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Mais de 380 auditores fiscais do trabalho paralisaram suas atividades em protesto após ações do ministro do Trabalho, Luiz Marinho, beneficiarem empregadores que foram flagrados pelos fiscais mantendo trabalhadores em condições análogas à escravidão. Os auditores consideram que o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) tem vivido sob um “regime administrativo de exceção” que fragiliza o combate à escravização e assedia moralmente os funcionários públicos. No documento em que comunicam a paralisação, os auditores citam ao menos três interferências do ministro, chamadas avocações, em processos que haviam concluído pela inclusão de empregadores na Lista Suja do Trabalho Escravo. Entretanto, fontes ouvidas pela **Agência Pública** alertam que o número pode ser maior, já que o ministro colocou as decisões a respeito das avocações sob sigilo. O caso mais conhecido envolve a JBS Aves, que foi retirada da lista após Marinho decidir pela reavaliação do processo que envolvia a empresa pela consultoria jurídica do ministério, o que não é parte do trâmite normal para inclusão de um empregador no cadastro. De acordo com os auditores, a ação do ministro é inédita e cria uma instância recursal administrativa extra e que não atende aos critérios técnicos de Inspeção ao Trabalho. Entre as justificativas para a avocação, um parecer da Advocacia-Geral da União (AGU) citou a “relevância econômica” da empresa envolvida. A **Pública** revelou que a ação fez com que todos os coordenadores estaduais de combate ao trabalho escravo deixassem seus postos. Na última terça-feira, 2 de dezembro, a Justiça do Trabalho determinou que a JBS Aves e as outras duas empresas sejam incluídas imediatamente na lista suja. A decisão argumentou que houve tentativa do governo federal de barrar a divulgação dos nomes por motivos políticos e econômicos, e não com base em critérios técnicos ou legais. O MTE afirmou que recorrerá da decisão. No documento em que comunicam a paralisação, os auditores classificam as avocações como “indevidas” e criticam a declaração de sigilo em relação às análises do ministério. Os funcionários públicos também ressaltam que a “dispensa de publicidade” dos atos “é incompatível com o Estado Democrático de Direito”. Os auditores afirmam que não realizarão “novas operações de fiscalização de combate ao trabalho escravo em âmbito nacional e regional”, mas que as operações já iniciadas serão concluídas. Como condições para o retorno ao trabalho, eles pedem a anulação ou suspensão dos efeitos das avocações, a garantia formal de que nenhum auditor sofrerá retaliação e a abertura dos processos sigilosos para escrutínio público. “Esse movimento é em resposta ao recrudescimento que está ocorrendo por parte do Ministro do Trabalho na autonomia da inspeção do trabalho e nas ações dos auditores fiscais do trabalho”, explicou à reportagem o auditor e membro da coordenação executiva nacional da Associação Nacional de Auditores Fiscais do Trabalho (Anafitra), Mário Diniz. ## **Interferência do ministro resultou em anulação e auditores denunciam assédio moral** Outra interferência de Marinho envolve a empresa baiana Santa Colomba, cujos seguranças privados algemaram, agrediram, e trancaram um trabalhador em um quarto, conforme revelado pelo Brasil de Fato. Como o processo está sob sigilo, não é possível acessar a conclusão da consultoria jurídica do ministério sobre o caso. No caso que envolve a Associação Comunitária de Produção e Comercialização do SISAL (APAEB), entretanto, um documento obtido pela **Pública** indica que a consultoria do MTE concluiu “nulidade absoluta” dos autos de infração que haviam baseado a inclusão da APAEB na Lista Suja do Trabalho Escravo ainda em 2024. Ou seja, após a avocação, o processo e a punição foram extintos. Na carta de informe do protesto, os auditores afirmam que, após a decisão, o caso foi enviado à Corregedoria, “configurando ameaça direta e criminalização da atividade técnica regular” dos fiscais. “Os auditores estão em choque com essa atitude do ministro, que não aconteceu nem nos regimes de exceção, nem no governo anterior e nem no governo que se organizou depois da deposição da presidente [Dilma Rousseff]”, afirmou Diniz. O documento assinado pelos auditores que aderiram à paralisação concluiu que “a realidade apresentada, para além das flagrantes ilegalidades demonstradas, possui claros indícios de prática de assédio moral e institucional contra a categoria”. Além de já terem apresentado uma Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) ao Supremo Tribunal Federal (STF), que aguarda análise do magistrado que substituirá o ex-ministro Luís Roberto Barroso, os auditores também pretendem levar o caso à Organização Internacional do Trabalho (OIT).
apublica.org
December 4, 2025 at 10:35 PM
“A lei é uma evolução que esperávamos há muito tempo”, afirma Alice Bianchini, doutora em Direito Penal e especialista em violência de gênero. Ela se refere à regulamentação da Lei n.º 14.717/2023 que estabelece uma pensão especial aos filhos e dependentes, crianças ou adolescentes, órfãos em razão do crime de feminicídio. A partir deste mês, os beneficiários começam a receber um salário mínimo até os 18 anos de idade, caso a renda familiar por pessoa não ultrapasse um quarto do salário mínimo vigente. Crianças e adolescentes filhos de mulheres vítimas de feminicídio são considerados vítimas indiretas porque, se não sofrem a violência diretamente, são afetados pelo resto da vida por desamparo financeiro e cicatrizes psicológicas. “A criança é vítima direta da violência psicológica, não só quando acontece a morte, mas também por crescer em um ambiente violento que traz traumas e consequências diretas para ela”, avalia a advogada. No ano passado, 1.459 mulheres foram mortas por feminicídio, o maior número desde o início da lei que criou o tipo penal, em 2015. Apesar de não haver dados oficiais sobre quantas eram mães, o Fórum Brasileiro de Segurança Pública estima que cerca de 2 mil crianças se tornam órfãos do feminicídio por ano no Brasil. ## Por que isso importa? * O número de feminicídios no Brasil bateu recorde em 2024 desde o início da série histórica em 2015, com crescimento de 19% em relação ao ano anterior. Só no estado de São Paulo, no primeiro semestre deste ano, 21 mulheres foram vítimas desse tipo de crime na média mensal. Apesar de a nova lei brasileira ser considerada um avanço por tratar do aspecto financeiro, ainda há falta de efetividade na prestação de atendimento psicossocial na avaliação de especialistas. Uma pesquisa publicada na Revista do Ministério Público do Rio Grande do Sul em 2024 analisou 34 processos de casos consumados no Distrito Federal entre 2016 e 2017. Segundo o estudo, os crimes tiveram “imenso impacto” na vida dos filhos, com quadros de automutilação, regressão do comportamento, retraimento e pesadelos. Apesar de fazer parte do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), a previsão de acompanhamento psicológico muitas vezes não é comunicada aos familiares. “Embora altamente recomendável para esse tipo de crime, poucas famílias informaram ter recebido oferta de acompanhamento psicológico pelo Estado”, relata a pesquisa. Alice Bianchini também afirma que a falta de apoio é comum nos casos que acompanha. Para ela, o Estado deveria fazer busca ativa para o atendimento, do mesmo jeito que já acontece com as rondas da Lei Maria da Penha. “É importante que os serviços também tragam essas informações assistenciais, para que os familiares saibam os seus direitos”, afirma. Para a jurista, o Estado precisa ter mecanismos maduros para garantir que as crianças continuem acessando a escola e que o novo lar, geralmente elas passam a morar com algum familiar do lado materno, seja seguro para elas. Já a pensão especial tem o objetivo de fazer uma reparação econômica para as crianças e adolescentes que não raro se tornam órfãos duplos – tendo em vista que, em muitos casos, o autor do crime é o próprio pai, que depois é preso, foge ou se suicida. O último relatório da ONU Mulheres mostra que, em 2023, 60% dos feminicídios no mundo foram cometidos por um parceiro íntimo ou membro da família. Além disso, boa parte das crianças está presente no momento do crime. Segundo o DataSenado, 71% dos casos de violência contra a mulher tiveram testemunhas, e, desses, sete em cada 10 eram filhos. De acordo com o Fórum de Segurança Pública, um quarto das agressões sofridas por mulheres no ano passado aconteceu na frente dos filhos. O benefício aos órfãos segue as regras da Previdência Social. Caso a mulher deixe mais de um filho, a pensão é dividida entre os irmãos. Não pode haver acúmulo com outros programas sociais do governo federal, ficando a cargo do responsável escolher qual é o mais vantajoso. ## **Feminicídios chocam país durante a semana** Casos de feminicídio em que crianças e jovens acabam se tornando órfãos não são raridade no Brasil. Isabele Gomes de Macedo vivia sendo agredida pelo marido na comunidade de Icauã, em Recife. Aguinaldo José Alves foi descrito por vizinhos como um homem “bonzinho e simpático”, mas dentro de casa “era um monstro”. Quando bebia, descontava na esposa e nos filhos, de 7, 4, 3 e 1 ano de idade. As crianças iam para a janela pedir ajuda, mas os vizinhos fingiam não ver. No último sábado, 29 de novembro, Aguinaldo colocou fogo na casa com a família dentro. Todos morreram queimados, menos o homem, que foi linchado e preso em flagrante. O caso de Isabele foi apenas um entre outros feminicídios que chocaram o país nos últimos dias. Mas ela não foi a única mãe entre as vítimas da violência de gênero no período. A pedagoga Allane Pedrotti Mattos, morta a tiros por um homem no Rio de Janeiro que se recusava a ser chefiado por mulheres, tinha uma filha de 13 anos. Em Santa Catarina, uma mulher só não foi morta a facadas pelo marido porque o homem foi impedido pelo filho, de cinco anos. ## **No mundo, legislação ainda é recente** Apesar da gravidade, poucos países têm legislação sobre o assunto, e mesmo as leis existentes são relativamente recentes. Um dos primeiros países a instituir uma pensão do tipo foi a Argentina, em 2018. A legislação argentina foi batizada de Lei Brisa em referência à Brisa Barrionuevo, uma menina que tinha dois anos quando a mãe foi assassinada pelo padrasto e teve o seu corpo jogado em um rio da província de Buenos Aires. Ela e os irmãos ficaram desassistidos e tiveram que ir morar com uma tia, que não tinha condições financeiras para mantê-los. Pela lei, ela e outras 5 mil crianças e jovens tinham o direito de receber auxílio mensal e acompanhamento de saúde previstos até os 21 anos, segundo o governo argentino. Porém, com a chegada do ultraconservador Javier Milei ao poder, não só a Lei Brisa entrou em risco de ser suspensa, mas também houve ameaça de retirar o feminicídio do Código Penal, sob o argumento de que “nenhuma vida vale mais que a outra”. Além da Argentina, Itália, Bolívia, Costa Rica, Chile, Peru e Uruguai já aprovaram legislações que preveem amparo para filhos de vítimas de violência doméstica.
apublica.org
December 4, 2025 at 10:27 PM
Dono da JBS vira pau-mandado de Trump na chantagem à Venezuela.
- bshpvo
https://horadopovo.com.br/dono-da-jbs-vira-pau-mandado-de-trump-na-chantagem-a-venezuela/
#capa
horadopovo.com.br
December 4, 2025 at 9:44 PM
horadopovo.com.br
December 4, 2025 at 9:40 PM
Governo sabia da bizarra missão de Joesley Batista para pedir renúncia de Maduro | 04.12.
- bsjones
https://www.youtube.com/watch?v=BmNo2SzIEjY
December 4, 2025 at 8:50 PM
Coreia do Norte: Mitos e Verdades | O MUNDO É UM MOINHO | 04/12/2025.
- bstvggn
https://www.youtube.com/watch?v=yogEc1tyVac
December 4, 2025 at 8:22 PM
_Protesto em frente ao Congresso Nacional, durante votação da nova lei de agrotóxicos, que deu poderes extras ao Ministério da Agricultura e Pecuária para a liberação de venenos. Crédito: Evaristo Sá/AFP_ _Por Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida Do Brasil de Fato_ A cada ano, no dia 3 de dezembro, Dia Mundial de Luta Contra os Agrotóxicos, atualizamos o balanço, frequentemente negativo, sobre os avanços do agronegócio e das empresas agroquímicas em nosso país. Há mais de uma década, lamentavelmente, o Brasil figura no topo da lista dos maiores consumidores desses produtos. Dedicamos esse dia à conscientização sobre os perigos desses produtos para a saúde humana e o meio ambiente, além de um momento oportuno para fazer o debate sobre a necessária transição agroecológica que o Brasil necessita, evitando, portanto, que se repita o desastre de Bhopal, Índia, onde em 3 de dezembro de 1984 um vazamento de gás em uma fábrica de agrotóxicos matou milhares de pessoas, dando origem à efeméride. Comumente chamados de “insumos”, esses venenos foram fundamentais para o desenvolvimento do atual modelo agrícola, mas pelo menos desde a publicação de Primavera Silenciosa, de Rachel Carson, em 1962, conhecemos os perigos destas substâncias para a saúde humana e o meio ambiente. Neste ano, tivemos uma vitória no Brasil. Após dez anos de negociações e mobilizações da sociedade civil, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, finalmente assinou o decreto de criação do Programa Nacional de Redução de Agrotóxicos – Pronara. A iniciativa, construída através da pressão dos movimentos populares, prevê medidas de restrição ao uso dos agrotóxicos mais perigosos, além de aprimorar a fiscalização da produção, comercialização e uso desses produtos. Também propõe medidas de apoio à agroecologia, como o estímulo à produção de bioinsumos e o fortalecimento da assistência técnica e extensão rural (ATER) voltada para a agricultura familiar, camponesa e tradicional, visando disseminar métodos de produção sustentável. A assinatura do decreto do Pronara representa um marco simbólico fundamental: é o reconhecimento do Estado brasileiro de que o uso de agrotóxicos deve ser reduzido. Contudo, é necessário avançar urgentemente na sua implementação, diante de um cenário cada vez mais preocupante. Um relatório produzido pela ONG _Public Eye_ e pelo _Unearthed_ , do Reino Unido, revelou que em 2024, os Estados-membros da União Europeia (UE) aprovaram a exportação de quase 122 mil toneladas de agrotóxicos cujo uso é proibido em suas próprias fazendas. Isso representou um aumento de 50% na comparação com as 81 mil toneladas notificadas em 2018. E o Brasil é um dos principais destinos desses produtos, junto com outros países do Sul Global. Na América do Sul, por exemplo, o uso de agrotóxicos mais que dobrou nos últimos 20 anos, ultrapassando os níveis de consumo desses produtos na Europa, segundo a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO). Aqui, os agrotóxicos são usados na produção agrícola, mas não só isso. O último relatório anual da Comissão Pastoral da Terra (CPT) sobre conflitos no campo revelou que, somente em 2024, mais de 17 mil famílias brasileiras foram vítimas de uma verdadeira guerra química no campo, produzida sobretudo pelo uso de drones para pulverização aérea de venenos. Os alvos são quilombolas, camponeses, assentados da reforma agrária e indígenas e os responsáveis, em muitos casos, invasores interessados em expandir suas fronteiras agrícolas. Com isso, além da agressão vil a populações indefesas, o atual modelo de produção agroalimentar, quimicamente dependente, tem produzido uma explosão de doenças crônicas e tipos de cânceres relacionados à intoxicação com agrotóxicos, sobrecarregando o Sistema Único de Saúde (SUS), que registrou mais de 124 mil intoxicações por agrotóxicos entre janeiro de 2013 e junho de 2022, segundo o boletim epidemiológico do Ministério da Saúde, divulgado em 2023. Na contramão da ciência, o Congresso Nacional, dominado por setores do agro, vem impondo derrotas substantivas aos defensores da alimentação saudável. Em 2023, acrescentou no texto da reforma tributária, a constitucionalização da redução de 60% em impostos federais para “insumos agropecuários”, cuja definição foi objeto de lei complementar, incluindo os agrotóxicos. Essa política promove um verdadeiro incentivo de seu uso, quando, ao contrário, deveriam discutir a criação de um imposto seletivo para que, a exemplo do tabaco e de bebidas alcoólicas, contribua para a redução do consumo dessas substâncias. O tema é questionado no Supremo Tribunal Federal (STF). Sem falar na última lei que versa sobre o tema, de dezembro de 2023, que enfraqueceu o papel dos órgãos reguladores, como a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama) nos processos de liberação de novos produtos, fortalecendo o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) como o “dono da caneta”. O Brasil acaba de sediar a 30ª Conferência do Clima da Organização das Nações Unidas – COP 30 – em que o país tomou a dianteira das discussões sobre a necessária transição energética, mas onde lobby do agronegócio atuou fortemente em defesa de seus próprios interesses, como revelado por um relatório publicado pela Fase – Solidariedade e Educação, em parceria com o portal _De Olho nos Ruralistas_ , denominado “A COP dos Lobbies”. Sendo assim, não é demais reafirmar que não há sério enfrentamento às mudanças do clima sem que esse debate seja enfrentado. Nós, da Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida, trabalhamos para ampliar o debate com toda a sociedade e pressionar os poderes públicos a tomarem decisões que signifiquem mudanças concretas que persigam o objetivo de ofertar à população brasileira uma alimentação saudável, livre de venenos, onde a vida no campo, nas florestas e nas águas não seja ameaçada pelos agrotóxicos. E assim, seguimos. _*Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida é uma rede de organizações da sociedade que tem como objetivo denunciar os efeitos dos agrotóxicos e do agronegócio, e anunciar a agroecologia como caminho para um desenvolvimento justo e saudável da sociedade._ _**Este é um artigo de opinião e não necessariamente representa a linha editorial do**Brasil do Fato**._ _Editado por: Luís Indriunas_ * Whatsapp * Facebook * Twitter * Copy
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December 4, 2025 at 8:09 PM
_A programação teve início com um momento de saudação, marcado pela presença de educadores, profissionais de saúde e integrantes de projetos comunitários vinculados ao SUS. Foto Clara Aguiar_ _Por Clara Aguiar | Porto Alegre (RS) Do Brasil de Fato_ A 1ª Mostra de Agentes de Educação Popular em Saúde do Rio Grande do Sul foi realizada na manhã desta quarta-feira (3), no anfiteatro da Escola de Enfermagem e Saúde Coletiva da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), em Porto Alegre. O encontro teve como objetivo apresentar os resultados do processo formativo que, ao longo deste ano, capacitou 400 agentes na região Sul por meio do Programa de Formação de Agentes Educadores e Educadoras Populares de Saúde (AgPopSUS). Aberta ao público, a atividade reuniu estudantes e profissionais da enfermagem, lideranças comunitárias, pessoas interessadas em saúde coletiva e representantes das turmas formadas no estado. O público pôde compartilhar experiências, desafios e aprendizagens acumuladas durante o percurso formativo, evidenciando a amplitude e o impacto do programa nos territórios. A programação teve início com um momento de saudação, marcado pela presença de educadores, profissionais de saúde e integrantes de projetos comunitários vinculados ao Sistema Único de Saúde (SUS). A abertura celebratória preparou o ambiente para as reflexões que se seguiriam, ressaltando a força coletiva que sustenta a educação popular em saúde. Ivone Oliveira, coordenadora do AgPopSUS no Rio Grande do Sul pelo Movimento de Mulheres Camponesas (MMC) e integrante da Irmandade Santa Izabel, em Vacaria — município localizado no nordeste do estado — compartilhou o seu sentimento ao ver os trabalhos expostos na mostra. Ela conta que se emocionou. “Já comecei a chorar quando vi as companheiras e os companheiros montando a sua tenda ali para apresentar o resultado disso tudo. Porque é uma vitória muito grande dentro desse mundo da resistência que nós vivemos. Então, eu estou com muita alegria em dizer isso: que nós estamos aqui para dizer que educação popular vale a pena, e que a gente constrói o SUS, e que a gente constrói a saúde coletiva gratuita, de qualidade, para todo mundo, num processo educativo.” _“Eu me emociono. Já comecei a chorar quando vi as companheiras e os companheiros montando a sua tenda ali para apresentar o resultado disso tudo”, comenta Oliveira. Crédito: Clara Aguiar_ #### **Educação Popular para transformar** A diretora da Escola de Enfermagem e de Saúde Coletiva da UFRGS, Virgínia Moretto, ressaltou o compromisso da universidade com a educação popular e com a defesa do SUS: “Nós acreditamos na educação popular. Nós acreditamos em toda forma de educação. A Ufrgs é uma universidade inclusiva, é uma universidade democrática e é uma universidade que abre as portas. Ainda mais com colegas que estão engajados com as questões de promoção de saúde, de engajamento dos povos”. Moretto também destacou que 2025 marca um ano simbólico, pois a a Escola de Enfermagem e Saúde Coletiva, da região Sul e do Brasil, completa 75 anos no dia 4 de dezembro. Em sua fala, reforçou a importância da defesa da universidade pública e da democracia, mencionando o impacto das eleições do próximo ano para a preservação dessas iniciativas. “Estou aqui absolutamente comprometida e sempre abri as portas para esse tipo de evento. Porque a universidade é pública e a gente quer manter essa universidade desse jeito: pública. Mas este ano, nós temos que celebrar porque nós consolidamos a democracia neste país. E vocês sabem por que eu estou falando isso. Porque os generais que antigamente perseguiram pessoas, perseguiram colegas meus da universidade, hoje estão presos. Então, eu quero dizer para vocês a importância do ano que vem nas eleições, para a gente manter essa universidade pública e democrática”, complementou. _A mostra teve como objetivo apresentar os resultados do processo formativo que, ao longo deste ano, capacitou 400 agentes na região Sul. Crédito: Clara Aguiar_ Fabiana Damásio, diretora da Fiocruz Brasília, e Osvaldo Bonetti, coordenador do AgPopSUS e do Núcleo Angicos da Fiocruz Brasília, participaram do evento por meio de vídeos enviados, nos quais saudaram os presentes e destacaram a importância do programa para o fortalecimento da Educação Popular em Saúde no país. Damásio destacou a relevância do encontro como síntese do trabalho coletivo desenvolvido nos territórios. Em sua mensagem, ela afirmou a importância do momento de organização e visualização das práticas. “Nos dá a dimensão de quais foram os impactos que nós, juntos e juntas aqui, coletivamente, conseguimos construir nos territórios. E que será a base para a construção de outras possibilidades de formação.” Segundo ela, a mostra é a síntese da experiência marcada pelo compromisso com o SUS. “A gente tem a dimensão da magnitude desse projeto tão potente e presente no território. Falamos de juventude, de feminicídios, da realidade da soberania alimentar e combate à fome, falamos de racismo e também de outros temas, como mudanças climáticas e desastres ambientais, e vimos a potência que é cada um de vocês que contribuíram para que o AgPopSUS se tornasse essa realidade.” Já Osvaldo Bonetti trouxe a saudação e o agradecimento enquanto Fiocruz, instituição que segundo ele “tanto tem contribuído com a saúde pública brasileira, nos seus 145 anos de história, que tem uma marca nesse processo de conquista que é a Educação Popular em Saúde”. Ele destacou a “intensidade” e a “potência” do programa AgPopSUS, “que está junto do processo de retomada da nossa Política Nacional de Educação Popular em Sáude”. Bonetti agradeceu ao governo federal e ao presidente Lula pelo investimento contínuo na política de democratização do SUS e deixou uma mensagem de solidariedade e reconhecimento aos educadores populares. Destacou que o trabalho representou um gesto de ousadia, apostando em uma inovação que resultou no “maior processo de formação da educação popular já existente no Sistema Público de Saúde”. Lembrou ainda que muitos atuaram sem a estrutura necessária ou retaguarda adequada, “porque realmente foi um processo de ousadia institucional e de cada um desses educadores”. **Em defesa do SUS** _“O SUS é do Brasil, é um sistema universal”, afirmou a presidente do Conselho Estadual de Saúde do Rio Grande do Sul (CES/RS), Inara Ruas. Credito: Clara Aguiar_ Representando a superintendente do Ministério da Saúde no estado, Maria Celeste, Lisandra Flores esteve presente no evento e reafirmou a importância do programa: “O AgPopSUS é necessário, esse é um momento tão importante que a gente não pode deixar de registrar que representa uma reafirmação dos princípios que fundamentam o SUS. A saúde nasce do encontro de saberes, territórios e lutas.” Em nome da superintendente, lembrou que durante a pandemia de 2019 muitas ações dos movimentos sociais populares “foram fundamentais para salvar vidas”. Agradeceu ainda às coordenações, educadoras, educadores, conselhos e aos agentes, que contribuíram “dedicando seu tempo, sua energia e fé dentro dos cursos”. _Ressaltando o papel dos movimentos sociais, Daiane Stefani, da coordenação nacional do AgPopSUS, reiterou: O foco do AgPopSUS, sobretudo, é essa iniciativa dos movimentos sociais populares. Crédito: Clara Aguiar_ Daiane Stefani, da coordenação nacional do AgPopSUS, ressaltou o papel dos movimentos sociais e explicou que o foco do programa nasceu das iniciativas dos coletivos populares, que antes não eram atendidos. Segundo ela, a partir da demanda está se construindo a Educação Popular em Saúde em territórios periféricos, urbanos, aldeias. Destacou ainda que, no Rio Grande do Sul, há inclusive uma turma formada por imigrantes, o que demonstra como o projeto “consegue construir educação popular em diversos territórios, nessa pluralidade”. Stefanilembrou que o processo não foi simples. Disse que esteve no estado em julho de 2024, durante a formação e seleção das turmas, e que o período “foi muito desafiador, foi bastante cheio”, marcado pela reconstrução do cuidado nos territórios. Por isso, ver o que os participantes realizaram desde então é, segundo ela, motivo de grande gratificação e emoção. _Aberta ao público, a atividade reuniu estudantes e profissionais da enfermagem, lideranças comunitárias, pessoas interessadas em saúde coletiva e representantes das turmas formadas no estado. Crédito: Clara Aguiar_ A enfermeira e presidente do Conselho Estadual de Saúde do Rio Grande do Sul (CES/RS), Inara Ruas, trouxe provocações às turmas ao abordar o avanço das propostas de privatização do SUS, institucionalizadas pela Agência Brasileira de Apoio à Gestão do SUS (AgSUS) e pelo chamado SUS Gaúcho — programa lançado pelo governador Eduardo Leite e pela titular da Secretaria da Saúde (SES), Arita Bergman. De acordo com as autoridades, o programa tem como objetivo unir esforços para reduzir filas de espera por consultas e cirurgias, facilitar o transporte de pacientes entre municípios e qualificar o atendimento nos pronto-atendimentos, entre outras prioridades. “A gente tem que fazer política. Embora estejamos num governo progressista — e a gente quer continuar num governo progressista — esse é um papel fundamental para vocês, educandos, que vão atuar aqui no Sul: o SUS é do Brasil, é um sistema universal. Então, não existe SUS gaúcho, gente. Isso é uma estratégia de marketing, é marqueteiro, é até uma questão de falta de ética. ‘Quanto tempo o senhor esperava essa cirurgia? Agora o senhor conseguiu.’ Então, essas questões a gente tem que fazer a crítica, estar atentos”, disse. _“Esse programa é muito importante para levar aos nossos territórios o nosso SUS na sua melhor forma”, afirmou a assentada do MST Isabel Cristina. Foto: Clara Aguiar_ #### Movimento poopulares celebram o programa A agente Isabel Cristina, do assentamento da reforma agrária Filhos de Sepé do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), localizado em Viamão (RS), afirmou: “Em nome dos movimentos, eu quero dizer para vocês que é uma grande responsabilidade. Esse programa é muito importante para levar aos nossos territórios o nosso SUS na sua melhor forma. Nos mostrou que muitas das nossas educandas não tinham noção exatamente de como é o processo do SUS. E, a partir desse processo, desse acompanhamento que veio para os nossos territórios, a gente pode empoderá-las. Eu falo ‘elas’ porque a minha turma é essencialmente feminina. Eu sei que tem outras turmas que são mistas, mas a minha turma lá do assentamento, a turma Araucária, é essencialmente de mulheres. Então, a gente trouxe essa ferramenta. O AgPopSUS trouxe esse empoderamento.” André Mombach, do Programa de Formação Paul Singer, destacou a articulação das formações populares para a construção da democracia. “Quero trazer um abraço muito caloroso do Programa de Formação Política dos Agentes de Economia Popular e Solidária, que atuam também nos territórios, nessa construção, na articulação das iniciativas associativas, cooperativas de trabalho e renda.” Mombach explicou que o programa está na metade do primeiro ano da tarefa de entrar e se enraizar nos territórios, construindo junto aos movimentos populares das comunidades mais distantes. Disse que a política dos Agentes Populares de Saúde e dos Agentes de Economia Solidária incorpora uma missão expressa por Gilberto Carvalho, secretário nacional de Economia Popular e Solidária: “uma missão de construir, de reconstruir a democracia, a participação social, a participação popular nos territórios mais afastados. A gente tem essa capacidade. E fico muito feliz que esse programa seja gestado e construído pelos movimentos sociais e populares”. _O público pôde compartilhar experiências, desafios e aprendizagens acumuladas durante o percurso formativo, evidenciando a amplitude e o impacto do programa nos territórios. Crédito: Clara Aguiar_ Rodrigo de Oliveira Azevedo, representante do Grupo Hospitalar Conceição (GHC), trouxe reflexões sobre o processo de educação popular: “Fazendo uma reflexão sobre a importância de nos reconhecermos como sujeitos de direitos: nos reconhecermos como sujeitos; cada um olhe para si mesmo. E, quando nos olhamos, não olhamos só para nós, olhamos também para as nossas culturas, para o nosso território, para a nossa história, e reconhecemos que temos direitos, assim como temos compromissos com todas as outras pessoas. Então, essa é uma hora de celebração, de festa, é uma hora de conclusão, mas não de encerramento”. #### Reflexões A mesa “Educação Popular em Saúde e Participação Social”, que teve como objetivo debater o papel da educação popular na construção de práticas de cuidado capazes de aproximar profissionais e comunidades, ampliando o diálogo e fortalecendo a autonomia dos territórios, reuniu também a educadora popular da Escola GHC, Ana Lúcia da Costa Maciel, e a enfermeira e educadora popular vinculada ao MMC e ao MST, Scheila Alves. Ambas compartilharam experiências ao longo do processo de formação dos agentes e destacaram que, além da dimensão pedagógica, o programa garantiu condições fundamentais — como alimentação e diárias para deslocamento — que asseguraram a permanência e o engajamento dos educandos durante todas as etapas. Elas reforçaram que essas ações foram decisivas para fortalecer o vínculo das participantes com a formação e para criar um ambiente verdadeiramente democrático e acolhedor. _A mesa “Educação Popular em Saúde e Participação Social” teve como objetivo debater o papel da educação popular na construção de práticas de cuidado capazes de aproximar profissionais e comunidades. Crédito: Clara Aguiar_ Ao descreverem as metodologias adotadas, enfatizaram o papel das dinâmicas da educação popular, especialmente a construção coletiva de objetivos enquanto agentes promotores de saúde. Os encontros priorizavam a participação ativa, a escuta sensível e a elaboração conjunta de saberes, sempre orientados por temas geradores. Outro eixo central do processo formativo foi o reconhecimento dos territórios: educandos e educandas foram incentivados a observar suas comunidades, identificar conflitos e potências locais e compreender de maneira aprofundada o contexto em que atuam. Segundo elas, o movimento de ida ao território, aliado às práticas dialógicas, consolidou a formação como um processo vivo, crítico e enraizado na realidade comunitária. No período da tarde, ocorreu a Mostra das Turmas, momento em que os agentes apresentaram experiências, metodologias e ações desenvolvidas ao longo da formação, além de receberem certificados. A atividade reuniu relatos de projetos comunitários, vivências territoriais e iniciativas voltadas à promoção da saúde, o fortalecimento do protagonismo das comunidades e o tratamento mais humanizado do SUS. _Editado por: Marcelo Ferreira_ * Whatsapp * Facebook * Twitter * Copy
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December 4, 2025 at 8:02 PM
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