Dua Lipa recebe Carlinhos Brown e Caetano Veloso, fala português e aposta em show de visual potente, em SP
Foi com 15 minutos de atraso que as projeções de ondas em alto mar, que inauguram o espetáculo visual comandado por Dua Lipa, apareceram nos telões do estadio do Morumbis, na Zona Oeste paulistana. Após as imagens, não demorou muito para que a ango-albanesa de 30 anos surgisse em uma plataforma elevada munida de seu hit “Training Season”, fruto do álbum que deu nome a turnê “Radical Optimism”, até então inédita no Brasil.
Dali, Dua seguiu para a faixa “End of An Era”, também do mesmo álbum, lançado no ano passado, para o qual ela disse ter tido muita influência de britpop (mas que apareceu mesmo com generosas camadas de pop e nu-disco). Na apresentação, que durou quase duas horas, os trunfos da cantora iam além do repertório recheado de sucessos, caso de “Break My Heart”, “One Kiss” (lançada com Calvin Harris) e “Levitating”, e passavam também por meia dúzia de trocas de bonitos figurinos grifados e uma cenografia de ponta (com elevadores, fogos de artifício e labaredas de fogo).
Ao longo da apresentação em solo paulistaiano, a cantora pareceu interessada em enfeitiçar o público brasileiro e, portanto, no momento do show em que costuma cantar músicas originais de cada país que visita, convidou Carlinhos Brown e (logo depois, de surpresa) Caetano Veloso para dividir os vocais na faixa "Magalenha", criação de Brown,— na qual Dua mostrou que estava com o português em dia. Logo depois seguiu para "Margarida Perfumada", do Timbalada, em fluência impressionante. Antes disso, fez um pequeno discurso ao público.
— Muito obrigada por estarem aqui, por todo o apoio desde o primeiro dia — afirmou, num muito bem falado português.
Antes disso, a cantora já tinha oferecido sua dose de simpatia ao acessar os fãs na plateia e perguntar seus nomes, além de distribuir selfies. Uma das fãs, chamada Fernanda, mal podia interagir com Dua Lipa, tamanho nervosismo. Outro, chamado Felipe, disse que a cantora motivou sua primeira viagem internacional, para a Argentina, nas últimas semanas, justamente para ver a mesma turnê. Dua retribuiu com abraços e fotos. Ela voltaria ainda mais vezes para a grade apinhada de fãs para distribuir declarações de amor.
No palco, porém, Dua Lipa deixava a ternura de lado e assumia postura mais incendiária entre caras, bocas e coreografias que a faziam flutuar por entre os corpos de um time de dezenas de bailarinos. Nessa toada, ela mostrou ainda que consegue manter o show no gogó, com apoio dos backing vocals, mas ainda cantando bastante ao vivo. Valeu a pena, portanto, a versão de "Falling Forever", em que ela apareceu sozinha no palco para passear pelas extensões vocais necessárias no refrão.
O público jogou junto, Dua foi prontamente atendida em "Anything for love", quando pediu para que todos acendessem as lanternas dos celulares. Nessa hora, fãs organizados garantiram um espetáculo extra: haviam, anteriormente, distribuído pequenas tiras de plástico (nas cores verdes, amarelas e azul) para um volume impressionante de pessoas na plateia, para que acomplassem na lanterna dos celulares. As pequenas fitas, com transparência, foram capazes de fazer com que cada aparelho brilhasse nas cores da bandeira do Brasil, para surpresa da cantora.
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Mariana Rosário
Foi também um pouco de mérito na platéia o fôlego que teve a canção "Be the one", que ajudou Dua a alcançar o estrelato global, há oito anos. Sabendo a letra de cor, o público acompanhou a artista perfeitamente durante todo o refrão. De acordo com a cantora, essa é a música que ela canta todas as vezes em que sobe ao palco e diz que espera cantá-la a vida toda.
Passadas tantas emoções, faltava só mesmo a faixa "Don't start now", do álbum "Future Nostalgia", cuja pegada disco e dançante não foi apagada pelo difícil tempo de pandemia no qual chegou ao público, ainda em 2020. O gran finale ficou a cargo da mais nova e bastante eletrônica "Houdini". A deixa para que Dua desaparecesse entre uma chuva de papel picado e fumaça, num passe de mágica.