Algo de natural morre cada vez que um pássaro é convencido de não poder voar.

Num término amoroso, o que deprime é muito mais que a perda do outro. É a queda da ilusão de onipotência, a ilusória certeza de ser totalmente desejado.

Como bons neuróticos que somos, abraçamos nossas fantasias e nos deixamos ser convencidos por elas.

Os pássaros ofendem quem não sabe voar.

Olhe bem como voam. Os pássaros. Olhe bem como abraçam a liberdade sem consciência dela. Apenas voam. Integrados. Inteiros em sua natureza.

Integração tão bela que ofende a pequenez humana.

O sujeito é fabricado com o material do Outro. Somos assim, um aglomerado de outros.