Acabei agora, estou traumatizada

-É você que vai ter que lidar com a minha voz em looping na sua cabeça 24 horas por dia, então por mim tudo bem.
-Que pesadelo.
Ela me deu um tapa no ombro.
-Seu idiota.

-Obrigada Gabi, eu precisava disso.
-É bom que tenha aproveitado, porque eu nunca mais vou dizer isso de novo.
-Ah, mas eu vou lembrar. Toda a vez que você me chamar de idiota eu vou pensar em você me chamando de extraordinário.

todos os dias só sendo você. Com a sua criatividade e inteligência excêntrica. Então não diga que você é um idiota, só eu tenho esse direito.
-Então quando você me chama de idiota...
-Eu quero dizer que você é extraordinário, a meu modo.
-Você é esquisita.
-Eu sei. -ela piscou para mim, e nós rimos

-Mas... Por que?
-Quando você lida com as pessoas todos os dias do jeito que eu lido, elas passam a ser previsíveis, e isso é muito sem graça. Mas com você? Eu nunca sei qual será sua resposta ou o que você está pensando e isso é... -ela sorriu. -Muito divertido. Você tira a minha vida do tédio

-Não tem nada de perfeito nesse mundo.
-Nao precisa falar isso só por pena.
-Não é pena Rita, nós amamos você. -Joana disse, quase como se implorasse para Rita acreditar nela.
Mas Rita nem sequer olhou para Joana, de tanta vergonha.

assustadoramente sonhador. Acho que nenhum de nós imaginava que a situação era tão séria. Do quão profunda era a ferida de Rita que sangrava, na nossa frente, só que em silêncio. Está mais claro do que nunca o quanto Rita precisa de ajuda, e ela terá.
Afinal, somos uma família.

eu não existo. Onde eu não sou um peso para ninguém e todo mundo vive a vida sem ter que lidar com a minha bagunça. E essa dor, esse peso vai embora, só apertando um botão. Um mundo perfeito...
Todos nós fizemos um minuto de silêncio, tentando processar as palavras de Rita, principalmente em seu tom

-Ele... Faz com que eu desapareça. Não só sumir, mas deixar de existir. Um toque e toda a dor que eu causei, todas as burradas que eu fiz, toda a dor que eu sinto dentro de mim... Só desaparece. A realidade continua, como se eu nunca tivesse existido, e todo mundo fica bem no mundo perfeito onde não

grande e vermelho, que nem nos teatros de gauprice e... Eu sempre me imagino apertando ele, e isso me acalma.
Rita pareceu mais incerta ainda de como continuar, o que nos deixou apreensivos de cara. Foi Luiz que perguntou o que todos estavam com medo de perguntar.
-O que o botão faz Rit?

Todos trocamos olhares incertos diante da afirmação de Rita, que parecia se encolher mais ainda. No entanto, ela permaneceu calada.
-Explica isso direito Rita.
A pirata respirou fundo, antes de começar a falar ainda com os olhos no chão.
-Quando... As coisas estão ruins, eu imagino esse botão. Ele é

Mas diante das revelações dessa noite, as ações de Rita deixaram de ser normais para nós e passaram a ser um alerta que soava a muito tempo, mas só agora conseguimos ouvir com clareza.
-Por que?
-Porque ele só existe na minha cabeça.