Por enquanto é isso!

A cesta de comentários é a que difere entre cada escola, porque são os comentários feitos pra estudar os suttas e os vinayas feitos pelos monges de cada escola

As cestas de discursos e a de disciplina têm paralelos entre todas as escolas antigas, e são as que são usadas de referência pra estudar budismo, porque em tese são de fato as coisas que o Buda ensinou

Enfim, cada escola antiga tem sua coleção de textos, o seu cânone. Esse cânone é a tripitaka, que se traduz pra "três cestas". Como o nome diz, cada cânone tem três cestas: a cesta de discursos (sutta pitaka), a cesta de disciplina (vinaya pitaka) e a cesta de comentários (abhidhamma pitaka)

Toda escolha de palavras que eu usar aqui sobre budismo vai ser em pali então, por uma questão de preferência. Dhamma ao invés de Dharma, Kamma ao invés de Karma, Sutta ao invés de Sutra, etc.

É o registro mais antigo que a gente tem dos ensinamentos, feito pela escola Theravāda na língua Pali.

Cada escola tem a sua coleção de discursos, e o pessoal que gosta do budismo original sempre se direciona a ler a coleção dessa escola, coleção que se chama "o cânone Pali"

Acontece que os monges haviam passado os discursos do Buda de geração em geração pra que isso não se perdesse no tempo. Isso acontece da morte do Buda (500 a.C) até o século 1 a.C, quando foi escrita pela primeira vez por uma das escolas

Mas na época do Buda histórico (o Sidarta Gautama) não existiam registros escritos das coisas que ele ensinava. Tudo era passado verbalmente para seus seguidores, tanto leigos quanto monges. Como saber então quais eram seus ensinamentos?

A parte do budismo que eu mais gosto, a que mais me interessa é a chamada "budismo inicial" ou "budismo original" ou "budismo pré-sectário" que é o budismo que existia antes da divisão do budismo entre várias escolas

aaaaaaaa!!!! coisa boa! vou começar a pensar nisso então

Me abriu a mente de um jeito que me fez ter vontade de ler o abidhamma, não só o do cânone em pali como o de outras tradições também

Tudo que era dito nas palestras eram entendimentos dos professores por conta de coisas lidas na parte de comentários que os monges faziam (o abidhamma) que eu me recusava a ler por um purismo meio bobo

O jeito que eu fiquei me sentindo pelo resto da noite foi muito bom, senti realmente que seguir o caminho óctuplo e colocar em prática essas coisas pode Realmente fazer coisas por você

Ficou bem de um jeito muito especial, como se a dor fosse só uma coisa neutra que eu estivesse observando e não mais algo que me trouxesse sofrimento.

Foi tão intenso que eu simplesmente parei de meditar quando isso me pegou e fiquei uns 20 minutos refletindo

Depois de um tempo eu simplesmente consegui me acalmar e sair do pânico e eu parei de sofrer do jeito que tava sofrendo. Foi um entendimento tão Forte e Profundo da terceira nobre verdade (o fim do sofrimento se dá através do fim do desejo/apego/vontade) que tudo ficou bem

Eu fiquei tentando pensar que "ok, a minha respiração está ruim, o ar não entra direito, meu peito dói, mas isso também muda. Que o que está me fazendo sofrer de verdade não é a dor em si, mas esse medo e pânico de estar passando mal que está trazendo o sofrimento".

E foi aí que tudo melhorou

Todo o rolê do vipassana é que você tem que entender enquanto está prestando atenção nas sensações do seu corpo que o que está se passando é anicca (impermanente, em fluxo) e tudo está sempre mudando

Foi aí que eu pensei em tentar aplicar isso pra _essa_ sensação de falta de ar

Eu pirei tanto que eu simplesmente parei de meditar e comecei a contar de 1 até muito (acho que parei no 843?) pra conseguir me acalmar e poder continuar lá sentado

Chegando na hora de meditar de noite eu ainda estava com o problema e isso ainda estava me deixando ansioso

No sexto dia do retiro, durante a meditação da tarde, eu comecei a ter bastante dificuldade pra respirar. Isso me deixou muito nervoso né, porque é um lugar que você tem que evitar todo tipo de contato com as pessoas e foi exatamente durante uma meditação em grupo.