Gaza: mortos por guerra ultrapassam 70 mil, diz Ministério da Saúde do enclave
O Ministério da Saúde da Faixa de Gaza afirmou neste sábado que mais de 70 mil palestinos foram mortos desde o início da guerra entre Israel e o Hamas, que completou dois anos no dia 7 de outubro. O balanço é registrado em meio a um frágil cessar-fogo mediado pelos EUA, que se mantém em grande parte, mas com ambos os lados acusando um ao outro de violar os termos do acordo.
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Em comunicado, o Ministério da Saúde de Gaza afirmou que o número de mortos na guerra subiu para 70.100. A autoridade sanitária afirmou que, desde que o acordo entrou em vigor em 10 de outubro, 354 palestinos foram mortos por disparos israelenses. O ministério informou que dois corpos chegaram a hospitais de Gaza nas últimas 48 horas, um dos quais foi estava sob os escombros.
O relatório observou que o aumento repentino em relação ao último número de mortes se deve ao fato de que os dados relativos a 299 corpos já haviam sido processados e aprovados pelas autoridades. Diferentemente da Defesa Civil, que conta os corpos ainda não recuperados, a pasta conta apenas os corpos levados para hospitais.
Os números do Ministério da Saúde são citados pela maioria das organizações internacionais e várias agências da ONU, especialmente a responsável pelos refugiados palestinos (UNRWA), que consideram as estatísticas confiáveis.
Cessar-fogo instável
Apesar do cessar-fogo, o território palestino permanece em uma profunda crise humanitária, com sua infraestrutura destruída, milhares de deslocados e a falta de acesso a alimentos e suprimentos. Nos últimos dias, as condições foram agravadas por conta de fortes chuvas, alagando barracas de refugiados e deixando os moradores ainda mais expostos às tempestades de inverno.
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A combinação de frio intenso, inundações e abrigo insuficiente tende a elevar casos de hipotermia, doenças respiratórias e enfermidades transmitidas pela água, no terceiro inverno consecutivo sob deslocamento em massa.
Na última terça-feira, dia 25, relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) afirmou que as ações israelenses em Gaza "minaram todos os pilares da sobrevivência" do enclave. A ONU calcula que são necessários US$ 70 bilhões (cerca de R$ 377 bilhões) para reconstruir Gaza e instou a comunidade internacional a elaborar um plano de "recuperação abrangente" e fornecer ajuda humanitária.
Gaza, destacou o documento, "levará várias décadas para retornar aos níveis de bem-estar anteriores a outubro de 2023".
A guerra no enclave palestino teve início após o ataque do Hamas contra Israel em 7 de outubro de 2023, que resultou na morte de 1.221 pessoas. Naquele dia, combatentes sequestraram 251 pessoas e as levaram para Gaza.
No início do último cessar-fogo, o Hamas mantinha 20 reféns vivos e 28 corpos de prisioneiros mortos. Desde então, o grupo libertou todos os cativos vivos e devolveu os restos mortais de 26 reféns.
Em troca, Israel libertou quase 2 mil prisioneiros palestinos que estavam sob sua custódia e devolveu os corpos de centenas de palestinos mortos.
Na terça-feira, delegações dos países que mediam o cessar-fogo em Gaza se reuniram no Cairo para discutir a segunda fase do acordo, informou um meio de comunicação egípcio. A al-Qahera News afirmou que participaram da reunião os chefes dos serviços de inteligência do Egito e da Turquia, além do primeiro-ministro do Catar, xeque Mohammed bin Abdulrahman al-Thani. A reunião ocorreu dois dias após uma delegação de alto nível do Hamas se encontrar com o chefe de inteligência egípcio, Hassan Rashad, para discutir a segunda fase do acordo.
A segunda fase prevê o desarmamento do Hamas, o estabelecimento de uma autoridade de transição e o desdobramento de uma força internacional de estabilização na Faixa de Gaza.