Anseio pelo silêncio, seja dos hipócritas seja dos sábios
Jogo-me no oceano do meu ser
O mundo subaquático parece mais silencioso

Minhas profundezas
Iludo-me com sons do mais profundo mundo azul
Expectativa, o silêncio calmo

O "tique-taque" dos pensamentos
O ímpeto de cenários dolorosos
O "projetar-se" para proteger-se

Eu não quero mais prever momentos
Não me apetece antecipar roteiros
Não me agrada sentir a peça fora de bilheteria

Quero gritar ao mundo que eu consegui tornar malicioso
Quero gritar, na esperança que o eco me retorne:
"Você é uma pessoa boa"

(...)

Derrubei as barreiras que nem o doutor soube responder a razão de existirem
Construí edifícios concretos feitos de dúvidas
Abdiquei das suposições por cansaço mental

Melhorar-se, cobrar-se, constantemente
É cansativo sempre buscar respostas, sempre buscar o erro em qualquer lugar
Evitá-lo

Devo sentir culpa, devo tornar sujo
Se todos foram/são superficiais, maliciosos e decadentes
Esse também deve ser para ter sentido

Forço-me a me enganar
Ou forço-me a tornar vazio
Busco no sentido sujo a resposta que não encontro em no sentido puro

Assim, em silêncio
Mato o superficial, o malicioso e o decadente
E, decepcionante, ainda se abrem brechas da luxúria

Luxúria não intencional
Pinto de malícia o que não havia visto nesse tom "vermelho sujo"
Dou aos meus olhos a lente da luxúria, para sentir culpa

Cenas repetidas não significam conhecimento absoluto
Experiências, ditam análises
Afetos desmembrados na mente, antes mesmo de serem materializados

Problemas superficiais assassinados antes de terem vida
Mato em silêncio, melhoro de boca fechada
Evito, evito dores e desconfortos

O que chegasse, chegaria maliciosamente enganador
Como já chegou
Cuidar do que estava quebrado, nunca foi conexão

A ilusão do afeto, a péssima decisão
E como foi simples entender e me despir da ilusão
Bastou a negação clara, o desconforto da premonição do risco

A poesia me toma, ao menos um pouco, a angústia das palavras não ditas

Adormeço meus pensamentos, tão constantemente virados em energéticos não consumidos
Desinteresso-me pela música, pelo oceano, pelo desenho
Mas ainda agarro-me à poesia, pois engulo os meus pensamentos para um lugar muito profundo

Desaprendi a ouvir o outro lado da vida
Bruxa confusa
A leitura das cartas do mundo estão escuras pela queda da autoconfiança

Talvez, eu tenha entendido o recado
Mas, perdão
Eu não entendi o objetivo

Algo em mim morreu, para algo nascer
Desconheço essa nova existência
Sequer reconheço como uma nova versão poderia nascer disto

Durmo em busca de paz
Adormeço em pesadelos, em sonhos com supostas mensagens
Recados do outro mundo ou meros recados do meu inconsciente?

Recomeço com peças que desconheço
Desabafo em silêncios estrondosos
Espero em angústias revoltantes, desesperadoras

Quero vomitar as dores que me engasgam
Explodir o seu choro preso que me racha a cabeça
Rasgar o peito dos sentimentos que me obrigo a implodir