Disse ao @rogeriocasanova.bsky.social que ia tentar fazer um romance bom ao segundo livro — ele disse-me que confiava em mim para acertar nisso ao terceiro ou ao quarto, o que era um elogio até.

Vamos lá ver o que ele acha deste.

Há uma entrevista da Jennifer Egan ao Louisiana em que ela admite o embaraço que sentiu quando analisou os seus romances à luz dos seus sonhos literários juvenis (era chata).

Saber que sofri parecido com uma heroína minha justifica o sofrimento e reforça os passos até aqui.

A discrepância na percepção do romance, na minha intenção — atingir este novo patamar exigiu aprendizagem a curto, médio e longo prazo.

O embaraço que sentia em relação ao fraco suporte técnico do meu entusiasmo está a ser substituído por confiança, ao longo dos anos.

Olhar para este livro e perceber que aterrei de pé, como os gatos, num sítio próximo daquele onde queria chegar…

Isto é mais do que um grande orgulho, é praticamente um flashback dinâmico de livros, pessoas, professores, aprendizagens e todas as horas que enterrei neste sonho.

Quando o Goncalo M. Tavares me deu esta lição, estava longe de imaginar a maturação do meu processo literário fruto das obrigações contratuais e do meu desejo de superação e originalidade.
Mas cada vez mais me parece que a ideia de tema torna a concentração multi-factorial.

Refiro-me sobretudo à capacidade de colocar muitas reflexões diferentes dentro do mesmo projecto.
Uma concentração que é na verdade um ecossistema de ideias. Uma concentração que dá corpo e profundidade às nossas ideias mais intuitivas, que permite encadeá-las e puxar por elas.

Pode ser o prémio Boa Pessoa? Obrigado. 🙏