What a concept

Ainda bem que eu não consigo assoviar então

Real é que só foi transformada em algo de escala industrial. E mesmo em discursos de “incentivo à leitura” muita gente abre mão do entendimento e do básico de interpretação em nome desse discurso simplista que acha que consumo acrítico e reificante vai mudar o mundo.

As pessoas usam literatura como uma forma de demonstrar algum valor moral, enquanto incentivam um sistema que dificulta qualquer efeito artístico ou inovação literária.
Isso tudo pra dizer: a gente tem que parar de acreditar que literatura foi democratizada, quando a+

Plataformas que garantem que o autor dificilmente consiga remuneração adequada e incentivam que leitores absorvam cada vez menos e que livros se tornem cada vez mais próximos de uma descrição de tropos. E isso não é saudável pra ninguém. Honestamente, cada vez mais+

E tipo assim, o livro que você consome não molda teu caráter nem prova nada. Transformar leitura em consumo só beneficia monopólio literário enquanto gera pressão para autores produzirem o tempo todo e leitores consumirem o tempo todo, mas em+

Tão absolutas que limitam totalmente o escopo da literatura. O experimental, o ousado, o desconfortável são postos de lado e uma suposta democratização da escrita do tá aí pra reforçar um monopólio de empresas e de ideias e de formas possíveis de se produzir literatura.
+

Ou sem se importar minimamente com o tipo de discurso reacionário que tá perpetuando.
E é interessante (e assustador) ver como esse tipo de coisa tá criando uma literatura anti-literária. As funções básicas da literatura são postas de lado em nome de políticas de conforto+

Do tipo: essa visão de representação manufaturada, em que uma ideia completamente liberalizada de diversidade é vendida como progresso, e ter personagens de minoria X vira uma ferramenta de marketing sem que tenha o menor apreço pelo grupo minoritário em questão, +

Essa tentativa de se colocar como defensor da cultura sem fazer porríssima nenhuma pra defender quaisquer manifestações artísticas ou ajudar a galera que tá se lascando pra continuar fazendo o que faz; vira algo tão preso numa lógica mercantil que chega a ser ridículo.
+

No fim tudo vira uma forçação de barra gigantesca porque fulano acha que a direita é aculturada e “fascistas odeiam/não entendem arte” (o que é uma constatação extremamente burra se você sabe um mínimo sobre história da arte e/ou fascismo mas ok)
Daí quando não é +

A essa pira da esquerda de ficar nessa de “nós temos livros, eles tem armas” quando o interesse nunca é defender arte, cultura ou a própria literatura, mas usar ela pra se colocar num patamar de superioridade que, honestamente, é bem tosco.
+

E não é um problema. O problema é quando tá cheio de gente repetindo noção elitizante e aristocrática sobre arte e cultura pra se colocar como “somos os bons, somos os educados, nosso consumo de mídia prova nossos valores.”
E sim, isso se aplica+

Querendo ou não, literatura sempre foi um elemento de construção de identidade. Desde o sentido mais amplo da definição de cânones literários e livros sagrados ou em patamar próximo até uma noção de comunidade em torno de gostos comuns. Isso é esperado, +

Existe um apelo a tudo o que o livro passou a significar. Uma constatação de “eu sou culto, eu faço parte dessa elite moral/intelectual” que muitas vezes importa bem mais que o livro e a literatura em si. A arte pela arte fica em terceiro plano, isso quando existe.
+

Sem contar que literatura é colocada como uma “arte à parte” em que uma postura anti-intelectual é incentivada num nível ridículo. Não deveria ser um hot take dizer que se você tá trabalhando com resenha de livro, você deveria saber o básico sobre, veja bem, resenha de livro.

E consumo em constatação de valores, até esse apelo a representação sem absolutamente nenhum conteúdo.
Tipo, sei lá. O tipo de análise aprofundada que algum crítico faria é o tipo de coisa que hoje em dia rende linchamento virtual ou ostracismo em espaços literários.
+