair e o próximo.

Um candidato boquirrotamente outsider (e com o cu entalado dentro do establishment) fazendo um populismo apolítico blindado pela imprensa e lido como um salvador.

Eu não citaria o Nikolas Ferreira como candidato a isso (tá mais pra um Jordan Bardella que fala uai), mas uma das possibilidades creio eu que estivesse no dono dele: André Valadão.

Até pq a Lagoinha mistura coachismo e neopentecostalismo como ninguém (além de poder ter trânsito entre as elites).

A ideia não é de um Trump brasileiro (ou de um "Biden brasileiro" como tentaram ungir o Lula), mas de um Milei/Bukele/Noboa brasileiro.

E o Gustavo Lima foi o primeiro balão de ensaio disso (embora o Pablo Marçal tenha tido uma demonstração muito mais forte disso em 2024).

Mas se existe uma coisa que 2014 ensinou foi que não é preciso ter carinho com os adversários pra conseguir legitimidade na base do voto e do convencimento.

E a "comparação de legado" do pós-golpe tá aí pra ser encarada e vencida.

Se eles acham que dá pra realmente ganhar no político E no financeiro ao mesmo tempo, aí vai ter que se traçar uma saída anti-cíclica pra vencer a inflação dos alimentos (que era uma preocupação de 23 pra 24 mas que catalisada na insatisfação acabou explodindo agora).

Aí, pro governo, pode existir uma saída na base da repactuação com os setores produtivos se eles estiverem com a noção de que tá sendo encurralado um novo ciclo de crescimento com a Selic próxima dos 15% (e que o Galipolo tende a manter até prova em contrário).

O "puxaço" que tirou 8pp pra cada lado de agora envolve um segundo elemento que foi junto nos dois contextos já citados: uma onda de insatisfação.

Pr'além da natureza desses movimentos, houve junto uma demonstração de força pra constranger quem se impusesse se colocar contra isso.

E se tiver saúde, sai quando chegar nos 70 pra ser candidato de novo (e se Deus quiser, pra presidência da república)

Se a pior marca da avaliação do Lula até aqui - no momento ruim que só agora começa-se levemente a sair (mesmo com a Selic do glorioso "BC independente" subindo) - tá em 47%...

Crer que ele não é favorito à reeleição é quase dizer "não olhe pra cima" em modo de mantra achando que isso muda algo.