Vai nevar em BH ❄️❄️

Em meio ao caos, o time esquece que o futebol também é feito de espera, de contemplação, daquilo que ainda não foi, mas que se anuncia.

O toque de bola rápido e o passe longo são tentativas de encurtar o tempo, mas o que se perde é justamente o tempo do gesto, da calma antes da decisão.

Deleuze diria que falta o "acontecimento", aquele devir que não é pura ação, mas a possibilidade de algo se desdobrar. O Atlético vive o jogo como uma linha reta que não se permite dobrar.

Um passe que se apressa e se perde, uma finalização que chega sem o preparo. É um time que esquece que, às vezes, o vazio entre as ações é o que dá sentido ao movimento.

O Atlético joga assim: de forma vertical, direta, quase brutal. A busca pela vitória é uma compulsão, mas, ao invés de êxtase, frequentemente encontra o erro, a precipitação.

É a exaustão do corpo e da mente que nunca encontram repouso, pois o repouso, essa pausa que permite o respiro, é um luxo para quem corre desordenadamente para um objetivo incerto.

Esse jogo acelerado é a expressão de uma sociedade que já não sabe mais parar, já não conhece a pausa, o intervalo produtivo. Byung-Chul Han descreve bem isso na "sociedade do cansaço".

Na busca incessante por um futuro que se quer no presente, como uma ejaculação precoce, como uma criança que bate os pés para que a sobremesa chegue antes da refeição.

Como Deleuze e Guattari escreveram, é um movimento de desterritorialização contínua, uma linha de fuga que não encontra descanso. A bola mal sai dos pés e já é chutada para frente.

Todas as operadoras têm que morrer