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Deficiência e maternidade: pesquisadora brasileira aborda o capacitismo obstétrico
De uns tempos para cá, os debates sobre violência obstétrica têm ganhado força. E as conversas sobre os direitos das pessoas com deficiência também. Mas estamos dando atenção à soma desses dois temas? Estamos olhando para os desafios enfrentados por grávidas e mães com deficiência? Uma contracartilha desenvolvida pela enfermeira obstétrica Fernanda Morais visa dar visibilidade a esse tema tão pouco abordado. O material nasceu a partir da tese de doutorado desenvolvida por ela. “É menos sobre ensinar cartilhas e modelos prontos, mas é sobre refletir sobre essa relação de cuidado. Essa contracartilha fala exatamente dessas barreiras que as mulheres enfrentaram no cotidiano de cuidados em obstetrícia que elas tiveram, mas ao mesmo tempo, a partir das barreiras, abre uma possibilidade de um cuidar diferenciado, um cuidar inclusivo”, diz Fernanda em um comunicado da Fiocruz – entidade na qual trabalha, através do Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz). O material, que foi publicado com recursos de acessibilidade, tem o apoio da Fiocruz, do Sistema Único de Saúde (SUS) e do Ministério da Saúde. Explica sobre capacitismo (visão de inferioridade atribuída às pessoas com deficiência) e violência obstétrica (práticas abusivas ou desrespeitosas durante gestação, parto e pós-parto). “Quando essas violências se somam, surge o capacitismo obstétrico, marcado por barreiras físicas, comunicacionais e atitudes que negam autonomia e direitos”, explica o comunicado. O material fala sobre as dificuldades físicas, de comunicação e sobre atitudes discriminatórias que ferem os direitos das mulheres com deficiência que engravidam. Um ponto de destaque é o fato de que, para muitas pessoas, essas mulheres não deveriam desejar vivenciar a maternidade. “Imaginar que essas mulheres não podem escolher ser mães significa negar a elas o direito de construir histórias com a própria maternidade. Queremos incentivar a sensibilidade para usar esse material como ferramenta para trabalhos de educação permanente, rodas de conversa com usuárias nos serviços, nas escolas", diz Martha Moreira, pesquisadora e coordenadora do Núcleo de Equidade, Diversidade e Políticas Afirmativas do IFF/Fiocruz, que orientou Fernanda no doutorado. Além de evidenciar problemas, a contracartilha também aponta caminhos para melhorar a inclusão de gestantes e mães com deficiência nos ambientes destinados ao cuidado com a saúde. Quer acessar o material completo? Clique aqui.
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December 25, 2025 at 7:53 PM
A luta de um macaco raríssimo para sobreviver a uma devastadora enchente
Em novembro deste ano a Indonésia viveu um verdadeiro pesadelo. Uma enchente violenta causou a morte de mais de mil pessoas e deixou cerca de 1,2 milhão de desabrigadas. O desastre atingiu as províncias de Sumatra do Norte, Sumatra Ocidental e Aceh. Paralelamente ao drama humano, os animais da região também sofreram muito. Neste momento, especialistas temem pela sobrevivência de uma raríssima espécie de macaco, o orangotango-de-tapanuli (Pongo tapanuliensis). Imagem da enchente na Indonésia, em novembro de 2025 Indonesian National Board for Disaster Management via Wikimedia Commons Antes da enchente, estimava-se que menos de 800 indivíduos existiam na natureza. Eles vivem exclusivamente na Sumatra do Norte, em uma área que já estava ameaçada pela mineração, plantações de palma para produção de óleo, além de um grande projeto hidrelétrico. Agora, acredita-se que entre 33 e 54 orangotangos-de-tapanuli tenham morrido na catástrofe do mês passado. “É um desastre total”, diz o antropólogo biológico Erik Meijaard, um dos primeiros especialistas a descrever a espécie, em entrevista ao The Guardian. “O caminho para a extinção agora é muito mais íngreme”, complementa. Erik e outros pesquisadores publicaram um artigo sobre um assunto, que ainda será revisado por pares. O texto frisa que a mortalidade anual de mais 1% já seria grave para a espécie e que a estimativa preliminar de 6,2% a 10,5% de indivíduos mortos pela enchente é muito preocupante. “Apelamos ao governo indonésio e à comunidade internacional para que tomem medidas imediatas e forneçam apoio para garantir a sobrevivência do orangotango-de-tapanuli”, diz o artigo. Os pesquisadores pedem que o poder público promulgue medidas emergenciais de proteção, interrompa operações que prejudicam o habitat do macaco e trabalhe na expanção das áreas protegidas e na restauração da floresta desmatada. Também frisa que, para isso, o apoio estrangeiro seria muito importante – com recursos técnicos e financeiros.
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December 25, 2025 at 7:52 PM
Farol da Barra, de Salvador, se destaca em premiação de fotos de monumentos
Construído em 1698, o Farol da Barra (ou Farol de Santo Antônio) é o mais antigo farol em atividade no Brasil. É também um dos principais pontos turísticos de Salvador, na Bahia, e já foi fotografada inúmeras vezes. Mas uma foto em particular – aérea, com a cidade ao fundo – conseguiu capturar a beleza do lugar por um ângulo privilegiado. E a imagem ganhou a etapa brasileira da premiação Wiki Loves Munuments, que elege as melhores fotos de monumentos do mundo. O autor da foto já venceu a competição duas vezes na fase global. Ele é Donatas Dabravolskas, fotógrafo lituano que mora no Brasil desde 2013. Anteriormente, seus cliques premiados retratavam o Rio de Janeiro – mostrando o Cristo Redentor e o Real Gabinete Português de Leitura. A Wiki Loves Monuments também divulgou as outras imagens brasileiras selecionadas pelos jurados, incluindo o ranking das dez favoritas, seis menções honrosas, e uma seleção especialmente voltada ao Maranhão. De acordo com os organizadores, foram “escolhidas com base na qualidade da fotografia, da importância histórica, cultural e/ou política dos monumentos retratados”. O segundo lugar mostra dois homens trabalhando em frente ao monumento Os Candangos, em Brasília. Localizada na Praça dos Três Poderes, a escultura homenageia os operários que ajudaram a construir a Capital. A autora da foto é Pilar Saramago, que escolheu um ponto de vista inusitado, bem próximo ao chão, colocando uma das pessoas em destaque. Os Candangos, em Brasília (DF) Pilar Saramago via Wiki Loves Munuments A medalha de bronze foi dada a uma imagem da Igreja Matriz de Santo Antônio, que fica em Tiradentes (MG). Bem mais parecida à que venceu o primeiro lugar, a fotografia é aérea e não mostra pessoas. O clique, feito por Ricardo Costa, evidencia as históricas casas do entorno da igreja e a natureza do local. Igreja Matriz de Santo Antônio, em Tiradentes (MG) Ricardo Costa via Wiki Loves Munuments Dentre as fotografias feitas no Maranhão, a vencedora foi uma que mostra a Praça do Palácio dos Leões, em São Luís. O autor é João Maria Bezerra, que retratou pessoas apreciando a bela vista do local durante o pôr-do-sol. Praça do Palácio dos Leões, em São Luís (MA) João Maria Bezerra via Wiki Loves Munuments
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December 25, 2025 at 3:21 PM
Biodegradável e sem resíduos: japoneses criam plástico "perfeito"; vídeo
Pesquisadores criaram um plástico utilizando celulose vegetal de rápida decomposição na natureza, forte e flexível. O estudo, publicado em novembro no periódico Journal of the American Chemical Society, foi desenvolvido pelo Instituto de Física e Química (RIKEN), no Japão. Os plásticos biodegradáveis demoram muito tempo para serem degradados, principalmente no ambiente marinho e não conseguem incluir microplásticos no processo. Atualmente, já foram descobertos micropartículas de plástico em todos os ecossistemas e até mesmo no organismo humano. Em 2024, o líder do novo estudo, Takuzo Aida, desenvolveu um plástico capaz de se degradar em água salgada, sem deixar microplásticos no ambiente. Veja o vídeo do novo plástico sendo completamente dissolvido na água após apenas 2 horas: O novo plástico tem dois polímeros e um deles é extraído da celulose de madeira biodegradável, denominado carboximetilcelulose. Posteriormente, a equipe procurou qual seria o componente do segundo polímero e encontrou um composto de íons guanidínio de polietilenoimina (PEI). Os dois componentes (celulose e íons) foram misturados e colocados na água em temperatura ambiente. As moléculas de íons estavam carregadas positivamente, enquanto a celulose, negativamente. Essa diferença de cargas fez com que os dois componentes se atraíssem como imãs, formando uma rede reticulada — e dando a característica de resistência ao plástico. No entanto, na presença de água salgada, as pontes de sal que mantinham a união da rede foram desfeitas. Para atenuar essa possível decomposição acidental, os pesquisadores acreditam que o plástico possa receber um revestimento superficial fino de um polímero biodegradável. Enfrentando a fragilidade Apesar da praticidade e do avanço tecnológico, o plástico não tem as características necessárias para ser fabricado e usado em grande proporção. Além disso, em um primeiro momento, por causa da celulose, o material apresentava muita fragilidade — era duro, porém frágil como vidro. A equipe queria tornar o produto mais flexível, mas mantendo sua dureza. Após muito estudo, os pesquisadores descobriram que o cloreto de colina (sal orgânico) poderia trazer a característica de plasticidade ao produto. A quantidade de sal adicionado nos polímeros pôde ajustar o grau de flexibilidade. Com a adição do sal orgânico, o plástico foi capaz de se alongar em até 130% do tamanho original, atingindo 0,07 milímetros de espessura. "Enquanto nosso estudo inicial se concentrou principalmente no aspecto conceitual, este estudo mostra que nosso trabalho agora está em um estágio mais prático", observa Aida, em comunicado. Agora, o plástico do estudo possui a característica de ser tão resistente quanto qualquer outro plástico convencional. A equipe de pesquisa acredita que o produto possa ser aplicado no cotidiano das pessoas sem prejudicar o meio ambiente. "A natureza produz cerca de um trilhão de toneladas de celulose por ano", considera Aida. "A partir dessa substância natural abundante, criamos um material plástico flexível, porém resistente, que se decompõe com segurança no oceano. Essa tecnologia ajudará a proteger a Terra da poluição plástica", conclui.
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December 25, 2025 at 3:21 PM
Alemão coleciona 11 mil globos de neve e bate recorde mundial pela 2ª vez
Com o recorde de maior coleção de globos de neve do mundo pelo Guinness World Records, Josef Kardinal, natural de Nuremberg, na Alemanha, é dono de 11 mil globos. Este feito foi confirmado no último dia 16 de dezembro. Em 2002, o recordista conquistou o título pela primeira vez quando tinha 6.100 dos objetos típicos do Natal. Desde então, Kardinal continuou sua coleção a ponto de dobrar a quantidade de globos de neve. Emma Salt, avaliadora do Guinness, visitou a casa do recordista e fez uma tour pelos itens colecionáveis. Nesse momento, Kardinal revelou como cuida e mantém os globos de neve intactos e com boa aparência. O alemão chegou a desembalar um novo item para a coleção na frente de Salt, que representava o Expresso de Hogwarts de Harry Potter. Emma Salt entregando o certificado do título de maior coleção de globos de neve para Josef Kardinal Guinness World Records A saga do recordista começou em 1984, quando ele recebeu seu primeiro globo de neve de presente. Depois de ganhar alguns dos itens dos amigos, ele começou a comprá-los. Não satisfeito apenas com os globos de neve da sua cidade, Kardinal sempre buscou obter novos itens exclusivos durante suas viagens ao lado de sua esposa. O recordista não sossegava até encontrar o globo ideal para levar para casa. A coleção de Kardinal engloba uma grande diversidade de itens, indo desde globos de neve pequenos, como um broche de roupa, até a um poste de luz maior que o próprio colecionador. Os objetos mais exclusivos incluem um globo de neve no formato de um Titanic afundando. Outro deles tem o formato de um telefone da Coca-Cola e outro tem a forma de um helicóptero pilotado pelo Papai Noel. Galerias Relacionadas Muitos dos globos fazem referência a filmes, como Star Wars e O Senhor dos Anéis. Outros representam momentos históricos como a de um boneco usando máscara em referência ao confinamento devido a Covid-19, contendo a frase “corona 2020”. A maioria dos itens adquiridos por Kardinal são raros e de edições limitadas, o que significa que um colecionador atual teria dificuldades em adquirir. "Eu amo o romantismo dos globos de neve e como eles são bonitos quando você os agita e a neve cai”, disse Kardinal para o Guinness. "As pessoas adoram globos de neve porque eles representam um mundo perfeito. Obviamente, um mundo que não é realista, e é por isso que nos sentimos atraídos por eles". Josef Kardinal no meio de sua coleção Guinness World Records Produzido em 1889, o globo de neve com uma miniatura da Torre Eiffel é o item mais antigo adquirido pelo colecionador. A coleção também é composta por um globo que representa a casa de Kardinal, além da peça 10.000 que foi encomendada pelo recordista especialmente para comemorar o marco alcançado. Apesar de todos os globos possuírem neve, o colecionador não gosta de frio. "Ironicamente, o clima preferido de Josef é o sol, mas ele explica que não neva muito aqui em Nuremberg, então a maior quantidade de neve que ele vê é dentro de seus globos de neve”, afirma Salt. "Josef está ficando sem espaço e calcula que o máximo de globos de neve que cabem em sua casa é 12.000, então não restam muitos para colecionar". A coleção de globos de neve Guinness World Records Sua coleção de 11 mil itens está guardada no porão da casa de Kardinal e suas visitas sempre podem apreciar a coleção. O colecionador revelou para o Guinness que as pessoas sempre se surpreendem com a quantidade de itens. Além disso, os visitantes começam a reparar nos globos de neve que existem nas lojas após visitar sua casa. "A neve dentro de um globo de neve representa perfeitamente o Natal, e é por isso que você não pode ir a uma feira de Natal e não ver globos de neve”, afirma Kardinal. O alemão planeja levar sua coleção para a vida toda. "Josef sente um imenso orgulho em ser detentor de um título do Guinness World Records porque adora ser reconhecido por essa grande paixão em sua vida”, conta Salt.
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December 25, 2025 at 3:21 PM
Mortes por sarampo despencaram, mas aumento de casos ainda é realidade
Um recente relatório da Organização Mundial de Saúde (OMS) mostra que as mortes por sarampo diminuíram 88% entre 2000 e 2024. A instituição diz que, desde 2000, a vacinação salvou a vida de aproximadamente 59 milhões de pessoas. Mesmo assim, a OMS frisa a estimativa de que 95 mil mortes foram causadas por sarampo em 2024. As principais vítimas são crianças menores de cinco anos. “Embora esse número esteja entre os mais baixos desde 2000, continua sendo inaceitável que ocorram mortes por uma doença que pode ser prevenida com uma vacina muito eficaz e barata”, ressalta um comunicado da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) sobre o tema. Em 2024, os casos de sarampo aumentaram 42% na Europa e 47% no Sudeste Asiático. Na região identificada pela OMS como Mediterrâneo Oriental, o aumento foi de 86%. Nas Américas a situação foi diferente. Entre 2019 e 2024, atingiu uma diminuição de 98% no número de casos estimados. Nossa região foi a única sem surtos significativos de sarampo no ano passado. No entanto, a OMS anunciou recentemente que as Américas perderam o status de eliminação do sarampo, alcançado em 2024. A notícia veio em novembro. Uma comissão da OMS determinou que a transmissão endêmica do sarampo foi restabelecida no Canadá, onde o vírus circulou por pelo menos 12 meses. “Como resultado, as Américas, que foram a primeira região do mundo a eliminar o sarampo duas vezes, perderam agora o status de área livre da doença. Todos os demais países continuam mantendo o status de eliminação do sarampo”, informa a OPAS. “O vírus do sarampo é o mais contagioso que existe, e esses dados mostram mais uma vez como ele aproveita qualquer brecha em nossas defesas coletivas. É uma doença que não reconhece fronteiras, mas quando todas as crianças, em todos os lugares, forem vacinadas, surtos custosos podem ser evitados, vidas podem ser salvas e essa doença pode ser eliminada de países inteiros”, aponta Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS. No Brasil, o Sistema Único de Saúde (SUS) fornece a imunização contra o sarampo para pessoas entre 12 meses e 59 anos. O Ministério da Saúde informa que há duas vacinas disponíveis na rotina dos serviços públicos: tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola) e tetraviral (sarampo, caxumba, rubéola e varicela).
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December 25, 2025 at 12:36 PM
Brasil chega à marca de 30 mil cavernas após descoberta em Minas Gerais
O Brasil alcançou o número de 30 mil cavidades naturais subterrâneas registradas, segundo o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). O feito aconteceu graças ao recente reconhecimento da Gruta do Pica-Pau, localizada no Parque Nacional Cavernas do Peruaçu, em Minas Gerais. De acordo com o ICMBio, a Gruta do Pica-Pau é tida como a mais significativa entre as novas descobertas no Peruaçu. Isso se dá por causa de dimensões, volume, espeleotemas e diversos outros atributos. O Cadastro Nacional de Informações Espeleológicas (CANIE) aponta que quase 4 mil novas cavernas brasileiras foram registradas em 2025. A média nacional era de 1,4 mil entre 2014 e 2024. “Além do imenso potencial espeleológico do Brasil, outros motivos levam a um aumento significativo de cavernas registradas no país, entre eles o fortalecimento da legislação e das políticas públicas voltadas à proteção do patrimônio espeleológico, que exigem o registro de cavidades naturais subterrâneas no CANIE”, ressalta Jocy Cruz, coordenador do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Cavernas (ICMBio/Cecav). Este ano, a Unesco decretou que o Parque Nacional Cavernas do Peruaçu é Patrimônio Mundial Natural da Humanidade. Foi a primeira vez que Minas Gerais recebeu um reconhecimento desse tipo. O parque fica no encontro das cidades de Itacarambi, Januária e São João das Missões – a 670 quilômetros de Belo Horizonte. Abriga mais de 250 cavernas, que podem chegar a mais de 100 metros de altura, além de cânions com 200 metros de profundidade. Por lá também já foram encontradas pinturas rupestres de quase 12 mil anos.
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December 25, 2025 at 12:35 PM
Campanha alerta para a diminuição das doações de leite materno no fim do ano
O Banco de Leite Humano (BLH) do Instituto Nacional da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz) vem tentando chamar a atenção para o baixo índice de doações de leite materno no fim do ano. Para isso, lançou a campanha “Verão que Aquece Corações: doe leite humano e salve vidas”. A instituição, que fica no Rio de Janeiro, divulgou dados sobre o problema. A nível nacional, as doações caíram gradativamente nos quatro últimos meses de 2024. Setembro superou agosto, chegando a 16,7 mil doadoras. Outubro contou com pouco mais de 16 mil, novembro com menos de 15 mil e dezembro não chegou à marca de 14,5 mil doadoras. Neste ano, a soma das doadoras cresceu entre agosto e outubro. Mesmo assim, a tendência é que dezembro apresente queda como no ano passado. Na análise dos dados referente ao estado do Rio de Janeiro e ao IFF/Fiocruz, vemos variações quanto ao número de doadoras no segundo semestre de 2024. Mas, nos dois cenários, o mês de dezembro apresenta um declínio quando comparado a novembro – seguindo a tendência nacional. “O leite humano é um alimento insubstituível para o desenvolvimento e a recuperação dos nossos recém-nascidos. No verão, muitas mães viajam e as doações diminuem, mas as UTINs continuam cheias. Por isso, reforçamos: se você está amamentando, doe onde você estiver. Qualquer quantidade faz diferença”, frisa Danielle Aparecida da Silva, coordenadora do BLH do IFF/Fiocruz.
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December 25, 2025 at 12:35 PM
Quem é a ativista carioca escolhida por Lula como jovem campeã da COP30
Entre os dias 10 e 21 de novembro, Belém (PA) se tornou o centro das discussões climáticas a nível global. Líderes, cientistas, negociadores e representantes de ONGs e da sociedade civil se reuniram na 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática (COP30) para definir compromissos, alinhar metas e pressionar por ações concretas diante da crise climática. Uma dessas pessoas era a ativista climática e produtora cultural carioca Marcele Oliveira, 26 anos, eleita para ocupar o cargo de Campeã da Juventude. Oliveira foi escolhida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para o cargo entre 154 candidatos. Ao assumir o posto, fez questão de formar um comitê participativo com outros seis nomes, que representam seis regiões e biomas do Brasil. “Não fazia ideia se eu ia fazer isso bem, mas achava que, enquanto uma jovem mulher negra do Brasil, com um time de pessoas de todos os biomas, talvez fosse possível construir uma narrativa em torno da justiça climática dentro e fora dos espaços da COP”, disse, em entrevista à GALILEU. Representado por Oliveira, o comitê ajudou a formular a decisão final de uma COP que, pela primeira vez em três anos, voltou a ser realizada em um país democrático. O documento acabou deixando de lado a transição energética encampada pela presidência brasileira, mas incluiu uma menção inédita a afrodescendentes. Além disso, o Brasil se comprometeu a levar a pauta da transição energética adiante ao longo do próximo ano que ocupará a presidência da conferência, reforçando a relevância do multilateralismo para essa missão. “Acho que a COP30 teve esse legado para o mundo, mas principalmente para o Brasil, de democratização da pauta climática”, disse Oliveira. “A gente tem que construir caminhos em que seja possível para as próximas gerações não terem que ficar vindo para uma sala de conferência falar o óbvio para autoridades.” A seguir, Marcele, assim como outros líderes da juventude na COP30, destacados em aspas, falam sobre os bastidores da organização de jovens no evento, os códigos que ainda limitam a sua participação nas negociações e o legado que pretende deixar após a conferência climática. O que fez você ter vontade de ser uma das 154 jovens que se inscreveram para ter a chance de ocupar essa posição? Ninguém se torna ativista climática por escolha. É um pouco por obrigação e um pouco por necessidade. Eu comecei a acompanhar as conferências do clima por causa do racismo ambiental no meu território, e eu entendia a importância da participação da juventude, não só assistindo, mas também contribuindo para a solução à crise do clima. Vi a construção do cargo de Campeão da Juventude a partir das COPs 27 e 28, acompanhei o mandato da COP29. Então, fiquei mais animada em poder construir e contribuir. Não fazia ideia se eu ia fazer isso bem, mas achava que, enquanto uma jovem mulher negra do Brasil, com um time de pessoas de todos os biomas, talvez fosse possível construir uma narrativa em torno da justiça climática dentro e fora dos espaços da COP. E não fui só eu que tive essa ideia, outras pessoas também se candidataram. Mas fizemos um acordo de que, independentemente de quem fosse a pessoa nomeada, teríamos esse time de jovens de todos os biomas do Brasil. O que a COP 30 aqui no Brasil teve de diferente das outras? Vale o reforço de que o Brasil é um país democrático, onde se manifestar é um direito e onde a desobediência é compreendida também como uma forma de garantir melhorias e denunciar descasos. Acompanhando conferências somente em países autoritários, essa foi a primeira diferença. A COP30 foi uma COP que gritou, que se expressou, o que se refletiu na Green Zone lotada. Em outras conferências nunca foi tão cheia. Foi uma conferência muito integrada também ao debate do racismo ambiental, da denúncia, da importância de se afastar dos combustíveis fósseis, mesmo isso não entrando na linha de negociação. Acho que a COP teve esse legado para o mundo, mas principalmente para o Brasil, de democratização da pauta climática — não porque as pessoas não sabem que existe a mudança do clima ou não sentem os impactos, mas por entenderem como é possível solucionar, qual é a responsabilidade de cada país. Talvez isso fique um pouco mais compreensível para mais pessoas. “Aqueles que protegem a floresta também precisam ser protegidos adequadamente. Não existe floresta em pé sem seus protetores e defensores no chão” - Rayane Xipaia, 23 anos, representante da Amazônia Rayane Xipaia, 23 anos, representante da Amazônia Arquivo pessoal Qual ponto da crise climática a juventude já reconheceu como urgente e que ainda não foi assimilado pelas partes que negociam na COP? Hoje os países do Norte Global, mas também alguns do Sul Global, precisam compreender o mapa do caminho para se fazer. Acho que o assunto principal é a transição energética, nos afastarmos dos combustíveis fósseis. E isso pensando que os combustíveis fósseis também estão muito relacionados a ter um carro, uma casa, uma empresa, coisa que pessoas jovens não têm. Ou seja, estão mantendo um sistema em que a gente sequer é beneficiado. Um desenvolvimento econômico que não gera emprego, renda e desenvolvimento para a nossa geração e para as próximas. A gente consegue ver que existe um problema e uma injustiça, mas para quem já está com seu escritório, com seu carro e sua casa, a única forma de viver vai ser explorando mais e mais. Só que explorar mais e mais está nos matando. Talvez não esteja matando os maiores responsáveis. Mas, quando chove, é a gente que está lidando com enchentes. Eles veem os lucros da exploração, mas essa exploração está matando a juventude em locais como as aldeias, por exemplo. “A crescente mobilização de jovens para a ação climática é reflexo de uma percepção geracional de que vivemos os anos mais importantes para agir de forma eficaz contra a mudança climática” - Ana Terra, 23 anos, representante do Cerrado Ana Terra, 23 anos, representante do Cerrado Arquivo pessoal E o que muda quando você sai de um espaço de mobilização social e entra em uma sala de negociação com ministros, líderes do mundo todo, às vezes até CEOs, o que muda? A conferência do clima é para as partes representantes dos países, e a atuação da sociedade civil é feita através das constituintes. Existe uma constituinte de crianças e adolescentes que é quem de fato negocia na sala de negociação pelas juventudes. Esse cargo é obrigatório em todas as conferências a partir de agora, e pode contribuir para o posicionamento da presidência do Brasil e para a articulação dos movimentos de juventude em relação à constituinte, mas também para fora dos espaços da burocracia. Então, acho que o que muda é a responsabilidade de ter atenção, mas ao mesmo tempo de construir espaços onde a gente possa trazer a solução, trazer as nossas reivindicações. Que tipos de resistência você encontra ao tentar colocar a juventude — e suas urgências — dentro da mesa de negociação? Um desafio grande é entender que a gente está em uma conferência global. Então, existem termos e conceitos, como o próprio mutirão, que não são traduzíveis e por isso nunca vão entrar na linha de negociação — e isso já gera resistência. A gente também enfrenta resistência quando tenta incluir referências que fazem sentido para nós. A inclusão do termo afrodescendentes é um exemplo: ele fala de pessoas negras, fala de mim, e se eu existo, quero que isso esteja considerado. Mas existem lugares onde “afrodescendente” não comunica nada, e esses países vão resistir a esse termo. O mesmo vale para a proteção das florestas: há países onde “floresta” não é uma palavra que carrega a mesma importância. Só que moramos no mesmo planeta. Por isso, a proteção da Amazônia tem que importar também para quem vive num deserto. Acho que essa é a sacada. Talvez não dê para falar Pantanal, mas dá para falar áreas úmidas e alagáveis. Talvez não falemos “favela”, mas áreas periféricas, zonas de menor desenvolvimento. São palavras que falam da realidade, mas são muito codificadas. Quando a gente entende esses códigos para falar dos nossos contextos, considerando a diversidade das juventudes, dá para fazer uma atuação interessante aqui na conferência. “Necessitamos que a maior planície alagável do mundo tenha políticas para se adaptar à mudança do clima, seja com o manejo integrado do fogo ou com medidas de restauração” - Gabriel Adami, 20 anos, representante do Pantanal Gabriel Adami, 20 anos, representante do Pantanal Arquivo pessoal O conceito de mutirão foi muito citado nesta COP. Pode detalhar melhor o que ele significava? Mutirão é uma palavra de origem tupi que fala sobre ação coletiva. Foi lançado pela presidência da COP30 como um chamado à responsabilidade de que a gente não poderia sair dessa conferência na cidade de Belém, no coração da Amazônia sem as melhores decisões climáticas. Porque já foram desenhados os processos, agora é a hora de implementá- los. Não é necessário ficar voltando nos acordos. É necessária a responsabilização dos países, e que a sociedade civil, assim como as constituintes, se posicione em torno da justiça climática. O mutirão, principalmente esse mutirão das juventudes, é também uma forma de reconhecer a ação local. Porque você pode não ter credencial, mas está fazendo uma horta comunitária, uma cozinha solidária, está pintando teto de branco, fazendo educação ambiental para as crianças, o manejo do fogo. E isso é adaptação e resiliência também. Se a gente quer valorizar as juventudes, as comunidades locais, é necessário valorizar essa forma de fazer, essa metodologia que a gente chama de mutirão. “Nossa participação é importante para construir soluções que abracem nossas necessidades enquanto geração que está e continuará sendo afetada pela crise climática” - Sabrina Cabral, 27 anos, representante da Caatinga Sabrina Cabral, 27 anos, representante da Caatinga Arquivo pessoal De que maneira as diferentes formas de expressão entram na sua visão de mutirão e de participação das juventudes nas conferências? Eu sou produtora cultural, esse é o meu dom, isso é o que eu consigo fazer. Mas quando a gente fala das nossas expressões culturais, tem pessoas que vão cantar, pintar, desenhar, escrever, produzir conhecimento acadêmico, cuidar da ancestralidade, cuidar da floresta, defender direito — tudo isso é ativismo. O mutirão também é esse reconhecimento das diferentes formas de fazer. Se a gente amplia o entendimento de que todas as formas de fazer precisam ser feitas e precisam ser feitas agora, a gente amplia a participação. E aí não parece que tem que ser só a juventude do norte global, branca, privilegiada, que tem empatia. A gente não tem empatia, a gente está lutando pela nossa sobrevivência. É a questão da vida do meu irmão, dos meus sobrinhos, não é empatia. Então, se tem a ver com a gente, e a gente tem capacidade de produzir solução, por que não compreender que é necessário outras formas de participação? Você fala muito sobre ampliar quem pode participar das negociações climáticas. Como as barreiras de linguagem, acesso e códigos influenciaram o seu caminho dentro das conferências? Existe essa codificação dos termos, em que parece que você só pode ser um ativista climático ou uma pessoa que se envolve com a conferência se você falar inglês, se tiver acesso a determinados espa30 ços, se puder compreender esses códigos. Mas isso não é verdade, ou pelo menos precisa parar de ser. Entendo que a minha participação nas primeiras conferências foi no sentido de compreender como esse espaço funcionava. E a partir dessa compreensão, consegui articular ações dentro da Secretaria do Meio Ambiente do Rio de Janeiro, por exemplo, participando do programa dos Jovens Negociadores pelo Clima, para aprender sobre negociação, porque eu não sabia nada. E aprendendo, consegui exercer o papel de decodificar de dentro para fora, ajudando mais pessoas a compreender. “O meu estado e bioma vivem um colapso climático e social sem precedentes, resultado de desinteresse político. Não é porque em um bioma não há mata que nele não há diversidade” - Amália Garcez, 22 anos, representante dos Pampas Amália Garcez, 22 anos, representante dos Pampas Arquivo pessoal O que você espera entregar com sua participação na COP30, algo que permita medir o impacto real dessa função? Como a segunda pessoa no mundo a estar nesta posição, falar de legado é também falar da importância de construir essa posição para que ela permaneça com qualidade dentro da conferência, com capacidade de articular as juventudes globais. É necessário equipe, financiamento, estrutura. E investir na capacitação da juventude para poder produzir soluções. Acho que há também o legado da construção de um time representativo, de não ser uma pessoa só. E tenho esse legado de olhar para fora da conferência: muitas pessoas não estão aqui, mas me ouviram falar sobre o mutirão e hoje talvez estejam interessadas em compreender um pouco mais o que significa essa pauta de meio ambiente e clima. Porque todo mundo sente os impactos, só que eles são de forma desproporcional. E a gente também não chama com as mesmas palavras. Às vezes vão ter pessoas que vivem enchentes ou secas diariamente, mas elas não vão chamar de racismo ambiental, não vão falar da importância da conferência do clima, elas só querem justiça e dignidade. Então, a nossa responsabilidade é entender que o que acontece fora da conferência é tão importante quanto. Para depois da COP30, como você pretende seguir atuando na luta pelo clima? A COP30 passa e a gente fica. Temos eleições ano que vem, temos o movimento de juventudes que é articulado, mas que dentro da pauta climática ainda precisa de muita estratégia. Entendo que ser ativista climática não foi uma opção, não foi uma escolha, mas sim uma urgência, uma necessidade da minha geração. Acho que a gente tem que construir caminhos em que seja possível para as próximas gerações não terem que ficar vindo para uma sala de conferência falar o óbvio para autoridades. É importante sempre lembrar que o combate ao racismo ambiental e a garantia de justiça climática passa pela redução da desigualdade, passa por justiça racial, por equidade de gênero. Então, também não dá para achar que é só abraçar as árvores e proteger os ecossistemas. É também proteger as pessoas e suas diversidades. Não existe justiça climática, existe justiça social.
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December 25, 2025 at 12:35 PM
Quem inventou o pisca-pisca de natal? Conheça a história por trás do adereço
Antes dos pisca-piscas, era comum que famílias usassem velas para decorar e iluminar suas árvores de Natal. Como você pode imaginar, esse costume perigoso era responsável por muitos casos de incêndios domésticos. A ideia dos enfeites luminosos só surgiu com a patente de lâmpada incandescente de Thomas Edison, em 1879. Seus avanços na distribuição de energia elétrica permitiram a produção em larga escala de um produto com vida útil mais longa e alto valor comercial. Quer Que Eu Desenhe? Bernardo França Próximo ao Natal de 1880, Edison fez uma demonstração para autoridades de Nova York (EUA): iluminou, com 290 lâmpadas incandescentes ligadas a um fio, o caminho entre a estação de trem da cidade e o seu laboratório, em Menlo Park. Quer Que Eu Desenhe? Bernardo França Um sócio de Edison, Edward H. Johnson, propôs outra ideia: enrolou 80 lâmpadas coloridas ao redor de um pinheiro colocado sob um dínamo, que o fazia girar. A versão contava com um mecanismo que acendia e apagava as luzes em intervalos regulares. Quer Que Eu Desenhe? Bernardo França As luzes natalinas não vingaram de imediato, já que só os ricos podiam arcar com a decoração. Era o caso do presidente americano Grover Cleveland, que popularizou as luzinhas nos EUA ao instalar, em 1895, pisca-piscas na árvore de Natal da Casa Branca. Quer Que Eu Desenhe? Bernardo França
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December 25, 2025 at 12:35 PM
Minhas melhores leituras deste ano
Lá se vai 2025. Um ano longo e, por aqui, bastante produtivo, devo confessar. Em especial o segundo semestre, quando foram publicados três trabalhos importantes de que participei. Primeiro veio o volume dois da antologia Tênebra - Narrativas brasileiras de horror (Fósforo), que contempla a primeira metade do século 20, e que organizei junto com o professor Júlio França, da UERJ. Depois, foi publicado o meu mais recente livro de ficção: Lucífugo (Avec), uma novela de horror com um sujeito monstruoso contando sua própria história de violência e perversão. Por fim, o box Ficção completa de Edgar Allan Poe (Nova Fronteira), com minha organização. Isso além de aulas em universidade, cursos livres, palestras, traduções e tudo mais. Tanto trabalho, porém, tem seus custos. Li relativamente pouco neste ano, menos do que gostaria. Ainda assim, grandes títulos passaram pela minha cabeceira, e a lista abaixo é composta por aqueles de que mais gostei — mas que não necessariamente foram lançados em 2025. E você verá que quase não há obras de horror; também foi um ano mais mirrado nesse sentido. Fiz muitas leituras de trabalho dentro do gênero, mas ainda assim li menos do que o costume. Então, sem mais delongas, vamos às obras que brilharam forte por aqui: Cada um por si e Deus contra todos, autobiografia de Werner Herzog (Todavia) Como se não bastasse ser uma lenda viva do cinema, o alemão Werner Herzog também se revela um escritor de grande talento. Considero impossível não devorarmos as 350 páginas desta autobiografia publicada em 2022, com tradução de Sonali Bertuol. Na verdade, Cada um por si e Deus contra todos está mais para um livro de memórias, porque, ainda que siga uma cronologia, as conexões elaboradas por Herzog embaralham tudo. E que mente tem o diretor de Fitzcarraldo, Aguirre - A cólera dos Deuses, Nosferatu - O vampiro da noite e outras dezenas de filmes! Que forma de pensar e interpretar o mundo, transitando entre luzes e sombras, entre ordem e caos. Aqui, Herzog se revela excêntrico no sentido literal: sempre longe dos centros e das convenções. Em todos os sentidos. De como deu um jeito de transformar a infância paupérrima na Baviera em um período maravilhoso e imaginativo, até a forma de fazer cinema. No curso que costuma ministrar, por exemplo, o cineasta ensina pessoas a arrombar casas e a roubar coisas – ele próprio afanou uma câmera para rodar os primeiros filmes. São tantas, tantas histórias formidáveis, tantas viagens e situações limítrofes, tantos mergulhos no caos. Da conturbadíssima relação com Klaus Kinski aos inúmeros episódios em que quase morreu nos confins do mundo, nada fica de fora. É verdade que o próprio Herzog admite inventar um bocado, e que também confessa incorporar alguns mitos que atribuem à sua persona. Ele é, no entanto e acima de tudo, um sujeito que jamais deixou de se interessar pelo mundo, e que, com mais de 80 anos, continua tomado por vários planos de filmes. Uma inspiração, sem dúvida. A corneta, romance de Leonora Carrington (Alfaguara) Publicado em 1974, A corneta, da pintora e escritora britânica radicada no México Leonora Carrington (1917 - 2011), é uma joia da chamada literatura não mimética. Pode ser enquadrada no grande campo do fantástico, embora também seja a epítome de um surrealismo tardio — movimento ao qual Carrington, inclusive, acabou se vinculando como pintora. Tanto na obra pictórica quanto na literária, Carrington apaga qualquer limite rígido entre ideias e imagens, que se encadeiam como se pertencessem umas às outras, como se fossem uma coisa só — à maneira de quimeras e outras entidades que surgem em seus quadros. Neste romance traduzido por Fabiane Secches, a ausência de limites marca tanto a estrutura quanto o enredo. A corneta é, a um só tempo, uma narrativa cômica, policial, dramática, mitológica e por vezes assustadora. Quanto ao enredo, a história narrada pela protagonista Marian Leatherby é de uma liberdade imaginativa sem precedentes. Quase surda e sem nenhum dente na boca, ela mora com o filho, a nora e um neto, e passa os dias alienada do mundo ao redor. Até que é internada em um asilo, na verdade um complexo com chalés em forma de bota, cogumelos, vagões ferroviários, iglus e até uma múmia egípcia. Há apenas mulheres idosas por lá, e o lugar é comandado por um casal tirânico. Uma das muitas façanhas de Carrington é dar protagonismo a um grupo duplamente marginalizado; mulheres idosas. Carmella, a amiga de Marian, é a estrela mais cintilante dessa constelação. É ela quem, com uma imaginação poderosa, elabora planos conspiratórios, e será ela quem viabilizará a revolução final do grupo, nesta inesquecível declaração de amor à imaginação. Orbital, romance de Samantha Harvey (DBA) Se me pedissem para definir este romance da inglesa Samantha Harvey em uma frase sucinta, responderia ser “uma experiência à parte”. Literalmente. Durante toda a leitura, nos vemos apartados de qualquer lugar comum, corriqueiro — assim como os seis astronautas na espaçonave que orbita a Terra, contemplando-a, ora imaginando os conflitos e os afetos que deixaram por lá, ora redimensionando tudo à poeira cósmica que afinal somos. É como se Beckett se aventurasse nos meandros da ficção científica — todos ali estão condenados à espera de voltar para o planeta, o que no plano diegético do livro não ocorre. Resulta, daí, um livro introspectivo, essencialmente passivo. A narração em terceira pessoa passeia pela rotina ordinária dos seis personagens e também pelo planeta, por todos os recantos dele, no que se revela uma declaração de amor complexa. É verdade que o texto vez ou outra se arrasta, mas a imaginação de Harvey, tão trágica quanto bela, nos mantém grudados nas páginas, e os astronautas, às suas janelinhas. A estrutura do livro tem, ainda, algo joyceano, pois o enredo transcorre durante apenas um dia na órbita, o equivalente a seis dias na Terra. Por tudo isso, este notável romance, que tem tradução de Adriano Scandolara, ocupa em minha memória um ponto singular, só dele. O ninho do pássaro, romance de Shirley Jackson (Alfaguara) Em 2025, completaram-se sessenta anos da morte da estadunidense Shirley Jackson. E para marcar a efeméride, a Alfaguara publicou por aqui o livro O ninho do pássaro, até então inédito em língua portuguesa. O romance foi lançado originalmente em 1954 e, com o tempo, foi eclipsado por outros títulos da autora, como A assombração da Casa da Colina, O homem da forca e Sempre vivemos no castelo — que, em conjunto com alguns de seus contos, transformaram-na em uma referência do horror psicológico. Com efeito, este livro se apresenta como exemplo da plenitude da “rainha do terror”. E inicialmente o enredo até nos convida a ter essa impressão. A protagonista Elizabeth Richmond, como outras personagens de Jackson, é uma jovem tímida, introspectiva, que sofre de dores de cabeça terríveis e ataques de amnésia, durante os quais se transforma em algo muito diferente do que é. Mas só sabemos disso pelas reações de sua tia Morgen, com quem vive. Elizabeth é, então, encaminhada para um psiquiatra, dr. Victor Wright, que por meio de hipnose descobre existirem, dentro da jovem, quatro personalidades diferentes entre si, vivendo em constante conflito. No âmago dessa fragmentação está um evento decisivo, a morte da mãe de Elizabeth, cercada de mistérios. Temos, a partir daí, um ambicioso jogo de espelhos, que demanda arrojos formais de Jackson. É por meio das transformações no rosto da protagonista e de suas escolhas vocabulares que seus interlocutores percebem estar diante das personalidades ocultas na jovem: Beth (amorosa e compreensiva), Betsy (provocadora e infantil), Bess (egoísta e materialista) ou da própria Elizabeth (acanhada). As quatro se acusam e se sabotam sem parar, o que ocorre por meio de cenas complexas e inevitavelmente confusas. No início, O ninho do pássaro parece mesmo seguir pela mesma vereda sombria de outros títulos de Jackson. No entanto, o livro resulta surpreendentemente divertido. Tem algo de bufônico na tia Morgen, uma solteirona maliciosa e extravagante que faz de tudo para salvar a sobrinha de si mesma; e o dr. Wright é caprichoso e cínico o suficiente para que seu relato seja marcado por tiradas inesperadas. Assim, além de uma obra que satiriza os perfis femininos considerados “apropriados” para a época, O ninho do pássaro contém, no núcleo de sua estonteante arquitetura, um enigma. Com sua resolução, Elizabeth e suas irmãs enfim encontram seu lugar no mundo — um lugar mais ameno do que o destinado a outras protagonistas da autora. Afastando-se das perturbações que a consagraram, Shirley Jackson se mostra hábil ao explorar outro efeito estético, vizinho ao horror, neste formidável romance. Mandrágora, romance de Hanns Heinz Ewers (Valdemar) Este é um dos dois livros ainda inéditos no Brasil desta lista. Foi publicado em 1911 pelo alemão Hanns Heinz Ewers, autor de sucesso que caiu em desgraça por apoiar o regime nazista. Além de destacado romancista e contista em sua época, Ewers roteirizou O estudante de Praga, obra seminal do expressionismo alemão dirigida por Stellan Rye e Paul Wegener, que também a protagonizou. Li Mandrágora na edição espanhola da Valdemar, que tem um impressionante catálogo de literatura gótica e de horror, com tradução de José Rodriguez Ponce. E, a despeito da postura repulsiva de Ewers, é um livro imperdível para fãs do fantástico e do horror, ainda que o tom aqui seja curiosamente divertido. A premissa já vale nossa atenção: Frank Braun, espécie de herói recorrente de Ewers (está em outros dois romances do autor), convence o tio, um médico/cientista propenso a experimentos nada ortodoxos, a fertilizar uma prostituta com o esperma de um condenado à forca. Daí nasce Alraune (Mandrágora), uma das femmes fatales mais fascinantes da literatura ocidental. Extraordinária e metamorfa, ela é absolutamente indiferente às paixões que desperta. Pior: despreza a todos igualmente. Os homens que se aproximam de Alraune têm a vida arruinada das maneiras mais sádicas que você pode imaginar. Este é um livro perverso, inconsequente e sensual, de uma espécie que com o tempo foi se tornando rara. A leitura remete aos contos de Roald Dahl para o público adulto, em especial da coletânea Switch bitch (algo como Vadio instável), de quatro histórias tão sinistras quanto divertidas. São protagonizadas por Oswald Cornelius, um sujeito safado e desprezível, “incapaz de ficar com a mesma mulher por mais de trinta minutos”, e que sempre se dá bem. Não é o caso de Alraune, contudo. O desfecho trágico acentua o horror, que apenas subjaz no restante de Mandrágora, transformando o romance em um dos campeões do ano. The conspiracy against the human race: A contrivance of horror (A conspiração contra a humanidade: Uma invenção do horror), ensaio de Thomas Ligotti (Penguin Random House) O último título de nossa lista é outro livro inédito por aqui. É o primeiro trabalho de não ficção de Thomas Ligotti, autor estadunidense reconhecido como um dos maiores nomes do horror das últimas décadas. No Brasil, curiosamente, Ligotti é pouco lido — em 2024 a Suma lançou a dupla coletânea Canções de um sonhador morte & Escriba sinistro, o único título dele publicado no país, de repercussão apagada. Considerado herdeiro e renovador da estética de H.P. Lovecraft, sua ficção é marcada pelo sobrenatural e por uma visão de mundo absolutamente pessimista. Seus protagonistas, sem exceção, caminham sempre para o completo aniquilamento, obliterados nos buracos negros de um universo ficcional que jamais sequer considera suas existências — o cerne do cosmicismo do autor de “O chamado de Cthulhu”. As bases filosóficas da ficção de Ligotti estão no longo ensaio The conspiracy against the human race: A contrivance of horror (A conspiração contra a humanidade: Uma criação do horror, em livre tradução), publicado em 2010. O autor parte de uma ideia central emprestada do filósofo norueguês Peter Wessel Zapffe: a de que a consciência humana configura um terrível paradoxo, já que, ao mesmo tempo que sabemos existir, damos um jeito de fingir que essa existência não é apenas dor e ruína. Eis a conspiração, o ataque à nossa condição verdadeira — sem essa autossabotagem de nossa própria consciência, e vítimas dos mecanismos malignos e insaciáveis que movem o mundo, seríamos obrigados a aceitar que o melhor a fazer é encerrarmos a aventura humana. Alguns o fazem e fizeram pelo suicídio; mas Ligotti admite a dificuldade do ato, então segue o caminho do antinatalismo. Nesse sentido, é o manifesto mais eloquente que existe pela extinção voluntária da raça humana, fundamentado em outros pensadores do pessimismo como os alemães Arthur Schopenhauer e Philip Mainländer. E é uma leitura assombrosa, da qual dificilmente saímos os mesmos. PS: em janeiro, este colunista estará de férias. Nos vemos em fevereiro!
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December 24, 2025 at 8:49 AM
Arte botânica de 8 mil anos mostra que humanos tinham pensamento matemático
Vasos de cerâmica com representações de flores, árvores, galhos e arbustos eram algo comum na cultura Halafiana, que vivia no norte da Mesopotâmia entre 6.200 a 5.500 a.C. Um novo estudo, publicado no Journal of World Prehistory, analisou mais a fundo essas produções, revelando que antigos humanos já tinham uma "consciência matemática". A descoberta sugere que o pensamento matemático estava presente nas primeiras aldeias agrícolas do Oriente Médio — algo provavelmente desenvolvido devido à necessidade de compartilhar colheitas do campo, por exemplo. Algo que intrigou os cientistas foi a disposição das representações das pétalas e flores com uma simetria precisa e em uma sequência numérica de 4, 8, 16, 32 e 64, indicando um conhecimento aritmético. Ou seja, além dos retratos artísticos, os artefatos tinham uma função matemática. Um dos itens continha representações de vegetais com mais de 8.000 anos — uma das mais antigas já encontradas na história da humanidade. De acordo com a pesquisa, todas as ilustrações trazem evidências de conhecimento geométrico e aritmético das primeiras comunidades agrícolas. Veja as imagens na galeria abaixo: Galerias Relacionadas A representação de organismos vivos em vasos de cerâmica não é algo inédito. Na pré-história, muitas ilustrações de humanos e animais eram feitas em objetos e nas paredes das cavernas. No entanto, a cultura Halaf representa o primeiro momento em que elementos vegetais são incorporados de maneira consistente na história da expressão artística. Ao todo, os pesquisadores analisaram representações de vegetais em 29 sítios arqueológicos. Todos eram feitos de formas diferentes. “Esses vasos representam o primeiro momento na história em que as pessoas escolheram retratar o mundo botânico como um tema digno de atenção artística”, revela o estudo. “Isso reflete uma mudança cognitiva ligada à vida na aldeia e a uma crescente consciência da simetria e da estética.” Para os pesquisadores, a sequência numérica para representar a contagem de pétalas e os arranjos com 64 flores demonstram um domínio de divisão espacial — antes mesmo de surgirem os números como conhecemos. “A capacidade de dividir o espaço de forma igualitária, refletida nesses motivos florais, provavelmente tinha raízes práticas na vida cotidiana, como o compartilhamento de colheitas ou a alocação de campos comunitários”, explica Yosef Garfinkel, em comunicado. As representações servem como um exemplo de etnomatemática — campo que analisa como a matemática está inserida nas práticas culturais. A arte dos vasos continham flores pétalas equilibradas, ramos organizados em faixas repetitivas, árvores altas com símbolos ao redor como animais. Os autores acreditam que os artefatos foram produzidos com um propósito estético. Isso porque as ilustrações não representam plantas reais, o que fez a equipe descartar a teoria de que os objetos eram usados para fins ritualísticos ou agrícolas. Segundo o estudo, as flores representam respostas emocionais positivas. A cerâmica da cultura Halaf feita com simetria, repetição e organização geométrica revela o raciocínio matemático mais antigo da história. “Esses padrões mostram que o pensamento matemático começou muito antes da escrita”, afirma Sarah Krulwich. “As pessoas visualizavam divisões, sequências e equilíbrio por meio de sua arte.”
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December 24, 2025 at 8:49 AM
Satélite da Starlink que perdeu o controle é fotografado vagando no espaço
Uma imagem incomum trouxe novos detalhes sobre um satélite da constelação Starlink que perdeu o controle em órbita. O registro foi feito na última quinta-feira (18) pelo satélite de observação da Terra WorldView-3, operado pela empresa Vantor (antiga Maxar Intelligence), enquanto sobrevoava o Alasca, nos Estados Unidos. Segundo comunicado da SpaceX, o satélite apresentou uma anomalia na quarta-feira (17), que resultou na perda de comunicação com a Terra e na liberação não programada de seu tanque de propulsão. A falha fez com que a espaçonave começasse a girar descontroladamente, sem possibilidade de correção por parte das equipes em solo. Desde então, o equipamento segue em trajetória de decaimento orbital em direção à atmosfera terrestre. A expectativa da empresa é que ele seja completamente incinerado durante a reentrada nas próximas semanas. Imagem de alta resolução Para compreender melhor o estado da espaçonave, a SpaceX solicitou à Vantor a obtenção de imagens detalhadas do satélite danificado. A empresa utilizou o WorldView-3, um dos satélites de observação mais avançados em operação, para realizar o registro. A fotografia foi capturada a uma distância aproximada de 241 km e possui resolução de cerca de 12 cm, o que permitiu uma análise minuciosa da estrutura do satélite. Em nota, Todd Surdey, vice-presidente executivo da Vantor, afirmou que a entrega das imagens confirmou que o satélite estava “praticamente intacto”, possibilitando uma avaliação imediata de possíveis danos. Detrito espacial Apesar de a estrutura geral do satélite ter se mantido preservada, dados adicionais indicaram que a anomalia provocou a liberação de uma pequena quantidade de detritos. De acordo com a SpaceX, esses fragmentos são poucos, rastreáveis e não representam risco significativo para outras espaçonaves que operam na órbita terrestre baixa (LEO). Em post nas redes sociais, Michael Nicolls, vice-presidente de engenharia da Starlink, agradeceu à Vantor pela rápida resposta. Ele reiterou ainda que tanto o satélite quanto os detritos devem se desintegrar completamente durante a reentrada atmosférica nas próximas semanas. Como lembra o portal Space.com, este episódio ocorre em meio à expansão contínua da Starlink. A rede conta com cerca de 9,3 mil satélites ativos, respondendo por aproximadamente 65% de todos os satélites operacionais em órbita da Terra – um cenário que amplia a relevância de incidentes como este para o debate sobre segurança e gestão do espaço orbital.
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December 24, 2025 at 8:49 AM
Cristãos conviveram com adeptos do zoroastrismo nesta região do Iraque, indica estudo
Por cerca de 1.500 anos, estruturas soterradas no norte do Iraque preservaram indícios de um passado de convivência entre diferentes crenças religiosas. Um estudo publicado no American Journal of Archaeology indica que cristãos primitivos e adeptos do zoroastrismo viveram lado a lado, de forma aparentemente pacífica, na região hoje conhecida como Curdistão iraquiano, durante os séculos 5 e 6 d.C. O zoroastrismo é uma antiga religião monoteísta persa, fundada pelo profeta Zoroastro (também conhecido como Zaratustra), e que tinha foco no culto a Ahura Mazda. As conclusões do estudo baseiam-se em escavações realizadas no sítio arqueológico de Gird-î Kazhaw, investigado por uma equipe liderada pelos alemães Alexander Tamm, da Universidade Friedrich-Alexander de Erlangen-Nuremberg, e Dirk Wicke, da Universidade Goethe de Frankfurt. O complexo arquitetônico foi identificado inicialmente em 2015, mas só recentemente passou por escavações sistemáticas ao longo de três anos de trabalho de campo. Por dentro de Gird-î Kazhaw De acordo com comunicado compartilhado no dia 9 de dezembro, o edifício principal do sítio arqueológico, construído por volta do ano 500 d.C., apresentava cinco pilares quadrados de pedra, parcialmente revestidos com gesso branco. Isso levou os autores a suspeitar que se tratava de uma igreja. Escavações mais recentes revelaram paredes de tijolos, pisos de terra batida e de pedra, além de novos pilares que indicam uma possível estrutura de três naves – um traço característico da arquitetura cristã primitiva no norte da Mesopotâmia. A nave central, com cerca de 25 metros de comprimento por 5 metros de largura, foi considerada incomum para um contexto rural. A identificação do espaço como cristão foi reforçada pela descoberta de um cômodo com piso de tijolos cozidos e o contorno de um semicírculo em uma das extremidades, possivelmente uma área litúrgica. Fragmentos de cerâmica decorados com uma cruz cristã primitiva, incluindo uma cruz do tipo maltês, também foram encontrados, corroborando o uso religioso do edifício. Veja imagens do local e seus achados: Galerias Relacionadas Proximidade com o zoroastrismo O aspecto mais relevante da pesquisa, no entanto, está na relação espacial entre o complexo cristão e uma estrutura vizinha. A poucos metros do possível mosteiro, os arqueólogos identificaram uma pequena fortificação sassânida, datada do mesmo período, associada ao zoroastrismo, que foi a religião oficial do Império Persa Sassânida. Caso a contemporaneidade das duas construções seja confirmada, a proximidade sugere que cristãos e zoroastrianos compartilharam o mesmo espaço geográfico sem sinais evidentes de hostilidade. Para os pesquisadores, isso representa uma evidência concreta de coexistência religiosa na região, em um período frequentemente interpretado sob a ótica de rivalidades políticas e religiosas entre o mundo romano-cristão e o persa. A presença de um cemitério islâmico sobreposto à antiga fortificação sassânida acrescenta outra camada histórica ao sítio. Determinar quando a população local se converteu ao islã é uma das questões que devem orientar as próximas fases da pesquisa, que incluem análises antropológicas dos sepultamentos. Tolerância religiosa? As descobertas em Gird-î Kazhaw não são um caso isolado. Como lembra o site Live Science, outros estudos recentes também sugerem que o zoroastrismo, embora tenha sido a religião oficial dos impérios persas por mais de mil anos, frequentemente coexistiu com outras tradições religiosas. Um exemplo disso é o santuário de cerca de 2 mil anos descoberto em Dedoplis Gora, na atual Geórgia. Por ali, as evidências apontam que práticas zoroastrianas, cultos gregos e rituais locais eram realizados em diferentes espaços de um mesmo complexo palaciano. Historicamente, o zoroastrismo – fundado a partir dos ensinamentos do profeta Zaratustra e centrado no culto a Ahura Mazda – mostrou-se, em muitos períodos, relativamente tolerante, apesar de episódios pontuais de perseguição a outras religiões durante o final do Império Sassânida. Seu declínio ocorreu após a conquista islâmica da Pérsia, no século 7, e hoje restam cerca de 120 mil praticantes no mundo. Para os arqueólogos envolvidos no estudo, a pesquisa também chama atenção para a importância das comunidades rurais na Antiguidade. Embora as grandes capitais imperiais concentrem a maior parte dos estudos arqueológicos, foram essas pequenas localidades que sustentaram a base econômica e social das civilizações antigas. As próximas etapas do projeto em Gird-î Kazhaw devem se concentrar na reconstrução do cotidiano local. Para isso, os especialistas planejam empregar métodos de arqueobotânica, zoologia e antropologia forense.
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December 24, 2025 at 8:49 AM
Telescópio James Webb flagra dança de galáxias anãs
Uma imagem divulgada no dia 2 de dezembro como “Imagem do Mês” de novembro pela Agência Espacial Europeia (ESA) destaca um raro espetáculo gravitacional no cosmos. O registro do Telescópio Espacial James Webb mostra, com detalhes sem precedentes, um par de galáxias anãs em plena interação a cerca de 24 milhões de anos-luz da Terra, na constelação de Cães de Caça. As galáxias NGC 4490 e NGC 4485, conhecidas coletivamente como Arp 269, aparecem conectadas por uma ponte brilhante de gás e poeira, evidenciando um encontro que vem remodelando ambas há centenas de milhões de anos. Além das Nuvens de Magalhães, este é o sistema de interação entre galáxias anãs mais próximo de nós. Tal proximidade permitiu com que os astrônomos conseguissem observar diretamente tanto uma ponte de gás quanto populações estelares resolvidas no seu entorno. Na prática, isso faz do Arp 269 um verdadeiro laboratório natural para estudar processos comuns no Universo distante, quando as galáxias eram menores e mais ricas em gás. Janelas para o Universo primitivo As galáxias anãs são consideradas análogas modernas das galáxias jovens que povoavam o cosmos nos seus primeiros bilhões de anos. Menos massivas do que sistemas como a Via Láctea, elas contêm grandes reservas de gás, poucas estrelas e baixos teores de elementos químicos pesados. Por isso, colisões, fusões e trocas de matéria entre essas galáxias fornecem pistas valiosas sobre como estruturas maiores se formaram e evoluíram ao longo do tempo cósmico. Como destaca o portal Space.com, a nova imagem do Webb mostra NGC 4490 dominando o lado esquerdo do campo, envolta em poeira e regiões de intensa formação estelar, enquanto a menor NGC 4485 brilha no canto superior direito. Ligando as duas, a ponte de gás se destaca como um traço luminoso pontilhado por aglomerados de estrelas recém-nascidas. No registro impressionante, o brilho azulado das estrelas contrasta com os tons avermelhados provenientes da poeira aquecida. Encontro gravitacional violento Por mais que o sistema Arp 269 seja estudado há décadas – inclusive com observações do Telescópio Espacial Hubble –, a visão infravermelha do Webb revelou detalhes inéditos. Utilizando dados da Câmera de Infravermelho Próximo (NIRCam) e do Instrumento de Infravermelho Médio (MIRI), os cientistas conseguiram analisar o sistema estrela por estrela e reconstruir a cronologia da interação. As análises indicam que as duas galáxias passaram muito próximas há cerca de 200 milhões de anos. Nesse encontro, a galáxia maior, NGC 4490, capturou parte do gás de sua companheira menor, formando a ponte que hoje as conecta. Esse fluxo de material desencadeou intensas ondas de formação estelar, algumas iniciadas há apenas 30 milhões de anos – um intervalo extremamente recente em termos astronômicos. As regiões azuladas visíveis na imagem marcam áreas de gás altamente ionizado por estrelas jovens e massivas recém-formadas. Ao registrar essa “dança” galáctica em alta definição, o James Webb amplia a compreensão sobre como galáxias anãs interagem e evoluem. Mais do que um retrato impressionante, a imagem oferece pistas fundamentais sobre os mecanismos que moldaram as galáxias no passado remoto e continuam a atuar, em menor escala, no Universo atual.
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December 24, 2025 at 8:49 AM
Como clima quente e úmido pode impactar a gravidez, segundo este estudo
O crescente aumento da temperatura pode causar diversos impactos no organismo humano. E isso inclui os que ainda não vieram ao mundo. Um novo estudo, publicado na revista Science Advances, revela que as temperaturas extremas podem representar um risco à saúde durante a gestação e a primeira infância da criança, influenciando também em aspectos como a altura das crianças. A pesquisa foi feita por cientistas da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos. Para o estudo, a equipe comparou a exposição das gestantes em pré-natal a ambientes extremamente quentes e úmidos, como no sul da Ásia. Nesta região, o aumento da temperatura coincide com altas taxas de desnutrição crônica na infância. A umidade presente em ambientes quentes impedem que as grávidas consigam transpirar, o que agrava a exposição ao calor — a evaporação corporal diminui quando o ambiente é úmido. "Quando a evaporação não acontece, o resfriamento também não", disse a autora principal, Katie McMahon, em comunicado. "Todo esse calor se acumula em nossos corpos, causando estresse térmico. A exposição a condições quentes e úmidas no útero é perigosa para a saúde da criança, e mais perigosa do que apenas as altas temperaturas", afirma. Os eventos extremos de calor tem se tornado cada vez mais frequentes devido às mudanças climáticas em curso. A equipe observou que as populações têm se concentrado cada vez mais em regiões úmidas, nas encostas de rios e áreas litorâneas. Como a pesquisa foi feita? Para fazer a pesquisa, a equipe considerou a chamada temperatura de bulbo úmido e globo (WBGT) — criada em 1950. A medida leva em consideração como a temperatura impacta o estresse térmico e avalia quatro fatores: temperatura do ar, umidade, fontes de calor radiante e fluxo de ar. Para analisar os efeitos do calor na saúde infantil, a equipe analisou os dados das Pesquisas Demográficas e de Saúde (DHS) — o programa coleta informações domiciliares em grande escala sobre saúde pública e demografia. Além disso, os pesquisadores relacionam a altura das crianças com a sua idade, um indicador comum para investigar possíveis implicações crônicas em crianças com menos de 5 anos. Para identificar como a umidade e o calor eram fatores prejudiciais durante o pré-natal, a pesquisa relacionou dados demográficos com os de calor. Posteriormente, todas as informações foram aplicadas em modelos estatísticos. Limite de calor Como resultado, os autores definiram 35°C como limite de temperatura e 29°C para a temperatura de bulbo úmido e globo (WBGT). “Essa abordagem nos levou a dois limiares que ocorrem com frequência quase igual no sul da Ásia”, explica McMahon. As informações indicam que a exposição à umidade representa um risco ainda maior à saúde do que a exposição ao calor isoladamente. Nos casos analisados de gestantes no terceiro trimestre, a combinação de calor e umidade aumentou em quatro vezes os riscos quando comparada apenas à exposição ao calor. A equipe fez uma estimativa sugerindo que a vivência de uma criança nessas situações um ano antes do seu nascimento, iria alcançar uma altura 13% menor em relação ao esperado para a sua idade. Em relação a apenas a exposição ao calor, a redução na estatura seria de apenas 1% menor em relação ao esperado para a sua idade. O aumento de peso durante a gestação e as alterações hormonais fazem as mulheres produzirem mais calor. Esses fatores contribuem com o estresse térmico e podem acarretar em problemas de saúde nas mulheres e nos bebês. O início e o final da gestação são os momentos de maior vulnerabilidade. No final da gravidez, o estresse térmico pode contribuir para partos prematuros, a falta do desenvolvimento completo pode acarretar em problemas de saúde no futuro. "No início da gravidez, o feto é muito vulnerável", explica McMahon, "enquanto no final da gravidez, a mãe é mais vulnerável.” No início da gestação e até um pouco antes da concepção, a exposição ao calor também pode trazer consequências negativas para a saúde do bebê. “Acredito que quase ninguém tinha noção desses riscos durante o primeiro trimestre — inclusive eu, antes deste estudo", revela o coautor Chris Funk. Resultados do estudo Existe uma dificuldade em avaliar plenamente o impacto dos partos prematuros, principalmente pela falta de acesso a datas de nascimento e a duração das gestações. Por isso, os pesquisadores reconhecem que o estudo é limitado. Segundo a equipe, seria necessário ter mais informações sobre os dados de saúde de diversas regiões. De qualquer forma, os cientistas acreditam que os dados levantados no estudo conseguem estabelecer algumas relações causais entre calor, umidade e saúde. "Apresentamos versões dos resultados que utilizam cinco conjuntos diferentes de limiares alternativos", disse McMahon. "Independentemente do limiar, nossa principal conclusão permaneceu a mesma." Os resultados mostram que avaliar riscos apenas pela temperatura ignora regiões densamente povoadas e altamente úmidas, como áreas costeiras e vales fluviais, onde vive grande parte da população mundial. O sul da Ásia, com mais de 1,7 bilhão de pessoas, deve ser especialmente afetado, podendo registrar milhões de crianças com desnutrição crônica até 2050 em cenários de altas emissões — e mesmo com limitações do aquecimento a 2°C, espera-se que a região enfrente ondas de calor letais anuais. Os autores destacam que eventos extremos não causam apenas mortes: prejudicam a saúde de muito mais pessoas, gerando impactos econômicos duradouros e até multigeracionais. Ainda assim, intervenções simples, educação, comunicação e sistemas de alerta precoce podem reduzir danos e fortalecer a adaptação. McMahon pretende aprofundar a compreensão sobre quem é mais vulnerável à exposição ao calor — mães, bebês e crianças e como essas desigualdades podem evoluir. Ela também seguirá analisando os impactos do calor e da umidade em populações vulneráveis, incluindo trabalhadores rurais na Califórnia, em colaboração com clínicas do Vale de Salinas, para quantificar como essas condições extremas aumentam a demanda por atendimento médico, um problema amplamente conhecido, mas ainda pouco mensurado.
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December 23, 2025 at 5:09 AM
Como cientistas chineses resolveram mistério da física do gelo que durava 170 anos
Uma combinação inédita das técnicas de machine learning (aprendizado de máquina) e microscopia de força atômica permitiu que cientistas resolvessem um enigma de 170 anos: o que acontece, a nível molecular, na superfície do gelo antes de ele começar a derreter. O estudo que descreve o fenômeno, publicado na revista científica Physical Review X em dezembro, revela pela primeira vez a estrutura atômica da chamada camada de “pré-derretimento”. Trata-se de uma película semelhante a um líquido que se forma mesmo em temperaturas muito abaixo de zero. O fenômeno foi observado pela primeira vez há mais de 170 anos pelo físico britânico Michael Faraday. Apesar de sua importância para áreas como fricção, química atmosférica, criopreservação e até patinação no gelo, sua estrutura microscópica permanecia desconhecida. Agora, pesquisadores da Universidade de Pequim conseguiram superar essa limitação ao unir microscopia de força atômica (AFM) a algoritmos de aprendizado de máquina treinados com simulações de dinâmica molecular. Primeiro, cientistas usaram a técnica de AFM para mapear uma superfície com uma ponta microscópica extremamente sensível, capaz de detectar variações mínimas de força. Ainda assim, sozinha, a técnica não consegue reconstruir estruturas tridimensionais completas em superfícies irregulares. Uso das novas tecnologias A inovação do novo estudo foi usar inteligência artificial para interpretar esses sinais incompletos. O algoritmo foi treinado com simulações realistas, incluindo ruídos experimentais, permitindo reconstruir detalhes moleculares invisíveis aos métodos tradicionais. Ilustração esquemática da estrutura geral dos processos de treinamento e previsão. Physical Review X (2025) O resultado mais surpreendente surgiu ao analisar o gelo em temperaturas entre –152 °C e –93 °C. Nesse intervalo, os pesquisadores identificaram a formação de uma camada superficial amorfa: o gelo continua sólido, mas as moléculas de água perdem a organização cristalina típica. Essa camada apresenta comportamento sólido, porém altamente desordenado, e evolui gradualmente para um estado quase líquido conforme a temperatura aumenta. "Essa camada exibe uma forte desordem topológica, mantendo ao mesmo tempo uma dinâmica semelhante à de um sólido, e evolui gradualmente para uma camada quase líquida à medida que a temperatura aumenta", explica Hong. A descoberta redefine a compreensão microscópica do gelo pré-derretido e oferece uma nova perspectiva sobre como superfícies cristalinas se transformam em condições extremas. Mais do que resolver um mistério histórico, a técnica abre caminho para aplicações que vão além do estudo do gelo. "A estrutura de aprendizado de máquina para AFM fornece uma ferramenta poderosa em escala atômica para investigar interfaces desordenadas, transições de fase e defeitos de materiais, com amplas aplicações potenciais em materiais funcionais e sistemas biológicos", diz Hong, em comunicado.
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December 23, 2025 at 5:08 AM
Por que cientistas lançaram balão com tamanho de campo de futebol na Antártida
No meio do continente mais isolado do planeta, a Antártida, um experimento científico de grandes proporções começou a buscar respostas para uma das perguntas fundamentais da física: do que é feito o Universo? Em 15 de dezembro, pesquisadores lançaram um balão estratosférico que pode ter o tamanho de um campo de futebol quando inflado na atmosfera. O veículo transporta o experimento General AntiParticle Spectrometer (GAPS), dedicado à investigação da matéria escura, um dos maiores mistérios espaciais. O balão opera a cerca de 38 km de altitude, acima da maior parte da atmosfera terrestre. Essa região é estratégica para a detecção de partículas vindas do espaço, já que reduz interferências e permite medições mais precisas. A Antártida, por sua vez, oferece correntes atmosféricas estáveis e longos períodos de operação contínua durante o verão austral. Essas características únicas fazem do continente um laboratório natural para experimentos de longa duração com balões científicos, uma tecnologia utilizada pela Nasa há décadas. Segundo a Universidade do Havaí em Mānoa, nos Estados Unidos, o GAPS segue a tradição de outros experimentos antárticos que produziram resultados relevantes e, em alguns casos, desafiaram teorias consolidadas da física. Em busca da matéria invisível A missão do GAPS é detectar antiprótons e antideuterons, que são partículas de antimatéria extremamente raras. Para os cientistas, esses elementos podem funcionar como indicadores indiretos da presença de matéria escura, que responde por cerca de 85% da massa do Universo. Preparativos para o lançamento do experimento GAPS na Antártida Nasa/Andy Hamilton Embora seus efeitos gravitacionais sejam observáveis em galáxias e aglomerados, a matéria escura nunca foi detectada diretamente. Identificar suas propriedades poderia não apenas esclarecer a composição do cosmos, mas também revelar novos princípios físicos. De acordo com comunicado compartilhado pelos autores, o experimento foi projetado justamente para explorar um regime de energia pouco estudado. Nele, espera-se que os sinais associados à matéria escura possam se destacar do “ruído” de outras fontes cósmicas. Cooperação internacional Além da Universidade do Havaí em Mānoa, o projeto reúne pesquisadores de outras instituições dos Estados Unidos, Japão, Itália e China. Para Philip von Doetinchem, líder da iniciativa, o experimento coloca o grupo no centro de um esforço científico global para compreender a estrutura fundamental do Universo. A equipe inclui pesquisadores e estudantes envolvidos tanto na operação do voo quanto na construção e calibração dos detectores. Antes do lançamento, o experimento também passou por uma longa fase de testes e integração em instalações da Nasa, reforçando o caráter técnico e colaborativo da missão. Agora em operação sobre o continente gelado, o balão do GAPS simboliza uma aposta de alto risco científico: usar tecnologia relativamente simples, mas posicionada em condições extremas, para investigar a matéria que, embora invisível, molda o universo conhecido. As respostas, se confirmadas, poderão redefinir o entendimento atual da física fundamental.
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December 23, 2025 at 5:19 AM
Como cientistas descobriram 9 espécies de borboletas sem sair do museu
Uma equipe internacional de cientistas identificou nove novas espécies de borboletas a partir do estudo de exemplares já preservados em museus, sem a necessidade de novas expedições de campo. Essa descoberta foi possível graças à combinação de análises genéticas, morfológicas e geográficas aplicadas a mais de mil espécimes históricos – alguns com mais de 100 anos de idade. O trabalho faz parte do projeto AMISTAD, uma iniciativa de pesquisa baseada em coleções científicas, liderada pelo Museu de História Natural de Londres, no Reino Unido. O foco do projeto é revisar a identidade de um grupo de borboletas azuis da América do Sul pertencentes ao gênero Thereus sp., Detalhes do achado foram publicados em um artigo no dia 10 de dezembro dentro da revista Zootaxa. Características parecidas em espécies distintas Apesar de serem insetos visualmente marcantes, as borboletas podem ser surpreendentemente difíceis de diferenciar. Muitas espécies apresentam padrões de cores semelhantes, vivem nos mesmos habitats ou exibem diferenças tão sutis que passaram despercebidas por décadas. Em alguns casos, os únicos registros disponíveis são exemplares coletados há mais de um século. Esse era o caso do chamado grupo de espécies genena. Até recentemente, acreditava-se que esse grupo incluía apenas cinco espécies válidas, além de quatro sinônimos. A nova pesquisa mostrou que essa classificação subestimava significativamente a diversidade real do grupo. O avanço decisivo para a separação taxonômica veio com o uso de técnicas modernas de sequenciamento de DNA antigo. Os cientistas conseguiram extrair material genético a partir de uma única perna de borboletas históricas. Esses dados foram comparados com informações genéticas de exemplares mais recentes. “Graças à revolução genética e à colaboração de pesquisadores e museus em diversos países, borboletas centenárias agora estão nos falando”, afirma Christophe Faynel, um dos autores do estudo, em comunicado. “Ao comparar o DNA moderno com o DNA antigo de espécimes históricos, podemos identificar espécies há muito confundidas e despercebidas, e descobrir uma biodiversidade maior do que se imaginava.” A análise genética confirmou diferenças morfológicas discretas, como variações na coloração, em linhas das asas e em estruturas odoríferas dos machos. Antes, essas características eram consideradas variações dentro de uma mesma espécie. Nove novas espécies descritas Liderado por Christer Fåhraeus, do Instituto de Biodiversidade Fåhraeus, o estudo resultou na descrição formal de nove novas espécies Thereus sp., além do reconhecimento de duas espécies que haviam sido incorretamente tratadas como sinônimos. Os pesquisadores analisaram espécimes provenientes de coleções científicas de vários países. Entre as espécies recém-nomeadas estão T. cacao, T. ramirezi e T. confusus. Alguns nomes fazem referência às regiões onde os exemplares foram originalmente coletados, como Guiana Francesa, Peru, Brasil e Colômbia. Outros homenageiam pesquisadores que se dedicaram ao estudo dessas borboletas. O nome T. confusus reflete, de forma direta, a complexidade taxonômica que dificultou a distinção dessas espécies por tanto tempo. A revisão taxonômica tem implicações diretas para a conservação. Algumas das espécies agora reconhecidas foram coletadas em habitats que podem já não existir devido ao avanço do desmatamento nas florestas tropicais da América do Sul. Isso significa que certas populações podem estar seriamente ameaçadas ou até extintas. “Certas espécies recém-identificadas foram coletadas há um século em habitats que podem não existir mais, colocando em risco a existência dessas espécies”, alerta Blanca Huertas, curadora principal de borboletas do Museu de História Natural de Londres e coautora do estudo. “Isso destaca a urgência deste trabalho.” Ao nomear corretamente as espécies e esclarecer suas relações evolutivas, os cientistas ajudam a direcionar melhor os esforços de conservação para organismos realmente distintos e potencialmente ameaçados. Esse é um passo essencial no processo de conservação da biodiversidade do planeta. Museus como arquivos da biodiversidade O estudo também reforça o valor científico das coleções de história natural. O Museu de História Natural de Londres abriga cerca de 5 milhões de espécimes de borboletas, o que corresponde a aproximadamente 6% de toda a sua coleção. “Com alguns desses espécimes datando do século 17, as coleções do Museu são um arquivo insubstituível da vida em nosso planeta. Elas permitem com que os cientistas e os pesquisadores estudem espécies que podem não existir mais ou que se sabe estarem em risco”, destaca Huertas. Ao combinar essas coleções históricas com ferramentas modernas de genômica, os especialistas demonstram que ainda há muito a ser descoberto sobre a biodiversidade do planeta. Isso mesmo dentro de gavetas que pareciam já completamente exploradas.
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December 23, 2025 at 5:14 AM
Pesquisadores descobrem 20 novas espécies no Oceano Pacífico profundo
Uma região pouco iluminada e de difícil acesso do Oceano Pacífico acaba de revelar uma biodiversidade até então desconhecida. Pesquisadores da Academia de Ciências da Califórnia afirmam ter identificado pelo menos 20 espécies potencialmente novas, após a recuperação de equipamentos instalados em recifes de coral profundos próximos a Guam. As descobertas ocorreram depois que a equipe resgatou 13 dispositivos conhecidos como estruturas autônomas de monitoramento de recifes (ARMS, na sigla em inglês). Os equipamentos haviam sido posicionados desde 2018 a profundidades de até 100 metros, uma faixa do oceano com baixa incidência de luz, situada na chamada zona crepuscular, também conhecida como zona mesopelágica. Durante duas semanas de trabalho em novembro, os cientistas analisaram cerca de 2 mil espécimes coletados pelos dispositivos. Ao menos 100 espécies foram registradas pela primeira vez naquela região. Segundo o ictiólogo Luiz Rocha, que participou da expedição, o número de espécies inéditas pode crescer após análises genéticas mais detalhadas. "Provavelmente será mais alto do que isso, porque uma das coisas que fazemos é confirmar tudo com genética. Então, sequenciamos o DNA da espécie antes mesmo de termos certeza absoluta de que ela é nova", disse Rocha, em entrevista à NPR. "E durante esse processo, às vezes, o que pensávamos não ser uma nova espécie acaba sendo, porque a genética é diferente". Um pesquisador recupera um dispositivo ARMS Chrissy Piotrowski/Academia de Ciências da Califórnia Esse processo de confirmação passa obrigatoriamente pelo sequenciamento de DNA, método que tem revelado diferenças genéticas decisivas entre organismos visualmente semelhantes. A partir dessas análises, espécies antes consideradas já conhecidas acabam sendo reclassificadas como novas para a ciência. Entre os grupos estudados estão caranguejos, esponjas, ascídias (também chamadas de ascídias-do-mar) e gorgônias, um tipo de coral mole. Novas espécies encontradas Apesar dos pesquisadores esperarem encontrar novidades, algumas observações chamaram a atenção. Uma delas foi um caranguejo-eremita vivendo preso a uma concha de molusco bivalve, comportamento incomum para animais que geralmente ocupam conchas vazias de caracóis. O exemplar apresenta adaptações que permitem esse tipo de abrigo, indicando estratégias evolutivas ainda pouco compreendidas. "Quando me mostraram a foto pela primeira vez, eu pensei: 'O quê? Espera aí, o que é isso?' Eu nem conseguia identificar que animal era. Aí me dei conta: 'Ah, é um caranguejo-eremita, mas está usando uma concha de molusco'", disse ele. "A espécie tem muitas adaptações que permitem que ela faça isso, e foi realmente incrível e interessante". Descoberta uma possível nova espécie. Academia de Ciências da Califórnia Os recifes estudados pertencem à chamada zona crepuscular superior, entre 55 e 100 metros de profundidade. A exploração desse ambiente exige equipamentos de mergulho especializados devido à pressão e à limitação de tempo submerso, o que ajuda a explicar por que tantas espécies permanecem desconhecidas. O trabalho está longe de terminar. A equipe iniciou uma expedição de dois anos para recuperar outros 76 dispositivos semelhantes espalhados pelo Pacífico, incluindo áreas próximas a Palau e à Polinésia Francesa. Para Rocha, compreender esses ecossistemas é fundamental não apenas para a ciência, mas também para a conservação. "Eles devem ser protegidos e devem ter importância porque são o lar de centenas de milhares de espécies diferentes e devem ter tanto direito de existir quanto nós", afirma o pesquisador.
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December 23, 2025 at 5:15 AM
Naufrágio do século 19 tomado por moluscos é descoberto em lago do Canadá
Uma expedição que buscava localizar os destroços de um navio do início do século 20 acabou revelando um mistério ainda mais antigo no fundo do Lago Ontário, a cerca de 100 metros de profundidade, próximo a Toronto, no Canadá. Os mergulhadores encontraram uma embarcação de madeira intacta, construída entre 1800 e 1850, um período pouco documentado da história naval dos Grandes Lagos. Inicialmente, os mergulhadores canadenses que procuravam o Rapid City, uma escuna de dois mastros construída em 1884 e naufragada em 1917. Com a hipótese que era uma grande “anomalia” detectada em 2017 durante um levantamento com cabo de fibra óptica no fundo do lago correspondesse a esse navio. No entanto, as imagens obtidas no mergulho mudaram completamente o rumo da investigação. “As imagens são impressionantes. A embarcação mantém sua forma original, com os dois mastros ainda de pé, algo extremamente incomum”, afirmou Heison Chak, mergulhador de exploração e presidente do Conselho Subaquático de Ontário, em entrevista à CBC News. Com mais de 20 anos de experiência em naufrágios no Canadá, nos Estados Unidos e no Caribe, Chak diz nunca ter visto algo semelhante. A profundidade extrema parece ter sido decisiva para o estado de conservação. Protegido da atividade humana, como âncoras, redes de pesca e até mergulhadores recreativos, o navio permaneceu praticamente intocado por décadas. “É tão profundo que acredito que ninguém tenha estado ali antes de nós”, disse. Um navio mais antigo do que se imaginava A análise arqueológica reforçou a hipótese de que a embarcação é muito mais antiga do que o Rapid City. Para o arqueólogo marítimo James Conolly, diversos elementos estruturais indicam uma construção anterior à segunda metade do século 19. A cabine do convés repleta de moluscos, com a escada de acesso, a porta de acesso e o corrimão. www.jefflindsay.ca Entre eles, está o uso exclusivo de estruturas de cordas, sem reforços metálicos, um padrão comum antes da década de 1850. Conolly também destacou a ausência de um leme no convés de popa, a falta de um guincho de bolina e um modelo antigo de guincho de âncora. Outro detalhe importante é a inexistência de uma quilha retrátil, inovação que se popularizou nos Grandes Lagos durante o período de construção do segundo Canal Welland, nos anos 1850. Segundo o pesquisador, esses fatores sugerem que o navio pode ser de 50 a 100 anos mais antigo do que se imaginava inicialmente. Uma período pouco documentado Caso a datação seja confirmada, o naufrágio poderá oferecer um raro vislumbre de um período pouco compreendido da história dos Grandes Lagos. Entre 1800 e 1850, a região viveu um intenso crescimento econômico, impulsionado pelo comércio entre Canadá e Estados Unidos. Centenas de embarcações foram construídas para sustentar essa rede comercial, muitas delas em pequenos estaleiros que deixaram poucos registros formais. Além que as taxas de perdas eram elevadas com as tempestades frequentes e acidentes. Entretanto, com a rápida transição tecnológica da navegação à vela para os barcos a vapor, fizeram com que muitos projetos fossem abandonados sem documentação adequada. Um esboço da embarcação, criado a partir de um mosaico de fotos subaquáticas, registra o design incomum do naufrágio desconhecido, o que levou os pesquisadores a acreditarem que ele possa ser de um período pouco documentado da história dos Grandes Lagos. James Conolly Especialistas ressaltam, no entanto, que ainda são necessárias análises mais detalhadas para confirmar a idade exata da embarcação. Entre os cerca de 6.500 naufrágios estimados no fundo dos Grandes Lagos, poucos apresentam um nível de preservação tão elevado quanto este. A equipe planeja retornar ao local na próxima temporada de mergulho para realizar um levantamento dimensional detalhado e coletar amostras de madeira. A análise permitirá datar com maior precisão a embarcação e, possivelmente, identificar seu estaleiro de origem.
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December 23, 2025 at 5:09 AM
Erupção de lama no maior parque nacional dos EUA é flagrada em vídeo; veja
Uma erupção de lama registrada na manhã do último sábado (20) no Parque Nacional de Yellowstone, nos Estados Unidos, chamou a atenção após ser flagrada em vídeo por uma câmera instalada recentemente no local. O episódio ocorreu na Black Diamond Pool, uma piscina hidrotermal localizada na região de Biscuit Basin. O vídeo, divulgado pelo Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS) nas redes sociais, mostra lama sendo violentamente expelida da piscina natural pouco antes das 9h23 no horário local. A área fica a meio caminho entre duas das atrações mais conhecidas de Yellowstone: o gêiser Old Faithful e a fonte termal Grand Prismatic. Trata-se de um raro registro visual claro do fenômeno, já que muitas das erupções anteriores foram apenas ouvidas, não vistas, por terem ocorrido à noite ou quando a câmera estava obstruída por gelo. Veja o registro em detalhes abaixo: Erupção de lama no maior parque nacional dos EUA flagrada em vídeo; assista Histórico de explosões A Black Diamond Pool não é estranha a esse tipo de atividade. Em julho de 2024, o local foi palco de uma explosão hidrotermal significativa, que lançou lama e rochas a centenas de metros de altura. O evento foi tão intenso que danificou um calçadão utilizado por visitantes. Os danos estruturais e o risco de novas explosões fizeram com que as autoridades fechassem a área por tempo indeterminado, lembra a Associated Press. Desde então, a piscina tem apresentado o que os especialistas chamam de “erupções sujas” – jatos de lama e água aquecida que podem alcançar até 12 metros de altura. Esses episódios ocorrem de forma esporádica e imprevisível. Segundo os especialistas, não há um padrão claro nas explosões. Também não existem sinais precursores confiáveis que indiquem quando uma nova erupção vai acontecer. Daí o seu perigo. Monitoramento científico Para compreender melhor esse comportamento, pesquisadores instalaram, meses atrás, uma nova câmera de alta definição e uma estação de monitoramento sísmico e acústico na área. Os equipamentos se somam aos sensores de temperatura mantidos pelo Programa de Geologia do Parque Nacional de Yellowstone. De acordo com o USGS, esses instrumentos permitem detectar, registrar e caracterizar com mais precisão as erupções hidrotermais, ampliando o entendimento científico sobre o fenômeno. A nova webcam não decepcionou nesse episódio. Piscina Black Diamond, no extremo noroeste da Bacia Superior de Gêiseres, em Yellowstone, onde ocorreu a explosão Wikimedia Commons “Conseguimos uma bela visão de uma dessas erupções poluentes sob um céu azul brilhante, com os arredores cobertos de neve (ah, o inverno em Yellowstone!)”, escreveu o USGS nas redes sociais. De acordo com o órgão, o registro é um exemplo representativo da atividade observada na Black Diamond Pool ao longo dos últimos 19 meses. Apesar do impacto visual das imagens, a autoridade reforça que não há indícios de uma ameaça vulcânica maior. Vale destacar que Yellowstone abriga a mais extraordinária coleção de manifestações hidrotermais do planeta, incluindo fontes termais, gêiseres, lamas vulcânicas e fumarolas. Mais de 10 mil formações hidrotermais são encontradas dentro do parque, das quais mais de 500 são gêiseres ativos.
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December 23, 2025 at 5:10 AM
Iniciativa inédita no Brasil visa proteger morcegos que vivem em cavernas
Morcegos que habitam a Gruta das Fadas, em Bodoquena (MS), estão ajudando pesquisadores brasileiros a compreender melhor o funcionamento de uma técnica que visa proteger esse tipo de animal. Os bat gates já existem em outras partes do mundo e são como portões, que permitem a entrada de morcegos em cavernas e impedem ou regulam a passagem de pessoas. A Gruta das Fadas abriga a espécie Natalus macrourus (também conhecida como morcego-de-orelha-de-funil-brasileiro), que está ameaçada de extinção. No local, foi instalada uma versão preliminar do portão, feita de madeira. Ainda não está fixada completamente na rocha, mas simula como seria o artefato real, produzido em metal. “Caso os morcegos não se adaptem, podemos retirá-los facilmente, sem causar interferências permanentes na caverna. Pensamos em utilizar barras horizontais e o mínimo possível de barras verticais para não prejudicar a manobrabilidade dos morcegos em voo”, explica a bióloga Jennifer Barros, em comunicado do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). Essa iniciativa faz parte de um dos projetos do Plano de Ação Nacional para Conservação do Patrimônio Espeleológico Brasileiro do ICMBio. Com a implementação, os pesquisadores vão saber se, e de que forma, o portão pode afetar o comportamento de diferentes espécies de morcegos. Eles também vão avaliar se é viável replicar a técnica em outras cavernas. O monitoramento é feito através de filmagens e da contagem dos morcegos. “No início, observamos que ficaram confusos com a presença das barras, mas depois que os primeiros indivíduos saíram, a colônia acompanhou o ritmo, e hoje já podemos notar que Natalus macrourus está apresentando uma facilidade de adaptação ao portão, algo que nos deixou muito empolgados”, relata a bióloga Aléxia Murgi. Morcegos podem gerar medo e desconforto em muita gente, mas os cientistas garantem que eles são aliados importantes dos seres humanos. Esses animais ajudam no controle de pragas agrícolas e de insetos que nos transmitem doenças. “A agricultura brasileira, por exemplo, tem muito a perder caso essas espécies de morcegos desapareçam. Segundo nossos estudos, colônias numerosas de morcegos de uma única caverna podem retirar até 82 toneladas de insetos em um ano”, afirma o biólogo Enrico Bernard.
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December 22, 2025 at 2:08 AM
Levantamento inédito mostra dados sobre quilombolas no Brasil
Lançado recentemente, o boletim “Saúde Quilombola no Brasil: Evidências para a Equidade” é um material inédito sobre o tema. Foi desenvolvido através de uma parceria entre o Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde (Cidacs/Fiocruz Bahia), a Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas e o Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal da Bahia. De acordo com a Fiocruz, o boletim analisou informações de mais de 140 milhões de pessoas inscritas no Cadastro Único (CadÚnico), com foco em cerca de 64 mil quilombolas adultos, que foram acompanhados entre 2011 e 2020. “Pela primeira vez, dados dessa magnitude revelam com clareza como condições de vida adversas e desigualdades estruturais moldam a saúde da população quilombola no país”, diz um comunicado da instituição. Os quilombos são encontrados em todas as regiões brasileiras e, de acordo com o levantamento, a grande maioria está no Nordeste – 60%. Do total de quilombolas, apenas 12% vivem em territórios oficialmente demarcados. O boletim traz dados objetivos sobre as dificuldades vividas por essas comunidades. Entre os quilombolas, 55% não têm acesso à água potável, 54% não contam com rede de esgoto, 51% carecem de coleta de lixo, 10% não têm energia elétrica, 29% vivem em moradias com materiais precários e 68% acessam suas casas por estradas de terra. Além disso, dois em cada dez adultos nunca frequentaram a escola, proporção duas vezes maior que na população geral. O boletim também frisa que, entre os quilombolas, há um grande número de mortes com causas mal definidas. “Ao reunir, pela primeira vez, um conjunto amplo e robusto de informações sobre a saúde quilombola, este boletim se torna ferramenta estratégica para subsidiar gestores públicos, pesquisadores, lideranças quilombolas e a sociedade civil na construção de políticas mais justas, eficazes e alinhadas às necessidades reais desses territórios”, enfatiza a Fiocruz.
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December 22, 2025 at 2:08 AM
Competição que elege as melhores fotos de pássaros anuncia os vencedores de 2025
A Bird Photographer of the Year é uma das mais tradicionais competições de fotos da vida selvagem. Como o nome entrega, apenas imagens de pássaros são consideradas e, este ano, a premiação recebeu mais de 33 mil. O grande vencedor foi o canadense Liron Gertsman, que fez o incrível registro de uma fragata voando durante um eclipse solar. A foto foi feita no litoral do México e ele recebeu um prêmio de 3,5 mil libras (cerca de 26 mil reais) pela vitória. “Passei mais de um ano fazendo o planejamento para realizar meu sonho de fotografar um pássaro diante do eclipse solar total”, diz Liron. “Tive a ajuda de um barco para me posicionar perto de algumas ilhas próximas a Mazatlán, frequentadas por aves marinhas. Quando a lua revelou a borda do sol no fim da totalidade, capturei essa imagem durante a fase do eclipse conhecida como ‘anel de diamante’ – um momento que dura poucos segundos”. A competição conta com várias outras categorias, incluindo uma que reconhece o talento de crianças menores de 11 anos. E as fotos são incríveis! Sasha Jumanca venceu o primeiro lugar com uma imagem batizada de “Voo gracioso sobre florecer selvagem”, que mostra um simpático abelharuco-europeu. “Voo gracioso sobre florecer selvagem” Sasha Jumanca via Bird Photographer of the Year Na categoria dedicada a aves no meio ambiente, Franco Banfi venceu com a foto de um cormorão pescando em águas panamenhas. "Fazendo banquete durante o pôr-do-sol" Franco Banfi via Bird Photographer of the Year Outro destaque é a categoria de Comportamento das Aves. Francesco Guffanti fez o registro poderoso de uma águia-real sobre a carcaça de um veado. Quer ver todos os vencedores? Acesse o site da Bird Photographer of the Year. Através do perfil de Instagram da competição, é possível saber mais detalhes sobre cada clique. "Anjo ou demônio" Francesco Guffanti via Bird Photographer of the Year
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December 22, 2025 at 2:08 AM