João Gabriel
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João Gabriel
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Astral weeks, Asteraceae e madrepérola
Canaviais têm o verde mortiço de grama crescida demais. Os eucaliptos são cinzentos na paisagem do interior, ao contrário da farinha-seca, cujo tom brilha de longe. E os flamboyants, esses se fixaram no solo como se sempre tivessem estado aqui sob outro nome e fosse a terra a avermelhar suas flores.
November 24, 2025 at 12:16 PM
O Rio de Janeiro concentra tantos tempos diversos nas suas ruas e paredes, nas pedras, praças, rios, córregos, jardins, limo, calçadas, musgos, nomes, meandros, picos, edifícios, fachadas... Uma cidade plena de fantasmagorias temporais que se adensam nos detalhes de seus ornamentos.
November 22, 2025 at 10:33 PM
Longe da cidade onde vivemos levamos uma vida suspensa entre deveres e lazeres que se determinam de acordo com tudo o que fizemos lá na nossa cidade. E essa distância, essa outra vida em outro lugar, tem o ar de um sonho sem o fatalismo do símbolo, uma narrativa que tem a graça de ser assim amorosa.
November 21, 2025 at 6:55 PM
As conchas abandonadas nas praias, um resquício do tempo que passou resguardado nos elementos, a própria elementaridade transformada em tempo decorrido, em símbolo máximo de si mesma, de si mesmo.
November 19, 2025 at 11:02 PM
Tomatinhos crescem perto do chão, vermelhos como as frutas que têm o gosto ácido de tanto sol. Mas os tomatinhos estão bem mais perto do chão e nem são azedos feito o vermelho que só se vê nos quintais.
November 18, 2025 at 12:51 PM
Uma rosa branca que depois se torna uma verdadeira rosa de ouro.
November 13, 2025 at 12:35 AM
O anjo, o azul, as asas e tudo o mais. Uma aluna da amada, uma criança de uns 7 anos, disse a ela que sabia imitar um anjo, como se fosse possível. E talvez seja.
November 12, 2025 at 1:59 PM
Lembrar-se de um dia de passeio romântico, um dia passado ao lado de quem se ama, e a recordação mais enfática de tudo são os cabelos ao vento, o lenço quase livre no vento e o vento passando pelas roupas com um furor indiferente, como se o amor lembrado fosse o próprio vento ainda voando...
November 12, 2025 at 12:29 AM
Uma cidade de ladeiras faz quem caminha sentir o chão com um ritmo que não sabe compreender andando na planície. Sem o silêncio horizontal, o que se sente é um arranjo de caminhos cuja harmonia vai se mostrando numa verticalidade arraigada nas vias. E o caminhar parece subir até quando desce.
November 11, 2025 at 2:23 PM
Uma figueira eternamente perfumada de figo
November 7, 2025 at 1:28 PM
Perto do mar penso nas ilhas onde nunca fui, que são todas e qualquer uma. Gosto muito de imaginar uma vida insular só porque devo ter herdado de uma família infinitamente pastoril os sonhos da terra calma, esses que me fazem desejar uma porção de campo e solo, mesmo que no meio do oceano infindo.
November 7, 2025 at 1:22 PM
Os jardins como espaços onde há um constante fluxo de magia horária, os sincronismos oraculares cujas sentenças se espalham nas divisões temporais do dia e que se dão nos tantos graus de mudança pelos quais esse lugar passa; as horas dizem, a luz e os elementos que conduzem uma vida doméstica dizem.
November 6, 2025 at 8:28 PM
A quantidade de pássaros que visitam o quintal da amada, as frutinhas caídas, as flores e mamangabas, pétalas de todos os tons de vermelho entre o escarlate e o cor-de-rosa delicado que a gente vê e lembra de todas as primaveras, e as horas passando como só fazem passar quando são luz e vegetal...
November 6, 2025 at 10:57 AM
Tem desses gatos semidomésticos que caminham pela rua com a elegância de certa selvageria, como se tudo (prédios, pessoas, cidade) não passasse de um teatro da urbanidade para dar melhor contraste ao seu ser felino.
November 5, 2025 at 11:36 PM
O chão arenoso, as figueiras, romãzeiras, rosas brancas, pedras mais ou menos semipreciosas e os nomes de deuses antigos e do espirrito das coisas que passam pelo pensamento da gente estando em lugares tais, diante de tamanhas presenças...
November 3, 2025 at 9:53 PM
As rosas cor de maravilha da amada!
November 3, 2025 at 8:52 PM
Acho difícil de caracterizar o sentimento de viver ao redor dos pastos, em meio à planura da terra distante demais do litoral. É um sentimento que se torna uma espécie de fantasmagoria sentimental toda vez que estou num lugar bem próximo da costa, na eminência do oceano. Uma reminiscência da terra.
November 3, 2025 at 1:24 PM
Toda floração roxa traz em si um segredo do cinza que fala da filiação dessas duas cores ao mais enigmático dos cromatismos: a camuflagem do verde, o metálico nos vegetais, a flor em botão como o nascimento da própria ideia da cor, do roxo-gris que me lembra a superfície perfeita da prata e da água.
November 2, 2025 at 11:55 AM
A cor da abóbora: terra e fogo, primeiro; depois, os dons ocultos do solo, a revelação estranha do fruto, da luz que nunca chega no fundo, um solstício vegetal e a chama que vive nos olhos castanhos.
November 1, 2025 at 12:23 PM
A beira da estrada é um lugar meio alquímico às vezes, a depender da estação e da hora, da proximidade entre as povoações e o ermo...
October 31, 2025 at 2:30 PM
Ver abricós-de-macaco ao sair da cidade, só se for pela avenida da Saudade, o ônibus descendo talvez a José Bonifácio, não sei. Gosto dessa árvore que só conheci em outro estado; antes ela não existia aqui. Não assim desse jeito, deixando a cidade.
October 30, 2025 at 7:18 PM
De todas as conversas a respeito de mudanças na mobilidade urbana por aqui, nenhuma me deixa mais animado e exasperado do que a que gira em torno do destino da linha férrea que cruza o centro da cidade.
October 14, 2025 at 1:38 PM
A mais delirante das cores, o azul
October 11, 2025 at 9:59 AM
Todo cavalo, quando aparece numa rua de cidadezinha, traz consigo algo da noite. Eles, que não são animais noturnos, partilham com os gatos, nessa tensão do corpo de músculos e tendões e pelagem, a virtualidade da noite diferente daquela a que nos acostumamos a viver como o período depois do dia.
October 10, 2025 at 11:28 AM
Amo como a flor da Couroupita guianensis parece um coral, uma criatura abissal, uma joia exótica, o mais fino tecido franjado, dragonas, um riso animal, uma língua, um recamo, uma flor que se vê pela primeira vez sempre...
October 8, 2025 at 9:03 PM