Emannuel Costa
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Emannuel Costa
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Researcher. Urban Trends, Place Branding, Strategic Foresight, and other randomness | He/Him/His | Posts in 🇧🇷/🇬🇧
Compra um moedor e um quilinho do orfeu, agradece depois
October 16, 2024 at 12:37 AM
Efeito rebote da polarização?
October 7, 2024 at 3:23 PM
E além disso parece que houve “empate técnico” em muitas regiões, especialmente periféricas. Até pensando nisso, trouxe 50 centavos de ideia aqui:

bsky.app/profile/eman...
"Como pode tanta gente votar no Pablo Marçal?" Um estudo de 2017 da Fundação Perseu Abramo sobre as percepções e valores políticos na periferia de SP responde (e não, não é um fio sobre "comunicação"):
fpabramo.org.br
October 7, 2024 at 3:01 PM
Por isso que eu dormi em cima da análise, acordei, digeri-a com o café da manhã e só então arrisquei:

bsky.app/profile/eman...
"Como pode tanta gente votar no Pablo Marçal?" Um estudo de 2017 da Fundação Perseu Abramo sobre as percepções e valores políticos na periferia de SP responde (e não, não é um fio sobre "comunicação"):
fpabramo.org.br
October 7, 2024 at 2:49 PM
É menos sobre comunicar e mais sobre escutar. São as pessoas que precisam "comunicar" o que elas pensam, sentem e querem - e elas estão desesperadas por alguém que as ouça. Tão desesperadas que um sujeito como o Pablo Marçal conseguiu capturar a simpatia delas. É por isso que tanta gente votou nele.
October 7, 2024 at 2:44 PM
Me parece que o Marçal, à sua moda, teve duas coisas que ainda faltam aos segmentos progressistas: 1) empatia para entender as coisas ditas e não-ditas, e 2) coragem para dialogar com essas percepções sem tabu. Vejo muita gente cobrando "comunicação", mas a questão é anterior a isso:
October 7, 2024 at 2:44 PM
Valores religiosos tem mais a ver com a organização da vida comunitária e do trabalho do que com ideologia "pura". Nas palavras dos autores, "Política também é vínculo, acolhimento e identidade – as igrejas nas periferias proporcionam isso". Vocês não vão acreditar, mas o discurso do Marçal também.
October 7, 2024 at 2:43 PM
Aqui as palavras-chave são: servo, missão e prosperidade. O Marçal sempre flertou com os jargões religiosos mas nunca se colocou como carregador de bíblia. E nem precisava mesmo: uma das concusões do estudo da FPA é que o voto religioso não é, necessariamente, um voto conservador. Como assim?
October 7, 2024 at 2:43 PM
Amarrando todos esses pontos em três papos retíssimos: "Eu sou servo do povo" / "Ser perfeito não é um sonho, é uma missão" / "Como prefeito, eu vou te dar trabalho e você vai prosperar". Quando ele não esteve ofendendo ou provocando adversários nos debates, essa foi a mensagem que ele deixou claro.
October 7, 2024 at 2:43 PM
A interpretação mercantil da esfera pública: o estudo mostra que as pessoas confiam mais em políticas de impacto financeiro (ex.: Bolsa Família, Passe Livre etc.) do que em leis e direitos. E aqui, galera, não tem como falar outra coisa: o Marçal capitalizou DIREITINHO em cima disso... Sabe como?
October 7, 2024 at 2:43 PM
O estudo mostra que as pessoas tendem a tomar a noção de "público" como sinônimo daquilo que é "de graça". E como se diz por aí: "se é de graça, deve ser ruim". Eu acho que o 'campo democrático' precisa parar para pensar na mais capitalista dessas consequências, que é nosso quarto ponto:
October 7, 2024 at 2:43 PM
Sim, são discursos vazios e irreais. Porém, para essas pessoas, a mera intenção de subverter o sistema é mais importante do que chegar lá de fato. Sabe o que figuras como Marçal, Milei, Trump, Doria etc. tem em comum? A maestria em confundir o que é público e o que é privado no discurso político.
October 7, 2024 at 2:43 PM
Porque - este é o terceiro ponto - elas retroalimentam a descrença nas instituições e players da política. O estudo revela que políticos tradicionais são vistos como corruptos e o Estado é o grande inimigo do trabalhador. É nessa janela que candidatos outsiders emergem prometendo "limpar o sistema".
October 7, 2024 at 2:42 PM
Esse estudo é do início de 2017, época em que Bolsonaro era apenas um deputado ganhando visibilidade nacional, mas longe de ser um quadro real. Contudo, parte da sua ascensão se deve justamente à imagem de "capitão do povo" que pegou com força nas pessoas à época... Mas por que essas coisas colam?
October 7, 2024 at 2:42 PM
Dentre exemplos citados de "Vencedores" que são admirados estão João Dória Jr., Silvio Santos e, pasmem, LULA. Sim, o estudo conclui que a figura do Lula é, por vezes, mais admirada como um exemplo de ascensão social do que em função das políticas que seus governos implementaram. E aqui eu vou além:
October 7, 2024 at 2:42 PM
Segundo o estudo da FPA, figuras e lideranças com este background tendem a parecer mais honestas aos olhos das pessoas e se distanciam o suficiente dessa construção torta de imaginário do establishment político - e aqui começa a loucura: isso vale tanto para "outsiders" como políticos de carreira.
October 7, 2024 at 2:42 PM
E isso leva ao segundo ponto: projetar a imagem do "Vencedor" é mais importante do que ser um, de fato. Apesar de todas as pataquadas coach e a condenação na justiça, a imagem que cola em Marçal entre este eleitorado tem a ver com ele ser um batalhador e "gente como a gente".
October 7, 2024 at 2:41 PM
Porque embora consciência de classe seja afrodisíaca para a classe média intelectualizada, fora dessa bolha, o que mobiliza desejos e sonhos não é compartilhar a posição de classe, mas se espelhar em "quem deu certo" - exatamente como o Marçal se colocou a campanha inteira.
October 7, 2024 at 2:41 PM
Uma das principais conclusões desse estudo é que a noção de ascensão social está ligada à força de vontade e ao trabalho. Em outras palavras, a esquerda oferece discurso de resistência, mas o que as pessoas realmente estão comprando é o discurso de resiliência. Por quê?
October 7, 2024 at 2:41 PM