Mas eu acho que ele está bolado porque ontem mesmo eu já recusei ajudar numa tarefa e andei cortando umas ligações.

Eu não sei. Suponho que ele esteja preocupado com meu estresse, mas não percebe que parte do estresse vem da demanda constante dele. Eu espero que ele só queira criar um momento de leveza, preocupação de "amigo".

Caso contrário vai ser muito, mas muito estranho.

Hahahahahaha!

Acabou de mandar foto do lugar. Cheio de plantas, clima meio tilele e comida vegetariana.

Enquanto isso, meu psiquiatra disse que ele é motivo de parte dos meus problemas.

Não. Os remédios estão ajustados. Mas passou o contato de um terapeuta comportamental. E disse que posso tomar meio comprimido de alprazolam se tiver outra crise.

Crise de ansiedade. Por causa de trabalho.

Ao menos agora eu tenho uma ideia do que está acontecendo.

Eu só fiquei meio "assim" com o episódio de Natal, mas maratonei num fim de semana.

Não é só ansiedade.

Chega quase ao pavor. Toda hora penso em algo que pode dar errado. A cada reunião do início vejo um conceito errado.

Meu nome tem um certo conceito no mercado e acho que esse projeto vai levar ele para o limbo.

Quase nada, mas hoje tenho psiquiatra, então tudo pode acontecer...

Devo ir pra uma hoje.

1 segundo é a duração de 9.192.631.770 oscilações da radiação correspondente à transição entre dois níveis hiperfinos do estado fundamental do átomo de césio-133

Meu conhecimento de física é parco, física de partículas é ainda pior.

Mas depois de um mês de remédios novos, pensamentos estranhos têm aparecido pela manhã. E são inconstantes. Então agora tô pensando em teoria musical e ondas.

Ainda bem que meu psiquiatra vai me atender hoje.

Vim aqui dizer que nunca comi miojo. Só isso mesmo...

Ele não rodou a faca. Pra mim é imperdoável.

Eu não sei como não percebi na época. Tem coisas que só o tempo pra mostrar pra gente, né?

Eu queria dizer que ela não era uma pessoa ruim, mas era.

Passei boa parte da vida achando que isso acontecia porque eu era esquecível, chata e desagradável. Talvez eu até seja, mas eu tinha uma sombra.

Aparentemente ela não estava satisfeita só com a atenção que recebia. Ela parecia querer me tornar invisível. Por isso ela se revoltou quando passei no CEFET e quando passei na UFMG.

Perceber isso acabou com a culpa que senti quando ela morreu. Eu me sentia culpada pelo alívio de ter uma vida.

Ela ficou com ele na festa seguinte.

O curioso é que passei a vida pensando como seria se eu tivesse recebido a mesma atenção que ela recebia da minha família sem esforço.

Depois que ela morreu percebi que ela se esforçou pra ter até o que era meu, meio que roubando minha história.

Explico: quando nós mudamos de volta pra BH, ela começou a tratar minhas amigas de Sarzedo como amigas dela. As meninas eram da minha sala no fundamental e nem conversavam direito com minha irmã.
O primeiro namorado dela foi um cara que quis ficar comigo numa festa e eu disse não.