Tu é meu ídolo.

Eu amo esses todos.

Me permita voltar
É contigo que me descubro
Descanso todas as noite
Pra poder sonhar com o dia em que
Não nego brincar com você
Com o tempo infinito
Que não se escorre
Que não estoura
No nosso lar
Até lá, espero que as coisas continuem como antes.

Quero encher os bolsos das minhas quedas
E despedidas da bicicleta
E como você sempre tirou de letra tudo que se propunha a fazer
Todas as receitas, os inúmeros brinquedos pelo chão
Os almoços de domingo e o descanso no balançar na calçada

Minha infância não foi um tempo, mas um lugar
Naufrago nas tentativas de lhe ver esticar
Acompanhar o que na minha vez
Não pude controlar

Uma garota morreu em mim
E por onde vou a carrego
E a forma exata do seu corpo
Paira no meu corpo
Como num vestido largo demais

Meu peito oco de memórias
Inflama a chama ao revê-lo
Se refaz no encontro das histórias
Antes enigma, hoje persisto
Num labirinto sem retorno
Onde me dissolvo em desatino

Quando perderam o ritmo as rimas?
Os ovos não mais mexidos, as estampas sumiram
Mas ainda há de nascer um sol de cada cor
Até lá escorrego em lágrimas
Prologam pistas, desacelero o tempo
Estouro bolhas, atravesso estradas
Que me afastam cada vez mais de mim.