Canoi Aguiar
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Canoi Aguiar
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Desenvolvedor de softwares brasileiro

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A estafa da mesmice
Algumas reflexões produzidas no tédio e no cansaço da rotina.
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November 19, 2025 at 3:49 AM
Idealismo Histórico Dialético
Uma coisa que vem me incomodando no webmarxismo, webcomunismo, ou seja lá como queira chamar, é o escanteio cada vez maior do _materialismo_ que é um dos pressupostos do marxismo e, voltando às raízes hegelianas, um abraçar ferrenho ao _idealismo_. O materialismo é um pressuposto filosófico que coloca a _matéria_ como uma condição ontológica da existência. Ou seja, a matéria existe de fato e precede a consciência, o que enxergamos está de alguma forma de fato na realidade, por mais que não acessemos a matéria de fato, e somente as propriedades mediadas por nossos cinco sentidos (audição, olfato, paladar, tato e visão). É o oposto do idealismo, que pressupõe que a consciência tem primazia nessa relação. O contexto _histórico_ da teoria marxista é bastante embebido na _dialética_ hegeliana. Esse semestre estou pagando a disciplina de História da Filosofia IV e vendo que o pensamento de Hegel de fato é muito mais complexo do que a bolha marxista da internet emplacou como sendo essa noção de _tese, antítese e síntese_ , na real isso é de fato uma enorme simplificação. Mas qual o problema disso? É que além de simplificarem o pensamento hegeliano, também simplificam o pensamento marxista e retiram toda a materialidade, ficando com o puro suco do idealismo. Marx nunca nos deu os moldes de como fazer a revolução, pois apesar de haver uma certa teleologia, não é nenhuma espécie de futurologia. O que é totalmente contrário com o que é posto por marxistas "influenciadores" que estão ganhando espaço nos ambientes virtuais, eles atribuem cada vez mais propriedades à revolução, de que ela irá nos trazer soluções para diversos dos nossos problemas, e só lembram do pensamento marxista na hora que são confrontados no "como?", de como a revolução irá trazer essas soluções, alegando que não tem fórmula mágica. Ora, se não tem fórmula, como que falamos que algo que ainda não aconteceu ou que nem sabemos como irá acontecer pode resolver algum dos nossos problemas? Como garantir que, pelo contrário, ele não nos trará outros? Eu não estou aqui querendo descreditar a revolução, dentro do contexto marxista e da revolução como sendo uma ruptura do status atual, eu realmente acredito que nós inevitavelmente caminhamos para isso (olha aí a teleologia novamente). Minha crítica é, primeiro, a um grupo de influenciadores comunistas que usam a revolução como propagandismo, a vendendo como a solução de diversos dos problemas atuais, e o segundo ponto que vem como consequência disso, que é um público que passa a reproduzir o discurso sem ter a menor noção do que realmente está falando, ou seja, caindo em ideologia. O "comunismo" é a etapa final, é a emancipação da classe trabalhadora das mãos da burguesia - isso, novamente, dentro da teleologia marxista - sendo necessária uma etapa de transição, o _socialismo_ , no qual a classe trabalhadora assume o poder e instaura uma "ditadura do proletariado", usando a estrutura estatal para dessa vez oprimir os burgueses. Nisso são os próprios trabalhadores que direcionam os meios de produção para servirem a seus próprios interesses de classe. Um dos problemas da crítica marxista vem exatamente da questão de o maior foco ser nas classes econômicas, pois em Marx, as relações sociais são espelhos das relações de produção. Então se no capitalismo a lógica de produção se baseia no acúmulo de capital, as relações sociais também irão operar por esses termos, assim como cada época anterior tem também suas relações de produção específicas, como a escravidão, o camponês no feudalismo, e por aí vai. Relações de gênero e raça estão também ligadas a essas relações de produção? Eu particularmente tenho minhas dúvidas quanto a isso, foi esse questionamento que veio fazendo com que eu me interessasse pelo libertarianismo nesses últimos tempos, pelo _socialismo libertário_ , mais especificamente, sendo uma das vertentes o próprio _anarquismo_. Socialismo que se opõe ao _socialismo autoritário_ , que prevê a tomada do Estado por um partido autoritário que instaura uma "ditadura do proletariado" afim do nos levar ao comunismo. Afinal o comunismo prevê o fim do Estado, na teoria marxista este é visto como uma "ferramenta de opressão de classes", e uma vez que não há mais classes sociais, este instrumento não se faz mais necessário. Mas como se dá as garantias de direitos nesse sentido? Ainda teremos estruturas jurídicas e de uso comum? Se sim, como isso é diferente de um Estado, olhando para um sentido _contratualista_ de um _pacto_ ou _contrato social_ ? E se não há essas estruturas, como que certos direitos podem ser garantidos? Contra racismo, homofobia e transfobia, machismo, e por aí vai. De novo, não acredito que esses problemas irão desaparecer com um transformar das relações de produção, inclusive outros marxistas também irão concordar comigo, não atoa também temos a evolução do pensamento marxista em diferentes frentes de lutas sociais, como feminismo marxista, ou de movimentos negros que também tem bases marxistas, como os _Panteras Negras_ , temos até mesmo um _marxismo-libertário_. Por em descrédito aqui o fim do Estado acaba sendo bem contraditório com o que estava falando de me alinhar ao pensamento do socialismo libertário, mas é uma questão que realmente penso bastante, pois mesmo com uma ruptura, ainda haverão estruturas de mediação, mesmo que horizontais e livres dessa opressão de um Estado Burguês. ## Da revolução "Somente a revolução brasileira pode nos livrar do imperialismo", "A classe trabalhadora deve tomar os meios de produção", "A ditadura do proletariado irá garantir os direitos dos trabalhadores". É bem comum vermos essas frases dentro da bolha comunista de internet. A pergunta que é feita sempre é no "como?", como que a revolução pode garantir qualquer uma dessas questões? Como garantir que ela não irá só mudar o eixo colonial dos EUA para a China, por exemplo? Isso para não falar de uma parcela do público que acredita que o trabalho humano não será mais necessário, ou de que questões de gênero e raça não irão continuar existindo em uma futura revolução, como comentei anteriormente. E é exatamente onde vai minha crítica a esse "idealismo" comunista. Porque aqui não se trata de materialismo, mas sim da idealização de uma revolução em cima dos moldes marxistas. Não há uma fórmula mágica para esse processo, os próprios comunistas reconhecem essa limitação, pois a revolução é a própria síntese do processo revolucionário. Ou seja, nós só sabemos que ela acontece quando ela acontece, não temos como saber como vai se dar e nem os resultados que irá trazer, o máximo que podemos fazer é olhar para as experiências históricas como base, mas nada garante uma circularidade. Então isso por um lado, se há promessas em torno de uma revolução, as perguntas de como se dará esse processo são sim válidas. Meu maior medo nesse propagandismo é a vulgarização do termo e, consequentemente, a perda de força de um processo revolucionário de fato. Uma coisa é a organização, o trabalho social, e a discussão e educação sobre o processo. Outra bem diferente é ficar gritando aos quatro ventos que ela irá solucionar problemas que afetam a vida do povo trabalhador como forma de juntar base eleitoral, mas isso sabendo que o próprio caminho para construir essa revolução é difuso. ## Dos meios digitais Outra questão é em relação ao uso das redes digitais, aqui talvez eu ainda escreva um texto só para isso, mas tenho fortes críticas à esquerda nesse sentido, e aqui por diferentes motivos. Primeiro, a aposta em redes centralizadas como ambientes de disputa política. Não que não seja necessário fazer esse combate, o problema é apostar como sendo o único meio viável. As plataformas de redes sociais em sua grande maioria são controladas por Big Techs americanas, a "luta" nesses espaços é uma uma luta perdida, infelizmente, não temos um pingo de controle sobre o que está sendo movimentado ali dentro. A coisa mais fácil é sofrer censuras arbitrárias como bloqueios ou limitação na entrega do conteúdo. Por isso acho importante sim pensar em redes descentralizadas como uma aposta de ambientes "seguros", onde possamos manter uma organização mesmo que as redes centrais venham a ser bloqueadas no país, por exemplo. Segundo, minha crítica aqui vai principalmente à esquerda que já entendeu a importância da descentralização, mas que ignora a importância das redes sociais em si, que se por um lado tem total razão em apostar na militância nas ruas, nos trabalhos sociais, peca em desconsiderar o peso das redes no contexto atual que estamos vivendo, como se as conjunturas anteriores ainda se encaixassem no modo de vida atual. Ou seja, como se a lógica vivida quando só havia redes de televisão e jornais ainda valesse plenamente para o que estamos vivendo. Pra mim isso aí é cagar em cima do próprio movimento dialético da teoria marxista/hegeliana. Hoje 90% da população brasileira possui acesso a internet, já se foi o tempo em que era necessário possuir um computador para isso, com qualquer celular de 200 reais é possível acessar alguma rede social. A TV aberta vem sendo cada vez mais substituída por YouTube nos aparelhos de televisão dos brasileiros, e precisamos considerar as implicações disso e das novas dinâmicas das redes. Aqui vem aquela velha questão da "internet deu voz" para diversos indivíduos, ou seja, a comunicação não está mais restrita aos grandes grupos de mídia do país, houve uma certa "democratização" do discurso público, mesmo que ainda sob a égide de grandes grupos americanos e com a entrega controlada algoritmicamente, onde o conteúdo é entregue baseado no seu consumo prévio nas redes, ou até mesmo por arbitrariedade da própria plataforma, a formação das tais _bolhas digitais_. Para além das redes, também já vi descrédito a movimentos como o do Software Livre e Open Source, com argumentos de que a Linux Foundation, por exemplo, é bancada por empresas capitalistas, principalmente americanas. O Linux hoje é o que sustenta a estrutura global de internet, então a menos que haja uma ruptura total com o modelo de computação atual, ele irá continuar sendo esse sustentáculo. E aqui é que entra a minha crítica ao "idealismo" dessa parte da esquerda marxista, a da ideia de que há alguma forma de retorno do paradigma atual, contrariando exatamente o pensamento marxista de superação do capitalismo a partir da tomada dos meios. Ou seja, trazendo um pouco de Foucault, a _resistência_ nessa "era da informação" que vivemos atualmente está exatamente no uso de tecnologias abertas, elas são financiadas pelas Big Techs exatamente porque muitas delas dependem desse desenvolvimento para continuarem operando, mas ao mesmo tempo é exatamente o que permite essa janela de possibilidade de tomarmos os meios. Como falei, desconsiderar isso é desconsiderar o próprio materialismo histórico dialético, ou a proposta é realmente desconsiderar toda a tecnologia atual e nos voltarmos para a natureza novamente? Não ironicamente essa parece ser a ideia, mas será que o resto do mundo está de acordo? Ou até mesmo será que todo o país está de acordo? Temos que mudar o sentido dessas ferramentas para servirem a nossos propósitos. A luta contra o capital aqui não tem que ser contra o financiamento das tecnologias livres, o trabalho tem que de fato ser pago, esse financiamento pode muito bem vir de iniciativas estatais e comunitárias para continuar com esse desenvolvimento. A discussão principal tem que ser sobre o lixo produzido nesse processo, do hardware defasado, da obsolescência programada. Precisamos investir em hardware aberto e modular, hardware que possa ser reaproveitado, investir em formas de energia limpas e até mesmo numa reeducação no uso das tecnologias digitais, de fato, talvez realmente precisemos de uma reconexão com a natureza, de reduzirmos o uso e nos voltarmos para a Terra. Porém não há retorno, temos que pensar em como utilizar as tecnologias existentes a nosso favor, e não em descreditá-las por serem "bancadas" pelo capital, o dinheiro não move o desenvolvimento de nenhuma delas, no fim é tudo trabalho humano, certo? A superação que Marx fala não é a de negar o capitalismo, mas sim de usar a própria produção do capitalismo para impulsionar esse processo.
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September 28, 2025 at 4:07 PM
O tempo que nunca é
Nos falta tempo pra pensar o tempo
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September 4, 2025 at 4:13 PM
Sobre o PL 2628/22
Pois é, parece que esse lance da regulamentação do uso das redes ainda vai ser uma grande novela. Como resolver uma epidemia de crianças/adolescentes utilizando redes sociais indevidamente sem o controle estatal e sem essa responsabilidade cair sobre os pais? Estava lendo essa postagem no Bluesky onde aparentemente o _PL 2628/22_ foi aprovado na Câmara dos Deputados e vai seguir em votação para o Senado. Eles vão ser mais incisivos quanto às redes precisarem tomar medidas para mitigar o seu uso por parte de crianças e adolescentes, seja bloqueando totalmente, seja com ferramentas de controle parental. Aparentemente eles vão passar a cobrar comprovantes como documentação, conta bancária, biometria e coisas assim, para comprovar idade. O que estão discutindo nas redes é exatamente o compartilhamento desses dados sensíveis com as Big Techs, e eu concordo plenamente nesse sentido. O que me pergunto é qual seria a solução adequeada. O problema das crianças e adolescentes nas redes sem filtro algum é mais complexo que simplesmente culpabilizar as Big Techs, é algo que acabou sendo escancarado com as denúncias que ganharam notoriedade com a denúncia do youtuber Felca nas últimas semanas; que é a conivência da família com esses casos, de permitir que seu filho faça esse tipo de conteúdo porque dá dinheiro. Pais e mães prostituem seus filhos para ganhar dinheiro. E nesse âmbito das redes sociais, é também comum os pais deixarem as crianças as utilizarem sem filtro algum. Essa falta de supervisão novamente tem diversos fatores de culpa, inclusive a própria irresponsabilidade dos pais em alguns (talvez maioria) dos casos. Porém questões socioeconômicas pesam nesse cenário, as vezes em casa o filho é o que mais entende de tecnologia por ter um smartphone desde cedo. Isso por um lado, precisamos discutir que medidas tomar nesses cenários e como responsabilizar quem deve ser responsabilizado. Por outro lado, temos as plataformas que hospedam esse tipo de conteúdo, e que também lucram com isso! Elas não só hospedam, mas operam aqui em cima da lógica do capital, se dá lucro, deve ser incentivado. Então esse conteúdo continua a gerar receita sem filtro algum da plataforma. Portanto creio que primeiramente vem o mínimo, que é banir conteúdo de pornografia infantil das redes, isso de cara. Porém tem outra problemática que o PL tenta resolver, e que foi o que gerou mais polêmica, que é a tentativa de limitar o acesso à conteúdos impróprios dentro das redes por parte da criança e da adolescente. Eles querem criar mecanismos de identificar quem está usando aquela plataforma. Eu não sei se discordo da medida nesse sentido de precisarmos identificar o usuário, mas entendo que há uma discussão bem mais profunda sobre privacidade a ser feita. Porém acho que é unânime o descontentamento em relação a ceder esses dados à Big Tech, é simplesmente burrice. Se o que precisamos é simplesmente de uma forma de identificar o usuário, penso que poderíamos pensar em uma solução com o gov.br, não? É a plataforma oficial do governo, nós poderíamos exigir das plataformas que não permitem menores de idade a necessidade de fazer essa checagem de tempos em tempos. Para as redes que possuem conteúdo infantil, a necessidade de ferramentas de controle parental é o mínimo, ou seja, nesse caso é totalmente responsabilidade da Big Tech garantir o bom funcionamento do algoritmo e dessas ferramentas. 1. Checagem de identidade a cada X horas com gov.br nas redes que proíbem uso para menores de 18 anos 2. Ferramentas de controle parental nas redes que permitem Aqui é importante entender que quando falo de controle parental não se trata de poder vigiar tudo que o menor faz; a depender da idade, é importante discutir sobre a privacidade do adolescente também. Mas acho que seria interessante uma forma de comunicar diretamente aos responsáveis sobre algumas questões, como excessos ou crimes virtuais por exemplo. É interessante uma forma de vincular as duas contas, e permitir ao menor utilizar a rede somente ao ter um perfil adulto vinculado, seja dentro da própria rede, seja com uma autorização externa com o gov.br do responsável, por exemplo. Acho que seria interessante para mitigar o uso de perfis falsos. Mas isso são idealismos, não sei se vão haver exigências específicas, mas esse é um trabalho a ser desenvolvido por cada plataforma. * * * Mas é isso, aqui são puramente divagações, esse é um assunto que ainda vai dar bastante o que falar. Como falei, acho que foi uma péssima decisão fazer a checagem de identidade dessa forma, vamos ver como vai ser o desenrolar dessa história, mas entendo a necessidade de uma política nesse sentido, a exigência de ferramentas de controle parental também são essenciais. A aprovação desse projeto pode ter impacto significativo na forma como utilizamos as redes. Algumas redes que não conseguirem se atualizar para suportar o novo formato podem parar de oferecer serviço no Brasil, mesmo que temporariamente, como rolou recentemente com o Bsky no Mississipi. Acho de extrema importância começar a aproximar a identidade física à virtual, e esse PL é positivo nesse sentido de mitigar o uso indiscriminado; porém acho que soluções que utilizem gov.br ou alguma forma de autenticação intermediária também nacional, ou seja, um órgão que receba nossos dados e só dê o aval (ou não), seriam muito mais interessantes. No mais é isso, aguardemos cenas dos próximos capítulos.
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August 26, 2025 at 12:15 PM
precisando de umas férias
August 14, 2025 at 11:05 AM
Migrando do GitHub para o Codeberg
Lembro na época que foi anunciada a compra do GitHub pela Microsoft, isso gerou bastante alvoroço e diversas pessoas pularam fora do barco. Porém até então a promessa era de que a empresa se manteria como um núcleo totalmente separado, somente integrando o grupo Microsoft. Não é novidade nenhuma que o Microsoft Copilot, principal modelo de IA voltado para programação, só é o que é hoje por conta do GitHub e sua gigantesca base de códigos, que permitiu o treinamento dessas tecnologias. Porém o que preocupa muitas pessoas com essa ultima tomada de decisões é exatamente que vai haver praticamente uma fusão das duas empresas, agora sim o GitHub para de funcionar independentemente e passa a servir os interesses da Microsoft, mais especificamente o CoreAI, o que parece ser o braço de _Inteligência Artificial_ da empresa. De qualquer forma, o GitHub agora é mais do que nunca Microsoft, não que antes não fosse, mas a simbiose completa parece cada vez mais próxima. O ponto é, eu em 2023 já havia criado uma conta do codeberg exatamente após toda essa polêmica com a Microsoft. Cheguei a hospedar alguns códigos e começar projetos por lá, mas acabei migrando de volta para o GitHub exatamente pela questão do tamanho da comunidade. Porém após as notícias dessa semana, não há comunidade que valha a pena se o preço é ficar refém de escolhas arbitrárias da Bit Tech. Tomei essa mesma decisão ano passado em relação ao X (antigo Twitter) após os tensionamentos com o judiciário brasileiro e a promessa de implementação de inteligência artificial nas plataformas. Enfim, estou migrando para o codeberg e vou continuar o desenvolvimento das minhas libs (principalmente a selene) ativamente por lá. É triste ver um projeto como o GitHub, que já foi o lar de diversos projetos abertos ao redor do mundo, cair nas mãos de uma empresa capitalista e o vermos definhando dessa forma. Mas seguimos na luta, é como Marx bem coloca, não são essas empresas que movem o mundo, é o trabalho humano, somos nós desenvolvedores que construímos toda a arquitetura da internet e os softwares que essas empresas usurpam. A Microsoft veio atrás exatamente de abocanhar o que a comunidade construiu quando isso se mostra lucrativo. É sempre o mesmo modus operandi, absorver outros projetos para si, absorver tudo para si, legalmente ou não, moralmente ou não.
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August 12, 2025 at 8:40 PM
complicado isso aí do Jones, perder um perfil de quase 1 milhão de seguidores assim arbitrariamente
August 7, 2025 at 3:56 PM
foda da tecnologia é que por mais pica q ela seja, ainda depende de uma base de usuários

dando uma olhada no Solid e agora já sei de onde vem a ideia dos PDS do ATProto, a jogada inteligente da galera do BlueSky foi exatamente conseguir centralizar numa rede pra conseguir base de usuários
August 7, 2025 at 1:31 PM
okay, aparentemente o suporte ao Fediverso do Threads não suporta receber interações de volta, tava testando com minha sobrinha

eu sabia que a implementação tinha limitações, mas ainda não sabia quais eram
August 6, 2025 at 3:07 PM
quero um mini pc pra usar de servidor 😔
August 6, 2025 at 3:01 PM
okaaay, descobri a existência do Cloudflare Tunnel e muitas ideias me vieram a mente, definitivamente vou usar isso pra colocar serviços no ar antes de botar na VPS, e com certeza alguns serviços vou preferir por rodar localmente mesmo do que lá, principalmente serviços de […]
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August 6, 2025 at 12:35 PM
ok, depois de mto lutar com SMTP gratuito, acabei optando por pagar 10 conto a mais na hostinger pra ter um configurado

agora consegui ativar o role de inscrição e comentários do Ghost👌kkkkk
August 6, 2025 at 3:09 AM
nessa onda de self-hosting e blogs, to descobrindo uns blogs bem bacanas de uma galera BR, tá valendo a pena

to tentando listar alguns em um blogroll
August 5, 2025 at 10:46 PM
precisando real dar uma enxugada nas minhas redes
August 5, 2025 at 3:49 PM
Teste de postagem
August 5, 2025 at 2:33 AM
Descentralize
De uns anos pra cá eu noto uma crescente em relação a adoção de programas e serviços de código aberto em diversos âmbitos da tecnologia. Na área de jogos, que é a que acompanho mais de perto, temos diversas ferramentas que se não são abertas, disponibilizam pelo menos seu código fonte mesmo que de forma limitada. A Unreal é um belo exemplo disso, é um produto da gigante _Epic Games_ , porém tem seu código disponível uma vez que você consiga fazer parte do "Time de Desenvolvedores da Epic" no GitHub. Aqui é importante eu de cara fazer uma diferenciação entre _Software Livre_ e _Código Aberto (Open Source)_ , os movimentos possuem filosofias bem diferentes. O Software Livre advoga em favor da liberdade do uso do software para os mais diferentes propósitos, é um movimento que para além de filosofia de software, é político também. Muitos confundem com um movimento comunista, mas se trata de um movimento _libertário_ , é um movimento que segue bastante no sentido do "uso irrestrito" do software. Um software para ser livre precisa para além de ter seu código aberto, também permitir a modificação e a distribuição dessas mudanças, e qualquer software subsequente oriundo dessa mudança deve continuar a garantir esses direitos, a licença deve sempre se manter aberta nos produtos derivados. Diferente do Open Source que é mais sobre a disponibilidade do código do projeto, se é acessível ou não, mas que não pretende garantir nenhum desses direitos de distribuição. Um software pode ter seu código aberto mas não permitir suas distribuição ou uso indevido, porém para ser livre um programa **deve** ter seu código aberto. O ponto é que independente da filosofia, eu acredito de verdade que esse é o modelo de desenvolvimento de software que tende a se sobressair e dominar o mercado, não por uma questão moral, mas simplesmente pela sua efetividade. Modelos abertos sempre serão mais efetivos que modelos fechados a longo prazo. A crescente do Linux no Desktop nos últimos anos com iniciativas como a Valve com a Steam, de trazer o público "gamer" para o Pinguim; e o descontentamento com várias decisões da Microsoft em relação ao Windows por parte de seus usuários, mostra bastante isso. O Windows já há tempos não traz grandes inovações, está preso em um ciclo vicioso de ser popular simplesmente por ser popular. Inclusive hoje o próprio Windows tem uma camada de compatibilidade com o Linux, dada a sua preferência por parte de usuários mais técnicos. Mas isso se tratando somente de Desktop, pois quando falamos de sistemas de dispositivos processados no geral, já é o Linux que domina o mercado como um todo. ## Descentralização da Internet Indo nesse sentido da liberdade de uso e do controle sobre o que estamos utilizando, surge também o movimento para descentralização da internet, o tal do Web3, que propõe exatamente a devolução da propriedade dos dados para seus usuários, nós mesmos, os retirando das mãos grandes empresas. Isso a partir de uma estrutura de confiança baseada em código, das blockchains, você já deve ter ouvido falar desse termo principalmente quando se fala de criptomoedas como o BitCoin. Porém no âmbito das redes sociais também vieram acontecendo movimentos de migração das plataformas hegemônicas, com a popularização e monopólio das redes sociais e de informação por parte das Big Techs, uma preocupação que vem crescendo é em relação aos dados dos usuários que essas empresas acumularam no decorrer dos anos. Não é nenhum mistério para nós que esses dados coletados são a principal fonte de renda dessas empresas, são uma mina de ouro. Empresas de marketing digital que querem maior eficiência na hora de vender produtos, tendo essas métricas disponíveis nas plataformas podem filtrar exatamente o seu público alvo, baseando-se em idade, gênero, localidade, entre outros parâmetros. Vivemos no capitalismo, então é inevitável desses dados virarem mercadoria. O problema é quando isso deixa de ser uma ferramenta mercadológica para virar um estrutura de poder; como foi o caso com alguns escândalos com a Meta e a venda de dados de usuários, ou acusações de influenciar ativamente no resultado das eleições presidenciais americanas através da dinâmica das redes. Então para as diversas polêmicas que tivemos recentemente relacionadas à Fake News, adicione agora o uso desses dados no treinamento de IAs generativas e a difusão cada vez maior de vídeos gerados por IA com estruturas bem precárias de checagem de fatos dentro dessas plataformas. No Instagram já conseguimos conversar com representações de figuras públicas e personagens fictícios através da IA; e não possuímos filtro algum sobre o que nosso está sendo utilizado. Temos páginas de "fatos curiosos" usando IA para gerar engajamento em cima de conteúdo tendencioso e falso. Hoje as redes mais consumidas no mundo com certeza são as da Meta (Instagram, WhatsApp e Facebook), porém por todos os lados estamos cercados de redes proprietárias (X, YouTube, TikTok, ...). Para onde correr então? ## Fugindo do Controle dos Dados Não consigo enxergar outra forma de fugir desse controle se não for pelo boicote a essas empresas, é ingênuo pensar em qualquer regulamentação que emancipe nossos dados nesse sentido; porém também é ingênuo pensar que qualquer migração em massa dessas plataformas venha acontecer do dia para a noite. O que tivemos de mais próximo nesse sentido foi a migração de diversos usuários do X (antigo Twitter), para as plataformas BlueSky e Threads; não sendo no entanto a primeira das ondas. Tudo bem que o X é um caso a parte, pois desde a mudança das políticas devido a compra da plataforma pelo bilionário Elon Musk a rede já vem sofrendo uma certa insatisfação. Ainda que comparado às grandes redes o valor seja irrisório, o BlueSky alcançou mais de 20 milhões de novos usuários em alguns meses, e o mais empolgante da plataforma é exatamente o seu caráter não centralizado (pelo menos não totalmente). É possível hospedarmos nosso próprio servidor de dados (Personal Data Server, ou PDS) para utilizar no BlueSky, desse modo esses dados ficam mais "seguros" estando sob nosso controle. Fazendo a ressalva aqui de que a plataforma ainda não é totalmente aberta, então alguns usuários ainda assim preferem o uso do Mastodon. O que se a preocupação aqui for exatamente a segurança e liberdade dos dados, é algo compreensível. Ainda assim eu pessoalmente enxergo como uma vitória para o modelo descentralizado, vamos ver até onde. A ideia da descentralização aqui não reside somente na ação individual de você em sua casa ou por meio de uma VPS hospedar um serviço próprio, mas sim de advogar em favor dos próprios governos abrirem suas próprias instâncias de serviços descentralizados. Trazer esses dados para mais perto. A China é um dos maiores exemplos de nação que corre em prol de uma soberania digital, eles tem suas próprias tecnologias que são usadas em larga escala dentro de todo (ou pelo menos boa parte) do país, fazendo inclusive o próprio imperialismo estrangeiro se incomodar como no caso do banimento do TikTok dos EUA. Um caminho que o Brasil poderia tomar, e outros países inclusive já estão fazendo esse movimento, é exatamente aproveitar dessas tecnologias abertas para ir em sentido a uma emancipação digital. A China mesmo não estruturou tudo do zero, ela faz um uso forte de tecnologias livres, principalmente o Linux, que é um projeto essencial para toda a estrutura da internet, praticamente tudo hoje roda em um Linux, seu Android, o servidor que hospeda esse site, muito provavelmente até o sistema do seu smartwatch. A União Europeia também vem fazendo movimentos de adotar o Linux em órgãos públicos para fugir da hegemonia de sistemas fechados como Windows e MacOS. O problema principal com as redes sociais é, bem, exatamente seu fator "social", são necessários usuários para fazê-las vingar, ninguém quer falar sozinho; mas como fazer isso em um mundo digital dominado por Meta e Alphabet? ## Redes Descentralizadas e o Fediverse Aqui acho interessante fazer uma distinção. Dentro dessa questão da descentralização, temos os conceitos de _redes descentralizadas_ e da _internet descentralizada_. O segundo conceito meio que engloba o primeiro. Redes descentralizadas são as ferramentas/protocolos prontos que utilizamos para fazer uso das redes, como o Mastodon, o Pixelfed, ou o próprio BlueSky. A internet descentralizada é mais a ideia, o conceito geral de sair de dentro dessa estrutura atual de internet onde nossa interação é mediada por provedores ou grandes empresas que mantém nossos dados de refém ou podem espionar nosso tráfego, o objetivo é que uso da internet se torne algo mais distribuído. Dentro dessa ideia das redes descentralizadas, o objetivo é que as redes não fiquem isoladas entre si, mas que pessoas no Mastodon possam seguir pessoas que só tenham Pixelfed e vice e versa, são redes que se comunicam entre si. Porém para essa intercomunicação acontecer, é necessário que uma linguagem em comum seja criada entre elas, esse seria o protocolo _ActivityPub_ , e associado a ele, o conceito de _Fediverse_ , que seria exatamente essa grande rede onde todas essas tecnologias estão conectadas e conseguem se enxergar. Pelo ActivityPub ser um protocolo aberto, o implementar em sua aplicação te deve fazer enxergar o Fediverse, e com mais algum esforço também se fazer ser visto. Recentemente a própria Meta implementou o protocolo dentro do Threads, porém com uma interação de certo modo limitada. O BlueSky também está fazendo um movimento nesse sentido de se fazer compatível com o ActivityPub, mas aqui o buraco é um pouco mais em baixo. Pois o principal produto do BlueSky não é a plataforma de microblogging, mas sim seu protocolo descentralizado, o _AT Protocol_ , que seria exatamente uma alternativa ao ActivityPub, e é aqui onde alguns usuários se afastam um pouco, pois apesar de ser uma rede federada que se divide em diferentes módulos, sendo esses módulos possíveis de serem hospedados por conta própria. O serviço do BlueSky em si continua sendo centralizado, é diferente do que vemos no Mastodon com diferentes instâncias de servidores se comunicando entre si. O blogs puros são modelos de rede muito mais difíceis de centralizar. Quem vivenciou sua era de ouro deve se lembrar, era tudo muito mais espalhado e com diversos padrões, cada página com sua forma e conteúdo distintos. Os blogs acabaram se dissolvendo por entre as outras redes sociais, diria que exatamente pela falta de centralização (olha que ironia) da forma de consumir seu conteúdo. Quem consumia blogs mais assiduamente já deve ter chegado a usar um leitor de RSS para visualizar o conteúdo de diferentes blogs em um mesmo feed. O uso de blogs então se dissolve, Facebook para textos longos (o famoso "Textão do Facebook"), o Instagram para fotos e o Twitter para interações curtas e rápidas, os chamados microbloggings. Trazendo o bônus exatamente da interação rápida com as pessoas que te seguem por meio de likes e comentários, e a difusão de sua opinião na rede de maneira quase orgânica. É exatamente nesse sentido que eu vejo esperança nas redes descentralizadas, que é a intercomunicação dos mais diversos formatos de "blogging", que são as redes sociais, trazendo junto esse fator de interação e compartilhamento, que é o que faltava nos blogs. As redes sociais proprietárias saíram na frente nesse sentido, elas acumularam uma enorme base de usuários e conseguiram montar seus ecossistemas próprios. Essa intercomunicação que as redes federadas conseguem só pode ser atingida por meio de monopólio nas redes proprietárias, pelo menos no cenário atual. As empresas não irão abrir mão do controle dos seus dados para operar em cima de um protocolo descentralizado e aberto, o que vemos é exatamente uma busca por esse monopólio, é o que a Meta vem tentando fazer com suas redes (Facebook, Instagram e Threads) e agora com o seu Metaverso. A maioria dos usuários não gostam de ter muitas contas, gostam de praticidade. Ao passo que também é comum para a maioria das pessoas usarem umas 3 ou 4 redes sociais no máximo, de tipos diferentes. Sendo as principais com certeza Facebook, Instagram e TikTok, estou tirando o WhatsApp dessa conta pois eu considero um modelo de chatting, como o MSN ou o Discord, onde não existe bem um Feed global, vai muito mais em cima de interações particulares. Facebook e Instagram compartilham a mesma conta, agora o Threads também. Fora eles, temos YouTube, TikTok, Kwai, X e Pinterest como principais redes sociais. Com exceção do YouTube e agora do TikTok, nem todas as pessoas terão contas ativas nas outras redes. Mas é isso, temos a Meta dominando dois formatos diferentes de blogging e disputando por um terceiro. O formato de vídeos longos como hegemonia da Alphabet. Vemos a dissolução das plataformas de microblogging; pois não vejo futuro para o X a longo prazo, então eu acredito que os usuários tendem a se dissolver cada vez mais entre BlueSky e Threads. As plataformas de vídeos curtos como Kwai e TikTok também foram uma grande surpresa, a jogada de trazer uma plataforma focada em vídeos curtos fez o Instagram se movimentar para criar o Reels e o YouTube o Shorts. Isso mostra novamente sobre a potência do imperialismo chinês nessa disputa pela soberania digital, e também reforça o modus operandi dessas plataformas que é a de replicar recursos da concorrência, foi exatamente o que o Instagram fez inicialmente com o Snapchat, antes de sua compra e seu sufocamento. Dito isso, como sair dessa hegemonia e começar a integrar essas redes sociais alternativas? ## Como participar do Fediverse? O modo mais fácil de você integrar a "internet descentralizada" sem precisar hospedar nada em um servidor é participando de alguma plataforma _federada_ e integrar o Fediverse, acho que o Mastodon é o melhor representante. Existem algumas outras plataformas interessantes, mas que admito que comparado as plataformas proprietárias equivalentes, algumas delas tem bem menos recursos. Ou melhor, talvez sua experiência seja bem mais "pura", já que a ideia principal não é estimular o uso, com algoritmos que nos jogam conteúdo personalizado ou incentivo ao consumo de likes; mas sim de simplesmente conectar as pessoas. Algumas das principais alternativas que posso citar: * Mastodon, plataforma de microblogging, alternativa ao X (antigo Twitter) * Pixelfed, plataforma de compartilhamento de fotos, alternativa ao Instagram * Friendica, plataforma de textos longos, imagens, albuns, alternativa ao Facebook * PeerTube, plataforma de videos longos, alternativa ao YouTube * Lemmy, plataforma de agregador de links, alternativa ao Reddit O interessante é exatamente o que falei sobre essa intercomunicação entre elas, com uma conta do Pixelfed eu consigo ver e seguir uma conta do Mastodon e ver seu conteúdo, até mesmo curtir e interagir, tudo a partir do ActivityPub. Assim cada usuário pode escolher a rede que mais lhe interessa, sem a necessidade de criar uma conta em outro serviço para ter um certo nível de interação com seus usuários. ## Quanto ao AT Protocol? O AT Protocol por mais que tenha toda a polêmica de ainda estar nas mãos de uma empresa privada, também é muito interessante e tem um enorme potencial, inclusive eu acho sua proposta talvez até mais promissora que a do ActivityPub. Tudo opera basicamente em cima de uma lógica de você hospedar não uma instância do serviço completo, como acontece no Mastodon ou no Pixelfed, mas sim hospedar somente partes dele, sendo o principal seu próprio servidor de dados, o chamado PDS (Personal Data Sever), e sua manipulação é toda feita a partir do AT Protocol. Então por exemplo, eu posso ter contas em diferentes servidores do Mastodon, cada uma com suas informações próprias. A desvantagem aqui é exatamente a questão da migração, seus dados meio que estão associados àquele serviço, não é tão simples migrar de uma instância para outra (não sei nem se é possível uma migração completa). O BlueSky vai em outro sentido, eu não precisaria ter uma uma conta do Pixelfed e outra do Mastodon, por exemplo, eu poderia a partir da mesma conta do meu BlueSky acessar diferentes serviços, como um serviço Instagram-like como o flashes.blue, ou uma plataforma de textos longos, como o WhiteWind, mantendo meus dados centralizados no meu PDS. O interessante aqui é exatamente um mundo ideal onde governos e instituições públicas hospedem seus próprios servidores e estruturas de moderação. Mas é esse o principal motivo de eu achar a forma como o AT Protocol opera na chamada ATmosphere mais interessante do que a forma como opera o Fediverso, os dados não ficarem atrelados à uma instância da rede é algo que proporciona uma integração muito mais poderosa entre diferentes serviços, necessitando somente de "App Views" diferentes para modificar a forma como esse conteúdo é exibido na tela. O próprio BlueSky é isso, é um frontend que serve como "prova de conceito" para o protocolo, ele consome o conteúdo dos servidores firehose que cospem esses dados dos usuários coletados dos PDS; não a toa temos diversos clientes alternativos, como o deck.blue, o graysky, ou o tokimeki, que conseguem consumir o mesmo conteúdo, porém os exibindo de outra forma. ## Centralize suas informações, tenha um domínio! Aqui é uma dica que deixo principalmente para quem sente a necessidade de ter uma presença online. Por mais que você utilize rede social X ou Y como principal meio de trabalho, é sempre interessante centralizar suas informações gerais. É muito comum vermos o uso de sites como o linktr.ee para juntar todos seus links importantes em uma única página, minha sugestão aqui vai no sentido da compra de um domínio online para se afastar um pouco da dependência de serviços de terceiros. Por exemplo, ao criar um linktr.ee, você deve receber um endereço "linktr.ee/minha_pagina", esse provavelmente é o link que você vai compartilhar toda vez que quiser divulgar seu trabalho. Mas digamos que por algum motivo o linktr.ee deixe de oferecer seus serviços, ou por qualquer motivo o serviço venha a falhar, sua página simplesmente deixará de existir, e a URL que nunca foi sua também se vai junto. Uma solução prática de ter um domínio próprio é exatamente essa, você pode criar um linktr.ee e ao inves de divulgar o link direto para a sua página, você pode configurar o seu domínio para apontar para ele, uma vez que qualquer problema venha acontecer com o sistema, basta você redirecionar o domínio para qualquer outra página de seu interesse. Você pode até mesmo organizar tudo em subdomínios, um "links.meusite.com.br" que redireciona para um linktr.ee e um "blog.meusite.com.br" que leva para uma página estática do GitHub, por exemplo. No registro.br é possível adquirir um registro "alguma_coisa.br" por valores bem acessíveis (menos de 80 reais por 2 anos). Uma vez adquirido, você pode apontá-lo para qualquer endereço que ache interessante de divulgar. É interessante exatamente por funcionar como uma identidade virtual, seu domínio fica associado ao seu CPF, é legalmente seu. ## Hospede um Site Estático A outra alternativa interessante é a de hospedar um site estaticamente, você pode usar isso aliado a um domínio próprio. Hoje em dia existem soluções gratuitas q te dão direito a um pequeno espaço virtual para você hospedar seu site. Pra quem é desenvolvedor e já possui uma conta no github o GitHub Pages é uma solução interessante, ele vai te garantir um endereço "usuario.github.io", além da possibilidade de transformar mais de um de seus repositórios em páginas estáticas. Porém eu recomendo o neocities, que é voltado para a hospedagem de sites estáticos mas possui um indexador próprio que te permite tanto ser descoberto quanto descobrir novos sites dentro da plataforma, então é mais interessante para quem quer participar de uma comunidade. Outra iniciativa interessante é a da IndieWeb, que ao contrário das outras não é um serviço que permite a hospedagem, ela pressupõe que você já possui um site hospedado e com um domínio próprio. É bem parecido com o Neocities no sentido de juntar os sites em uma mesma rede, mas o foco é na descentralização. Então os próprio usuários é que fazem as pontes entre um site e outro, bem similar ao que acontecia com blogs ou em Tumblrs, com links diretos para sites parceiros ou de amigos seus, com a diferença de que a IndieWeb também te permite jogar para sites aleatórios dentro da própria rede, seu site também pode fazer parte disso uma vez que esteja configurado. Isso é muito simples de fazer, com uma ou duas linhas a mais de código no seu index.html já deve ser o suficiente. ## Considerações Finais Esse movimento pela descentralização da internet, das redes sociais, das redes de informação e comunicação no geral, é um movimento que ainda está engatinhando no mundo todo. Quando se fala em Brasil principalmente, ainda somos extremamente dependentes de tecnologias americanas, já saíram diversas notícias nos alertando sobre isso, que o brasileiro é o povo que mais consome redes sociais no mundo. A emancipação digital é um movimento antes de tudo político, devemos buscar trazer esses dados para mais próximo de nós. Com a liberdade que as redes federadas nos dão podemos muito bem começar com atividades individuais, como hospedar nossas próprias instâncias do Lemmy (como o lemmy.eco.br) ou instâncias do Mastodon (como o bolha.one e o ursal.zone) e popular o fediverso, mas ideia principal aqui é a de pressionar os governos e instituições públicas a abrirem as suas próprias instâncias e as utilizarem efetivamente como meio de centralização das comunicações. Fugir da centralização e do controle das redes proprietárias, fugir dessa estrutura de poder. * * *
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August 5, 2025 at 3:00 AM
Textos de Filosofia Social e Política
Esse semestre eu paguei a disciplina de _Filosofia Social e Política,_ que é uma das matérias introdutórias do curso de Filosofia às suas áreas distintas, no caso aqui a _Filosofia Política._ Junto da Lógica, é uma das áreas que mais me desperta o interesse. É uma disciplina que o próprio conteúdo é instigante, pois é onde nós conseguimos ver a gênese do pensamento político. Hoje, exatamente por perder esse elo da origem do pensamento, é que vemos muitas pessoas falando de política numa mera reprodução de discurso (principalmente liberal/neoliberal), como se fosse tudo natural _._ Na filosofia, vemos que essa própria "naturalidade" da forma de ser do homem é um pensamento que é passado adiante pela tradição filosófica, é algo construído, isso é muito interessante. Nessa disciplina obviamente não tivemos tempo para nos aprofundar nos autores estudados, e muito menos tivemos tempo para ver outros pensadores que não fossem os já consolidados na ementa do curso, que geralmente são os hegemônicos na maioria dos cursos. Como na maioria das disciplinas dos cursos de graduação, Filosofia Política também é dividida em 3 unidades, onde em cada uma delas, estudamos autores diferentes. ## Primeira unidade Na primeira unidade, começamos com _Aristóteles_ e _Nicolau Maquiavel_ , estudamos sobre o estatuto de política para cada um deles, sobre a natureza humana e sobre quem é que tem o direito de fazer política (como sempre, homens com algum capital econômico/social). Disso nos foi proposto escrever um trabalho destacando e comparando os pensamentos dos dois autores segundo o seguinte enunciado: 1. Considerando o homem como “naturalmente feito para a sociedade política” (Aristóteles, 2006, p.14) explique o pressuposto ético da natureza humana e as diferentes ordens da virtude, contemplando os seguintes elementos: (a) a concepção organicista da sociedade política; (b) a organização da família e da cidade; (c) a natureza do Bem como finalidade de toda ação e o Bem da cidade; (d) a condição indissociável entre a parte e o todo; (e) os diferentes gêneros de virtude na composição do Estado (Cidade). Valor: 5,0 2. Qual o estatuto da natureza humana nas ordens da concepção do Bem em Aristóteles e Maquiavel considerando as respectivas perspectivas: (a) da “lei natural”; (b) da “verità effetualle”. Valor: 2,0 3. Descreva o estatuto da distinção entre as ordens moral e política no “Principe” de Maquiavel considerando as noções: (a) de “verità effetualle”; (b) de “virtú”; (c) de “fortuna”. Valor: 3,0 PDF File ## Segunda unidade Na segunda unidade, nós estudamos os _contratualistas_ , ou pelo menos os principais deles, _Thomas Hobbes_ , _John Locke_ e _Jean Jacques Rousseau_. O pensamento dos três é caracterizado como _contratualismo_ exatamente pela natureza do mesmo, de que há uma diferença entre o homem no estado de natureza para o homem civil, e que essa passagem é sempre marcada por um contrato social entre os homens. O trabalho sugerido foi exatamente o comparativo entre o pensamento dos três autores, destacando suas semelhanças e diferenças. Acerca do contratualismo em Hobbes, Locke e Rousseau disserte e compare nestes autores: 1. A natureza humana e o estado de natureza. 2. A origem e os termos do pacto. 3. O caráter do Contrato e os estatutos da Sociedade Civil e do Estado. 4. A condição da propriedade na ordem civil. PDF File ## Terceira unidade Por fim, finalizamos com dois autores mais próximos da contemporaneidade, que são _Karl Marx_ e _Michel Foucault_ , a temática principal do trabalho foi da concepção de poder para ambos, que é o elemento principal que une o pensamento dos dois autores, porém não se limitando a isso. Acerca das concepções de poder e de sociedade em Marx e Foucault disserte sobre estes autores: 1. A concepção do poder. 2. As perspectivas de continuidade e descontinuidade histórica. 3. A caracterização da sociedade. 4. A diferença dos estatutos da revolução (Marx) e da resistencia (Foucault). PDF File * * *
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August 5, 2025 at 12:35 PM