Bicampeã olímpica, Fabiana Claudino acusa ex-empresária, Ana Flávia, de estelionato e pede R$ 1,6 milhão na Justiça
Empresária rebate acusações e mostra conversas de Whatsapp em que ex-jogadora de vôlei celebra sociedade Depois de mais de 20 anos de parceria profissional, a bicampeã olímpica de vôlei Fabiana Claudino entrou na Justiça contra a ex-empresária, Ana Flávia Sanglard. Na ação, a ex-atleta pede R$ 1,6 milhão e acusa a também ex-sócia de estelionato. Registrou queixa até na Polícia de São Paulo.
Segundo a defesa de Fabiana, no processo que o EXTRA teve acesso, a atleta repassou R$ 1,6 milhão para Ana Flávia durante a pandemia da Covid-19. Na época, a empresária da atleta disse que poderia dar ganhos financeiros melhores do que o que seria obtido em instituições financeiras. Além disso, devolveria os valores assim que Fabiana solicitasse.
Com os repasses, Fabiana disse que recebeu da empresária documentos para que ela se tornasse sócia da empresa Top Volley, que administra carreiras de outras atletas. A defesa diz que, pela relação de confiança, a ex-atleta assinou tudo "em sua ingenuidade e vulnerabilidade, à época, se sentido honrada e tranquila, achando que, realmente, sua agente havia cumprido o prometido e conferido uma garantia à altura dos Investimentos realizados".
Ana Flávia e Fabiana Claudino
Reprodução/Instagram
Com o acordo firmado, a medalhista olímpica recebeu 15% das cotas da sociedade. Segundo a defesa, "o capital social daquela sociedade, que era da quantia, pasmem, de apenas e tão somente R$ 600.000,00". É então, que Fabiana passa a colocar no processo que foi vítima de golpe.
"Fabiana nunca pretendeu adquirir participação societária alguma, muito menos em uma empresa recém constituída, unipessoal e exclusiva de Ana Flávia, de cuja existência jamais tinha tomado conhecimento, pagando ela, pasmem e repita-se, R$ 1.600.000,00 (um milhão e seiscentos mil reais) por tão somente 15 % (quinze por cento) da sociedade, cujo Capital total e integral era da ordem, à época, de meros R$ 600.000,00. Ou seja, a autora fora vítima de um 'GOLPE' (as letras maiúsculas estão grafadas assim no processo) e teria, em última análise, comprado R$ 90.000,00 (noventa mil reais) por R$ 1.600.000,00 (um milhão e seiscentos mil reais), o que é de todo inadmissível, imoral e antijurídico", diz o texto.
Multa de R$ 3 milhões
No contrato societário firmado, há uma cláusula que coloca uma multa de R$ 3 milhões para impedir que Fabiana faça concorrência com a empresa de Ana Flávia por cinco anos. Esse ponto sensível passou a ser alvo de discussão com o distrato firmado.
A ex-atleta procurou assistência jurídica e sem conseguir um acordo verbal com a empresária, decidiu prestar queija no Fórum Criminal da Barra Funda, na Zona Oeste de São Paulo. Na ocorrência, Fabiana diz que Ana Flávia e o marido, Nivaldo, "lhe aplicaram um golpe de estelionato, abusando de sua confiança, advinda de décadas de relacionamento profissional, para se locupletarem, ilicitamente, às suas custas".
O que diz Ana Flávia Sanglard
A defesa de Ana Flávia alega que Fabiana sabia desde o início que compraria ações da empresa de gerenciamento de carreira de atletas. No processo, eles anexaram uma apresentação que teriam feito para a atleta, em 2020, sobre como seria a divisão de cotas.
"Foi definido pelas partes que 10% das cotas do negócio seriam negociadas ao custo de R$ 1.000.000,00 (Um milhão de reais) onde seria facilitado o pagamento da integralização do capital em: sinal (50%) + 5 parcelas iguais do saldo do negócio. Nesse tempo, com a venda, Ana Flávia (naquele momento , detentora de 100% das cotas), estaria vendendo parte de sua participação na aludida sociedade às sócias entrantes", diz o trecho da defesa.
Fabiana teria comprado 10% das cotas, inicialmente por R$ 1 milhão, e, depois, adquiriu mais 5% das cotas, repassando os R$ 600 mil restante. Ana Flávia rebate os argumentos de "inocência" por parte de Fabiana, já que todos os documentos estão assinados, e mostra ainda conversas de Whatsapp em que a medalhista olímpica celebrava a entrada na sociedade. Além disso, critica a falta de repasses financeiros ao alegar que a empresa dava lucro e depósitos tinham sido feitos para a então sócia.
"Essa é a razão inequívoca e explícita dos depósitos, e não, como quer fazer crer a “representação”, de que tal valor teria sido fruto de estelionato, fazendo que os recursos teriam sido repassados “para o controle e administração dos investigados e suas empresas”! É uma mentira maldosa, mal intencionada e com propósito colocar a “representante” como suposta “vítima” de um ardil, onde, ao que quer fazer parecer, a Sra. Fabiana teria perdido em favor dos declarantes os valores aportados como compra de cotas da sociedade. Em verdade, a Sra. Fabiana adquiriu cotas de uma sociedade, que aliás, como se demonstrará adiante, é lucrativa e distribuiu dividendos às sócias em todos os anos de existência".
O caso está em análise no Tribunal de Justiça de São Paulo.