Gilsinho, intérprete da Portela, será vela na quadra da agremiação
O velório de Gilsinho da Conceição, intérprete da Portela, morto nesta terça-feira, será realizado nesta quarta, na quadra da agremiação, das 9h às 15h. O sepultamento está previsto para as 17h no Cemitério Jardim da Saudade, em Sulacap, na Zona Oeste do Rio. O cantor foi o responsável por cantar o último título da agremiação de Madureira, em 2017, que encerrou um jejum de 33 anos, e emocionou o público com homenagens a Milton Nascimento do desfile da Sapucaí deste ano. Segundo integrantes da escola de samba, o artista passou por uma cirurgia bariátrica no Hospital Cardoso Fontes, na Freguesia, e não resistiu às complicações
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"Obrigada, Gilsinho! Por tudo! Por tanto! A Portela JAMAIS te esquecerá!", diz a legenda da publicação da escola no Instagram. "Gilsinho é alma portelense. Sua voz embalou momentos inesquecíveis, emocionou gerações e marcou profundamente o carnaval do Brasil. Ele representou com maestria a nossa tradição, levando o nome da Portela com respeito, talento e paixão."
A agremiação decretou luto oficial de três dias. Em entrevista ao EXTRA, Bianca Monteiro, rainha de bateria da escola de samba, contou que tentou contato com o amigo nesta terça pela manhã, em vão. Às lágrimas, ela lembrou a ausência de Gilson na última apresentação de sambas. Integrantes da escola acreditavam que ele se recuperaria da cirurgia recente.
— Sabíamos que ele estava internado, mas achamos que ia melhorar. É muito triste. Eu mandei uma mensagem para ele hoje querendo notícias. Muita tristeza — lamentou Bianca.
Esta é a segunda passagem de Gilsinho pela Portela. A primeira delas foi entre 2006 e 2012, quando deu voz ao samba da década ("E o povo na rua cantando... É feito uma reza, um ritual...", conhecido pelo verso "Madureira sobe o Pelô", de 2012). Desde 2016, Gilsinho, que tinha como grito de guerra "É tudo nosso", voltou a ser o titular do microfone portelense, posto que ocupava até hoje.
Torcedor da Portela, Gilsinho é filho de Jorge do Violão, integrante da Velha Guarda da escola. Além da águia de Madureira, com a qual venceu três Estandartes de Ouro (2012, 2019 e 2022) de melhor puxador, o cantor também passou pela Unidos de Vila Isabel. Em São Paulo, também defendeu escolas como a Tom Maior, a Vai-Vai e a Unidos de Vila Maria.
Atual presidente da Liga Independente das Escolas de Samba (Liesa), Gabriel David tratou a morte repentina de Gilsinho como "inacreditável" e agradeceu "por tudo que fez pelo samba". "Sua trajetória está marcada na história, descanse em paz querido artista", escreveu numa rede social.
O prefeito Eduardo Paes, portelense de coração, definiu Gilsinho como o "maestro vocal" da escola. "Como poucos, ele transformava as letras e melodias em uma experiência coletiva", escreveu Paes no X. "Gilsinho vai fazer muita falta ao carnaval carioca! Vá em paz meu irmão!", diz a legenda que ilustra vídeo do último "esquenta" da Portela na Sapucaí, em que, Gilsinho interpretava "Portela na Avenida" (1981), eternizado na voz de Clara Nunes.
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